MMRCA: site indiano de defesa destaca superioridade do Rafale na Líbia

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Às vésperas da abertura das ofertas do programa indiano MMRCA, ‘batalha’ na mídia continua. Ontem, mostramos matéria de jornal inglês que fala em superioridade do Typhoon frente ao Rafale nas missões sobre a Líbia. Hoje, é dia de mostrar artigo de site indiano de defesa dizendo o contrário.

 

Rafale “Omnirole” rouba liderança do Typhoon nas operações sobre a Líbia

Enquanto as forças da OTAN empregavam o Dassault Rafale e o Eurofighter Typhoon na guerra contra as forças de Gaddafi na Líbia, detalhes que emergiam de “briefings” das forças aéreas da França e do Reino Unido sobre o uso de seus respectivos caças mostram, segundo artigo do site Defense World, que o Rafale foi avião de ataque primário (no sentido de principal) enquanto que o Eurofighter Typhoon fornecia informações de inteligência por meio de seus pods de de designação de alvos.

Com o final das hostilidades na Líbia, o Rafale e o Typhoon lutam um contra o outro numa disputa da Índia para aquisição de um avião de combate multitarefa de porte médio (Medium Multirole Combat Aircraft – MMRCA), um contrato estimado em 11 bilhões de dólares (aproximadamente 19 bilhões de reais), cujas propostas financeiras deverão ser abertas na primeira semana de novembro.

O Rafale, que até hoje não recebeu nenhuma encomenda internacional, nunca chegou tão perto de encontrar um comprador estrangeiro. O caça da Dassault chegou à seleção final (shortlist) junto com o Eurofighter Typhoon após aproximadamente dois anos de avaliações de caças da Europa, Estados Unidos e Rússia.

Assim que a OTAN anunciou o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre as posições rebeldes em Benghazi, na Líbia, no início deste ano, jatos Rafale e Mirage 2000 cruzaram o Mar Mediterrâneo para atacar alvos militares em solo líbio. Essa ação foi entendida, segundo diversos críticos, como um ato de exibição dos caças franceses para clientes em potencial.

Mais tarde, no Paris Air show realizado em junho de 2011, autoridades da Força Aérea Francesa informaram à mídia sobre o que fizeram os caças Rafale na Líbia, destacando as capacidades “omnirole” do Rafale que foi utilizada no conflito: a realização ao mesmo tempo de missões ar-ar, ar-solo e de inteligência. O Rafale tinha que vasculhar o céu à procura de aeronaves de asa fixa e de asas rotativas (helicópteros), além de posições de mísseis terra-ar das forças de Gaddafi e atacá-los durante a mesma missão. E o perfil da missão sempre tinha que ser modificado durante uma operação, levando em conta novas informações de inteligência sobre o desdobramento ofensivo das forças inimigas.

Os armamentos do Rafale nas operações sobre a Líbia incluíam quatro mísseis MBDA MICA, sendo dois guiados por radar ativo, montados na raiz das asas, e dois guiados por infravermelho (IR),  instalados nas pontas das asas. As cabeças de IR dos mísseis atuavam como sensores furtivos.

Para ataques ao solo, eram empregadas quatro bombas guiadas a laser GBU-12 Paveway 2, da norte-americana Raytheon. Mais de 100 dessas armas foram lançadas por pilotos franceses na Líbia, segundo informações das autoridades francesas. Um pod designador de alvos por laser, instalado sob uma das asas, permitia que os pilotos lançassem suas bombas com precisão. Um canhão Nexter de 30mm completava o armamento do Rafale, para ataques ao solo em curta distância. Em outras missões os caças Rafale também levavam a bomba inteligente da Sagem (AASM), guiada por GPS e INS (inercial). Trata-se de uma bomba guiada autopropelida com um alcance de 60 quilômetros.

A Força Aérea Francesa também disparou 10 mísseis de cruzeiro MBDA Scalp (na foto acima, ocupando os pilones externos das asas de um Rafale), em missões de ataque de longo alcance, conforme revelou um oficial francês. Em contraste, a RAF (Força Aérea Real Britânica) empregou o Typhoon em funções de apoio ao seu avião de combate da geração anterior, o Tornado. Em um “briefing” à imprensa  realizado na semana passada, sobre as operações na Líbia, o marechal do ar Sir Stuart Peach explicou que “a maneira complementar” pela qual os Typhoons trabalharam ao lado dos Tornados, usando seus pods de designação de alvos para fornecer informações adicionais de inteligência e reconhecimento, “foi muito importante”.

Os jatos de ataque Tornado empregaram mísseis Brimstone, desenvolvidos e fabricados pelos britânicos, que se comprovaram como um sistema de armas de classe mundial, conforme declarações de Peach em um informe do Ministério da Defesa do Reino Unido. O míssil Brimstone foi oferecido à Índia como parte do pacote de armas para o programa MMRCA.

Em diferentes coletivas de imprensa, autoridades britânicas teriam dito que o Typhoon realizou 600 missões de combate. Mas, surpreendentemente, não revelaram mais detalhes sobre seu papel ofensivo, no que se refere a alvos inimigos atingidos.  No mês passado, um “briefing” foi dado a altos oficiais da Força Aérea Indiana, sobre as armas utilizadas pelo Typhoon e pelo Tornado. Relatos sobre essa reunião revelaram que o míssil Brimstone foi lançado dos jatos de ataque Tornado GR4, que também lançaram mísseis Storm Shadow para destruir estações de radar e baterias antiaéreas. Não houve menção sobre as armas utilizadas pelo Typhoon (nota do editor do Poder Aéreo: em diversos informes da RAF e do Ministério da Defesa do Reino Unido – um dos vários exemplos pode ser visto clicando aqui – foi revelado que os Typhoons lançaram bombas guiadas da família Paveway em missões na Líbia. Porém, o uso de mísseis Brimstone e Storm Shadow de fato estiveram restritos, nesses informes, ao emprego pelo Tornado)

Um executivo da Dassault que não quis ser identificado disse que Eurofighter Typhoon, que claramente não é adequado para o papel multimissão, realizou, quando muito, funções de apoio nas operações sobre a Líbia.

FONTE: Defense World (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

FOTOS: Força Aérea Francesa (Armée de l’air) e OTAN

Colaborou: Justin Case

NOTA DO EDITOR: repetimos aqui a nota escrita na matéria de ontem, a respeito de reportagem de jornal inglês colocando o Typhoon em posição à frente do Rafale (clique aqui para acessar). O Poder Aéreo publicou matéria com fotos do Rafale, Typhoon e Gripen (clique nos links nos nomes dos caças para acessar), complementando análise publicada no último número da revista Forças de Defesa, com o título “Eurocanards sobre a Líbia: bases pra que te quero“. A primeira página dessa matéria da revista pode ser degustada clicando aqui, assim como os links para adquirir a revista (cuja aquisição também permite o acesso a comentar no Poder Aéreo, Poder Naval e Forças Terrestres).

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Marcelo

é simples, o Typhoon, apesar de seus 4 países desenvolvedores (ou até por causa disso) ainda não está pronto para missões ar-terra. O Tornado foi usado apra designar os alvos das Paveways, os Typhoons foram meros “caminhões” para levar as bombas. 2 anos atrás, isso aconteceu com o Rafale no Afeganistão e foi motivo de piadas por aqui. Nada como um dia após o outro. Segue para quem não viu, um link sobre a particpação de cada ação nas missões de ataque na Libia:
http://www.acus.org/natosource/national-composition-nato-strike-sorties-libya

Marcelo

corrigindo, um link sobre a particpação de cada Nação nas missões de ataque na Libia (o site parece ser da OTAN mesmo):

http://www.acus.org/natosource/national-composition-nato-strike-sorties-libya

Marcelo

Nunão, lembro de ter visto, não sei se foi no DEW line da Flight International, que o pod Litening realmente está integrado ao Typhoon (talvez não em todos da frota), mas devido à falta de pilotos treinados em ataque ao solo, as designações de alvos foram feitas pelos Tornados. De fato, todas as noticias que vi de ataques dos Typhoons haviam Tornados à tiracolo. Talvez no final da campanha, quando a situação já não era tão crítica, eles tenham feito a designação e o ataque. No final da noticia do link que postei, há uma nota que diz que o… Read more »