“O rebuliço provocado pelo protótipo do caça russo de quinta geração T-50, apresentado pela primeira vez ao público durante o MAKS-2011, no Salão Aeroespacial Internacional de Moscou, em Zhukovski, é perfeitamente natural”, comenta no site Vedomosti.ru o jornalista especializado russo Aleksey Nikolskiy. E para provar a verdade dessa afirmação, diz ele, “basta consultar os programas de desenvolvimento de caças dos nossos vizinhos europeus”.

“Todos os caças modernos de quarta geração – o Eurofighter Typhoon da EADS, o francês Rafale e o sueco Gripen – começaram a ser desenvolvidos ainda na década de 80”, continua Aleksey Nikolskiy. Esses aviões eram a resposta aos novos caças produzidos pela União Soviética naquela época. “Ainda assim, o Typhoon e o Rafale só agora atingiram um nível relativo de competitividade para entrar em ação, ou seja, mais de 20 anos depois do início do seu desenvolvimento.” Além disso, comenta o jornalista, todos os produtores europeus anunciam que essa é a última e conclusiva geração de aviões de combate, pois daqui para frente as aeronaves serão automáticas e não tripuláveis. “Pode ser que eles estejam certos, e pode ser que não”, discute Nikolskiy.
O T-50 voando em mais um teste: Garantia de futuro para os caças tripulados
E prossegue o jornalista: “Apesar de todos os progressos, ainda não existe no mundo uma aeronave não tripulada com as mesmas características e possibilidades de um caça comum. E não se sabe quando uma nave assim surgirá.”

“Isso tudo pode provocar uma situação desconfortável”, adverte Aleksey Nikolskiy. “As empresas europeias garantirão as peças de reposição para as próprias forças aéreas, para manutenção dos caças em atividade (as entregas dessas máquinas para as forças europeias terminarão no final desta década). Os importadores, entretanto, ficarão totalmente dependentes de um produtor pouco interessado na manutenção do seu produto. Por outro lado, o fato de os europeus não terem um caça para substituir o Rafale e o Eurofighter Typhoon é um grande risco tanto para os importadores quanto para os próprios europeus, no caso de o conceito de aviação militar não tripulada falhar.”

A indústria aeronáutica militar da Rússia, entretanto, não apresentará esse problema, embora o motor da segunda etapa do desenvolvimento do T-50 ainda esteja em fase inicial de desenvolvimento e falte grande parte dos equipamentos de bordo. “Além disso”, discute Nikolskiy, “os sistemas de navegação e o armamento também somente estão engatinhando.” Mas isso tudo é positivo, garante ele, “pois significa que a Rússia desenvolverá o trabalho intenso de uma década, ou até mais, no sentido de produzir uma máquina fundamentalmente nova, ao contrário da Europa”.

Por isso, conclui o jornalista do site Vedomosti.ru, “é possível que no início da década de 20 do século XXI somente três países no mundo produzam novos caças – os EUA, a China e a Rússia”.

FONTE: Diário da Rússia

COLABOROU: Ivan

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Clésio Luiz

Faltou ele dizer também que eles chegaram meio atrasados nesse negócio de caça de 5ª geração, que o modelo a ser produzido em série será um paliativo e que o modelo definitivo só surgirá daqui a uns 10-15 anos.

Roberto F Santana

Bem interessante.
Porém, se isso acontecer surgirá um outro fato marcante na história da aviação militar.
Poucos países possuirão aeronaves de caças, se não, surgirá uma categoria, ou melhor, voltarão os caças lightweight mais simples e baratos.
Seja como for, já podemos ver alguns países dando adeus a aviões genuinamente caças, penso que a Argentina em breve será uma dessas e a até mesmo o Brasil já caminha para isso.

Almeida

Declarações fortes, mas com embasamento. Tapa na cara da burguesia, mano!

Mauricio R.

A China no momento depende dos russos, p/ ter turbinas confiáveis, enquanto que os russos dependem da indústria de micro-eletrônica chinesa p/ componentes de seus sistemas.
Os EUA dependem exclusivamente, de sí próprios.

tplayer

Mas China e Russia são parceiros próximos há muito tempo, logo isso não é problema. Na verdade acaba sendo até uma vantagem, já que ambos podemo trocar experiencia e tecnologia para evoluir mais rápido. Os EUA por outro lado encaram uma máquina de defesa inchada e cara, o que pode acabar atrapalhando no médio prazo o desenvolvimento de novas tecnologias. A Argentina já deu adeua a aviação de caça, os A-4 dos hermanos estão no fim de vida e certamente não terão substitutos. O Brasil não sei, apesar de tudo nós políticos vão querer bradar que o país possui caças… Read more »

Nick

Se somente esses 3 países tem caças de 5ª geração, sejam operacionais ou protótipos de desenvolvimento próprio, faz sentido o que ele diz. Em 2020, quais países estarão produzindo caças atuais? EUA, Russia e China, considerando maior parte de seus componentes (radar, motores, sistemas eletrônicos). À esse seleto clube, poderemos acrescentar Japão ( se o ATD-X for em frente), Índia, Coréia do Sul e Turquia (mas nesses casos, com menor grau de autonomia. Europa ocidental está apostando no mix (caças de legacy(Rafale/Typhoon/Gripen) + UCAVs furtivos. Mas operando em conjunto, os caças legacy podem ser o calcanhar de aquiles nessas forças… Read more »

leonardo137

Desculpem os amigos entusiastas da aviação russa ou da “aviação chinesa?” mas tenho pé atrás com tudo que os russos fazem. Em números tudo é lindo, o design então nem se fala, na hora de operar é que é o problema. Pra mim esse T-50 é igual aos ICBM do início da Guerra Fria, ou seja, só maquete. Basta uma rápida olhada na aeronave para ver que a furtividade ainda não é a o melhor adjetivo para ela, muito menos a tão aclamada manobralidade dos caças russos se comprovou nos vídeos exibidos. Eu, como entusiasta, torço para que cada vez… Read more »

Vader

A muito tempo que afirmamos que o F-35 é o derradeiro caça tripulado do Ocidente. E isso por motivos óbvios: 1. A tecnologia norte-americana evoluirá para um caça que possa ser operado remotamente ou no mínimo que seja misto, operando com ou sem pilotos; 2. A Europa simplesmente NÃO TEM RECURSOS para desenvolver um caça autóctone de 5a Geração. E quando nos referimos à Europa mencionamos expressamente França, Alemanha e possivelmente a Suécia; isso porque os restantes dos países europeus ou já entraram ou acabarão entrando no Programa JSF. Assim, o que temos é: a) Um PAK-FA ainda incipiente, sem… Read more »

Corsario137

Sr. Vader, Categorizo como perfeita a vossa explanação. Acrescento apenas que a superioridade aérea americana deve ser ainda maior com a operacionalização de uma nova geração de mísseis que em breve estarão disponíveis no arsenal yankee. No mais, recordo o final dos anos 90, por volta de 97,98, quando só se falava no Berkut. Que este seria o “contra-ataque” russo, o rival imediato do 22, e a história está aí. Veio o Berkut, depois o foco mudou para uma extensa re-qualificação dos 27, transformando-os em 30 Mkk, 35, 37… e a verdade é que a indústria russa parece estar batendo… Read more »

Mauricio R.

A Russia cada vez mais, vê a China PRC como uma adversária e as atitudes chinesas não tem ajudado a melhorar essa percepção.
A indústria de defesa russa não tem enxergado c/ mto bons olhos, os seguidos desrespeitos á propriedade intelectual de seus produtos.
Em que pese o excessivo tamanho da burocracia do Pentágono, os principais problemas não estão lá, mas sim no custeio das demais despesas do governo americano, como por exemplo o Medcare.
O que falta é os políticos de lá, entenderem corretamente a situação.

DrCockroach

Tb gostei muito do post do Vader. Mas agora gostaria de reconhecer os meritos dos de 4 geracao que se comportaram muito bem na Libia. Eh claro que nao existem detalhes ainda de quem exatamente fez o que, mas: – No inicio o RU nao tinha sequer pilotos treinados suficientes p/ operar o Typhoon em ataques ao solo, mas o problema foi resolvido; – No inicio tb faltava municao aos avioes da OTAN; – o Rafale, aparentemente, realizou com sucesso missoes; – o Gripen foi muito bem no que se propos; – Os EUA formaram toda a logistica e suporte… Read more »

Leonardo

Vader,

Os EUA estabeleceram o benchmark com F-22, este sim é o parâmetro utilizado pelos demais países que desenvolvem seus protótipos de 5° geração, até porque somente agora os primeiros F-35 estão sendo produzidos em baixa escala, se pouco sabem do F-22 imagine do F-35?

Mauricio R.

Os japoneses estão se mexendo:

(http://newpacificinstitute.org/jsw/?p=7782)

Vader

Leonardo disse:
24 de agosto de 2011 às 12:05

Caro Leonardo, como disse em meu comentário, o F-22 é hours concour.