KFX: Indonésia se prepara para mandar equipe à Coreia do Sul

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Segundo jornal da Indonésia, o país se prepara para fazer decolar seu acordo com a Coreia do Sul para um novo caça, apesar de dúvidas de especialistas

Em matéria publicada nesta terça-feira, 12 de julho, o jornal Jakarta Globe diz que a Indonésia entrou num grande jogo em seu acordo com a Coreia do Sul, e que tem um risco real de terminar em desastre. O aviso sobre essa grande jogada, que visa a construção de um novo tipo de avião de caça, foi dado na segunda-feira por um analista de defesa da Universidade da Indonésia, Connie Bakrie.

Segundo Bakrie, “a meta da transferência de tecnologia é positiva, mas há um problema básico nela. Será o novo caça mais barato e melhor? Por que não compramos aviões já em operação?” O aviso vem ao mesmo tempo em que o Ministro da Defesa se prepara para enviar uma equipe de 36 engenheiros e oficiais da Força Aérea à Coreia do Sul, para treinamento na construção do KFX, que o ex-presidente sul-coreano Kim Dae-jung ordenou em 2001.

A fase inicial do acordo está estimada em 8 bilhões de dólares, com a Indonésia respondendo por 20% do custo – aproximadamente 1,6 bilhão de dólares. O resto será bancado pela Coreia do Sul. Eris Herryanto, que é secretário do Ministro da Defesa, disse que o acordo é parte de um plano de longo prazo para aprimorar o sistema de defesa do país por volta de 2024.

O Ministro da Defesa Purnomo Yusgiantoro disse, na segunda-feira, que as aeronaves deverão estar prontas por volta de 2020, e a Indonésia deverá comprar 50 de um total estimado de 200 unidades, a serem produzidas sob o projeto KFX. Segundo Purnomo, “temos esperanças de que, por volta daquele ano, nós não estejamos mais atrás de nossos vizinhos na melhoria de nossos sistemas de defesa. Nós também teremos 20% dos lucros com vendas do caça. A Coreia do Sul já provou que está comprometida com a transferência de tecnologia, então não tenho dúvidas sobre eles.

A agência estatal de notícias Antara disse que o KFX teria um raio de ataque superir em 50% ao F-16, com sistema aviônico e radar melhores, além de capacidades furtivas. O F-16 começou a ser produzido nos anos 1970, apesar de versões mais modernas serem melhoradas.

O Governo da Indonésia já alocou 158 milhões de dólarespara ser liberado ao projeto nos próximos quatro anos, enquanto começa a fase de produção. A primeria fase compreenderá 18 meses para desenvolvimento técnico, até 2013.  Depois disso, cinco protótipos deverão ser construídos, quatro na Coreia do Sul e um na Indonésia. Por volta de 2020, os aviões deverão ser produzidos em massa, após testes.

Apesar das dúvidas de que o projeto não seria bem sucedido, o Ministro disse que estava confiante que a fabricante estatal de aviões, a Dirgantara Indonesia, seria capaz de produzir um avião acessível mas de alta qualidade. Segundo Purnomo, “dada a situação atual, nós emos que ser realistas”. Ele acescentou que a Indonésia fez o acordo porque o Governo da Coreia do Sul e a Dirgantara realizaram um estudo de viabilidade, que mostrou que o KFX poderia ser construído. 

Sobre a continuidade do projeto, Purnono disse: “Nós já temos o compromisso e a vontade política para acelerar o processo, e isso vai requerer consistência, na medida em que gabinetes e administrações se alternarem até 2024.” O projeto KFX foi selado em 2009 quando Purnomo e sua contraparte sul-coreana assinaram um memorando de entendimento, durante a visita do presidente sul-coreano Lee Myung-bak à Indonésia.

FONTE: Jakarta Globe (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

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Nick

Uma opção interessante para o FX-3. 🙂

[]’s

Darkman

Nick,
Seria interessante entrar neste projeto, aí sim seria uma jogada de mestre.
Mas por aqui o pensamento ainda é pequeno demais para isso.

Abs.

Alfredo Araujo

Eu acho q a história e as estatisticas respondem melhor q qualquer jornalista ou entusiasta sobre esse assunto… – Os dois paises com maior tradição e parque aeronautico do mundo estão desenvolvendo caças furtivos gastando tubos de dinheiro e correndo o risco de ter q arcar com atrasos encima de atrasos… – A India, dona de um dos maiores orçamentos de defesa da atualidade, arrasta um projeto de caça leve a decadas… – A China, talvez o segundo maior orçamento de defesa do mundo, ajudada pela maquina de Xérox, a pouco tempo aceitou em serviço operacional o J-10, um avião… Read more »

Almeida

Olha a gente papando mosca de novo… Já se propõe a entrada da Coréia do Sul no bloco dos BRICs e, caso haja uma reunificação pacífica com seus irmãos do Norte, a nova Coréia seria do mesmo tamanho que as grandes potências projetadas para 2030 em diante. Dentre os BRICs, o Brasil é uma exceção em vários sentidos. Embora não tenhamos a população da China ou Índia ou a tecnologia da Rússia, nosso desenvolvimento social é muito superior ao de nossos colegas. Uma aproximação com a Coréia do Sul é mais vantajosa, aos olhos de diversos analistas internacionais, para nós… Read more »

Almeida

A propósito, ToT por ToT, seria melhor enxugarmos o inflacionado FX-2 de suas cláusulas utópicas em um ou dois bilhões de doláres e investirmos esse excedente no projeto sul coreano.

Mesmo que o KFX não vire um caça operacional, ganharíamos mais know-how participando desses estudos em conjunto do que tentando fazer valer contratos dúbios de transferência de tecnologia.