Dassault fecha acordos prévios para fabricação de caças no Brasil

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Apesar de o governo brasileiro já ter anunciado que a decisão sobre a compra de caças pelo Ministério da Defesa fica para 2012, a fabricante francesa Dassault, preferida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já fechou mais de 50 parcerias com empresas e universidades brasileiras.

Nesta terça-feira, estão sendo fechados oito novos acordos, sendo seis com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com a PUC-Rio, e dois com empresas privadas, incluindo-se a questão da transferência de tecnologia.

Esses pré-acordos, cuja maioria depende diretamente da escolha do Rafale – o avião francês – para a sua execução, podem ser um diferencial na hora da escolha entre os três concorrentes, acredita o representante do Grupo Rafale, Jean Marc Merialdo.

Os Rafale concorrem com o Gripen, da sueca Saab, e com o Super Hornet F-18 americano, fabricado pela Boeing. Merialdo disse ainda que a Dassault está participando de outras duas concorrências para a venda do Rafale, sendo uma nos Emirados Árabes Unidos e outra na Índia.

Segundo ele, a Força Aérea indiana fez uma pré-seleção entre seis candidatos e já descartou justamente o F-18 e o Gripen, que são os concorrentes do Rafale no Brasil. “Isso já é um primeiro sinal de que tudo o que falamos sobre as capacidades do nosso avião e as qualidades da nossa proposta de compartilhamento de tecnologia é verdade”, disse.

Dentro dos acordos de transferência de tecnologia e de apoio a desenvolvimento de fornecedores e treinamento de mão de obra, Merialdo acredita que as contrapartidas ofertadas pela Dassault chegariam a 160% do valor do contrato.

Ele disse que um “bônus” para a negociação seria a possibilidade de a Dassault passar a desenvolver no Brasil elementos do avião Falcon, além de participar do desenvolvimento dos aviões Embraer KC-390, ou até mesmo abrir a atuação no país para aviões não-tripulados.

“Esses projetos até poderiam caminhar de forma independente dos Rafale se o governo brasileiro apresentar outro projeto. Se não, vai ficar ligado ao projeto Rafale”, disse o representante do consórcio no Brasil. Nesta terça-feira, ele participou de rodada de negócios entre empresários franceses e brasileiros, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

FONTE: Valor Econômico (reportagem de Juliana Ennes), via Notimp

FOTO: Dassault

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sergiocintra

Conversas e mais conversas. Tem um militar brasileiro em Grenoble, tentando fazer um curso na area de nano-tecnologia. Advinhem como anda o apoio e acompanhamento do mesmo pelos franceses. Fica ali, pegue lá. A sorte que o cara é safo, e vai fazendo algo muito parecido com o desenvolvimento de um mestrado. Mas apoio – aucun.
Qdo. acordaram aqui, tudo bem bonito, = “pré-acordo” acima mencionado.
Mudança com a família, acomodações, escolas p/ filhos. Se apresentou!
O que v. quer mesmo? É brincadeira!!! Não dão a menor importância e o principal!! ESTAMOS PAGANDO!

asbueno

Como muitos já disseram aqui, tecnologia não se transfere. E isso nem precisa ser dito. Precisamos de caças para treinar e desevolver táticas. Estes precisam ter um valor de aquisição razoável e, principalmente, um custo de manutenção muito bom. Partindo deste ponto, será realmente necessária a falácia da compara com ToT? Sim, sim, eu sei, muita grana equivale a vazamento da mesma para uma série de grupo(s). Como também já foi dito, precisamos de um tampão “zero”. Feito isto, poderiamos partir para um projeto de desenvolvimento, ou mesmo de aquisição, de uma aeronave de uma geração acima da adquirida como… Read more »

Ivan

“Ele disse que um “bônus” para a negociação seria a possibilidade de a Dassault passar a desenvolver no Brasil elementos do avião Falcon…” Foi importante o Sr. Merialdo ter lembrado que a Dassault é fabricante da família de jatos executivos Falcon. Na página da Dassault tem os modelos atuais. http://www.dassaultfalcon.com/aircraft/w_fleet_comparison.jsp?TAG=English Para simplificar vou apenas transcrever o MTOW e o Zero Fuel Weight dos Falcons, os jatos executivos da França: ► FALCON 7X MTOW……… 31.298 kg Empty W…… 18.598 kg ► FALCON 900LX MTOW……… 22.225 kg Empty W…… 14.000 kg ► FALCON 900EX MTOW……… 21.900 kg Empty W…… 14.000 kg ►… Read more »

Justin Case

Concordo, Nunão.

Quem define quais os produtos que são competidores no mercado não são apenas as características dos produtos, mas as dos seus principais clientes.
Abraços,

Justin

Ivan

Nunão, Comparar apenas o peso vazio e peso máximo de decolagem foi uma forma simples de demonstrar que a francesa Dassault e a brasileira Embraer estão no mesmo mercado de jatos executivos. Se compararmos alcance e/ou velocidade de cruzeiro dos Falcons com os Legacy perceberemos que há diferenças na prioridade dos projetos, dentro da visão de mercado de cada empresa. Mas se há alguma dúvida que são concorrentes basta dar uma olhadinha no quadro comparativo que a Embraer mantém no seu site: http://www.embraerexecutivejets.com/portugues/content/aircraft/legacy650_competitive_summary.asp Realmente “a Dassault não deve estar mirando exatamente a Embraer” como fornecedora, mas SIM como concorrente, afinal,… Read more »

Ivan

Justin, Os clientes definem o que pretendem comprar, levando em conta a sua necessidade (ou seu desejo), as características dos produtos oferecidos, as condições de financiamento e outros interesses corporativos. Eles não definem mercado, mas vão ao mercado em busca do que precisam ou desejam. No mercado os concorrentes vão oferecer seus produtos, dando enfase nas suas características que normalmente estão de acordo com o que cada um entende que é mais importante oferecer. Se qualquer um der uma olhadinha no mercado de aviões executivos vai encontrar Dassault e Embraer, entre outros, oferecendo seus produtos. Na dúvida observe a tabelinha… Read more »

Ivan

Segue novamente o link da Embraer com uma planilha comparativa:
http://www.embraerexecutivejets.com/portugues/content/aircraft/legacy650_competitive_summary.asp

As colunas são com os seguintes dados:
– Modelo da aeronave
– Preço de tabela (em milhões de USD)
– Volume da Cabine (pés3 / m3)
– Volume de Bagagem (pés3 / m3)
– Alcance com 4 passageiros (nm)
– Alcance com 8 passageiros (nm)

Sds,
Ivan.

Mauricio R.

Esse “bonus” tá é parecendo alguma desculpa esfarrapada, p/ algo mais importante. Não prescindimos dos franceses p/ desenvolver o KC-390, em nada, nem de sua indústria de aviônicos necessitamos. Aliás na solicitação original da FAB, referente ao F-X 2, consta alguma contrapartida específica, qnto ao projeto da Embraer??? Ou é somente maquiagem, p/ dourar a amarga pílula??? UAV/VANT??? O único design da Dassault, o Neuron, já foi dividido entre seus parceiros europeus. Desenvolver elementos das aeronaves Falcon, dependeria antes de mais nada, de demanda e viabilidade técnico-econômica. Então esse “bonus”, na verdade mais parece cortina de fumaça, desviando a discussão… Read more »

Grifo

Segue novamente o link da Embraer com uma planilha comparativa:
http://www.embraerexecutivejets.com/portugues/content/aircraft/legacy650_competitive_summary.asp

Caro Ivan, bom exemplo. O Legacy 650 foi desenvolvido especificamente para concorrer no mercado de jatos de longo alcance contra o Falcon 2000LX/EX.

Duvido que a Embraer queira colaborar com o seu competidor ajudando o desenvolvimento de um produto concorrente. Para ser justo, o representante da Dassault diz apenas que o desenvolvimento do Falcon seria “local”, sem mencionar a Embraer. Provavelmente se for feito (o que duvido) seria por alguma empresa de capital francês, a famosa transferência de tecnologia “de mim para eu mesmo” à moda Helibrás.

Ivan

Maurício,

Boa lembrança a sua:

“O único design da Dassault, o Neuron, já foi dividido entre seus parceiros europeus.”

Com a Grécia em estado pré-falimentar poderíamos assumir a parte que lhe cabe, tendo em vista sua entrada no programa nEUROn em 2006. Aqui, no AEREO, saiu uma matéria interessante em 16 de abril de 2010:
http://www.aereo.jor.br/2010/04/16/demonstrador-do-possivel-pos-rafale-e-outros-versao-ucav/

“Hellenic Aerospace Industry (HAI, da Grécia), responsável pela fuselagem traseira, tubeira de exaustão e bancada de testes.”

Afinal somos parceiros estratégicos ou o que?

Sds,
Ivan. 🙂

Guilherme Poggio

A notícia é boa, mas ela não deveria estar “no papel” entregue à FAB?

Justin Case

Poggio, boa tarde. As ofertas de offset apresentadas para a FAB contêm um compromisso firme de offset (em valor ou percentual relativo ao fornecimento no contrato comercial). Associado a esse compromisso, existe anexa uma carteira de projetos, estabelecida à epoca da oferta. Essa carteira de projetos de offset não é estática. Ela pode crescer, diversificar, pois não é resultante de um requisito determinado do Governo (não pode ser reduzida em valor e qualidade, é claro). Dessa nova carteira de projetos, que ultrapassa muito o valor do “compromisso”, o Governo deverá selecionar os projetos que mais lhe interessam (sem exigir mais… Read more »

Mauricio R.

As contrapartidas tem que se limitar, obrigatóriamente ao especifícado pela FAB em sua solicitação de proposta.
Qualquer outro oferecimento, tem forçosamente que ser considerado fora desse escopo.