Superprevisão do tempo? Pergunte ao Tupã

Por Elton Alisson, de Cachoeira Paulista (SP)

Agência FAPESP – O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) inaugurou terça-feira (28/12), no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), em Cachoeira Paulista (SP), o supercomputador Tupã.

Com o nome do deus do trovão na mitologia tupi-guarani, o sistema computacional é o terceiro maior do mundo em previsão operacional de tempo e clima sazonal e o oitavo em previsão de mudanças climáticas.

Não apenas isso. De acordo com a mais recente relação do Top 500 da Supercomputação, que lista os sistemas mais rápidos do mundo, divulgada em novembro, o Tupã ocupa a 29ª posição. Essa é a mais alta colocação já alcançada por uma máquina instalada no Brasil.

Ao custo de R$ 50 milhões, dos quais R$ 15 milhões foram financiados pela FAPESP e R$ 35 milhões pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o sistema foi fabricado pela Cray, em Wisconsin, nos Estados Unidos.

O Tupã é capaz de realizar 205 operações de cálculos por segundo e processar em 1 minuto um conjunto de dados que um computador convencional demoraria mais de uma semana.

Com vida útil de seis anos, o equipamento permitirá ao Inpe gerar previsões de tempo mais confiáveis, com maior prazo de antecedência e de melhor qualidade, ampliando o nível de detalhamento para 5 quilômetros na América do Sul e 20 quilômetros para todo o globo.

A máquina também possibilitará melhorar as previsões ambientais e da qualidade do ar, gerando prognósticos de maior resolução – de 15 quilômetros – com até seis dias de antecedência, e prever com antecedência de pelo menos dois dias eventos climáticos extremos, como as chuvas intensas que abateram as cidades de Angra dos Reis (RJ) e São Luiz do Paraitinga (SP) no início de 2010.

“Com o novo computador, conseguiremos rodar modelos meteorológicos mais sofisticados, que possibilitarão melhorar o nível de detalhamento das previsões climáticas no país”, disse Marcelo Enrique Seluchi, chefe de supercomputação do Inpe e coodernador substituto do CPTEC, à Agência FAPESP.

Segundo o pesquisador, no início de janeiro de 2011 começarão a ser rodados no supercomputador, em nível de teste, os primeiros modelos meteorológicos para previsão de tempo e de mudanças climáticas. E até o fim de 2011 será possível ter os primeiros resultados sobre os impactos das mudanças climáticas no Brasil com dados que não são levados em conta nos modelos internacionais.

Modelo climático brasileiro

De acordo com Gilberto Câmara, diretor do Inpe, o supercomputador foi o primeiro equipamento comprado pela instituição de pesquisa que dispensou a necessidade de financiamento estrangeiro.

“Todos os outros três supercomputadores do Inpe contaram com financiamento estrangeiro, que acaba custando mais caro para o Brasil. O financiamento da FAPESP e do MCT nos permitiu realizar esse investimento sem termos que contar com recursos estrangeiros”, afirmou.

O supercomputador será utilizado, além do Inpe, por outros grupos de pesquisa, instituições e universidades integrantes do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais, da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climática (Rede Clima) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas.

Em seu discurso na inauguração, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, destacou a importância do supercomputador para o avanço das pesquisas realizadas no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais, que foi concebido para durar pelo menos dez anos, e para a criação do Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global (MBSCG).

O modelo incorporará os elementos do sistema terrestre (atmosfera, oceanos, criosfera, vegetação e ciclos biogeoquímicos, entre outros), suas interações e de que modo está sendo perturbado por ações antropogênicas, como, por exemplo, emissões de gases de efeito estudo, mudanças na vegetação e urbanização.

A construção do novo modelo envolve um grande número de pesquisadores do Brasil e do exterior, provenientes de diversas instituições. E se constitui em um projeto interdisciplinar de desenvolvimento de modelagem climática sem precedentes em países em desenvolvimento.

“Não tínhamos, no Brasil, a capacidade de criar um modelo climático global do ponto de vista brasileiro. Hoje, a FAPESP está financiando um grande programa de pesquisa para o desenvolvimento de um modelo climático brasileiro”, disse Brito Cruz.

Na avaliação dele, o supercomputador representará um avanço na pesquisa brasileira em previsão de tempo e mudanças climáticas globais, que são duas questões estratégicas para o país.

Impossibilitado de participar do evento, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, gravou um vídeo, exibido na solenidade de inauguração do supercomputador, em que declarou o orgulho da instalação no Brasil do maior supercomputador do hemisfério Sul.

“Com esse supercomputador, o Brasil dá mais um passo para cumprir as metas de monitoramento do clima assumidas internacionalmente e entra no seleto grupo de países capazes de gerar cenários climáticos futuros”, disse.

Mais informações: www.inpe.br

FONTE: Agência FAPESP – 29/12/2010

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ZE

Essa compra foi EXCELENTE !

Ele vai permitir salvar vidas e propriedades, além de fornecer informações para o nosso agrobusiness.

O alerta poderá ser dado com mais antecedência e precisão !

NÃO se esqueçam que o Brasil é um FAZENDÃO, portanto o agrobusiness é muito importante para a nossa economia. É só ver a pauta de exportação que entenderão.

[ ]s

Alexandre Galante

ZE, qual é a procedência do supercomputador mesmo? 😉

Tadeu Mendes

Os amigos saberiam me dizer se existe algum supercomputador sendo usado em insittuicoes como ITA, IME, CTA ou pela Marinha????

Existe alguma universidade brasileira operando esse tipo de computadores?

Joker

Puxando o assunto pro lado das atividades Aeroespaciais, mas apenas superficialmente, a capacidade preditiva de um computador desses associados a uma adequada intercomunicação entres as instituções envolvidas e inerentes a atividade aeronautica, haja vista, as condições aeroportuarias, administração e gerenciamento de pessoal/equipamentos nas empresas de atividades aeronautica/aeroespaciais; podem e devem evitar gargalos nas operações dos aeronavegantes e passageiros por situações climaticas adversas. Claro que essa é uma visão apenas superficial e idealizada de contribuição a segurança das operações aereas e/ou satisfação dos contratantes de serviços aeronauticos.

Tadeu Mendes

Joker,

Gostei da sua observacao.

Ja que voce lembrou a situacao (catastrofica) aeroportuaria que vez por outra aflige os brasileiros, e que causam um estrangulamento enorme no fluxo de passageiros, por que nao comprar um desses Cray Supercomputers para gerenciar o trafego aereo, os aeroportos, o CINDACTA e tambem para supervisionar os procedimentos de “overbooking” nas empresas aeraeas??

Uma maquina dessas e mais eficiente do que a ANAC e CINDACTA juntos.

Rodrigo

Alexandre Galante disse:
9 de janeiro de 2011 às 13:59

Era isto que eu ia perguntar.

Os tempos são outros.

Os gringos já negaram a venda de super-computadores para nós na época que o nosso programa nuclear militar estava ativo oficialmente.

A Cray também fornece os computadores modulares para o F22.

Joker

Tadeu grande parte da problematica aeroportuaria(caos aereo), se dá por uma serie de fatores que levaram a estagnação e má administração dos recursos financeiros, pessoal e infraestrutura da malha aeroviaria do pais. O Sindacta é um programa modelo, mas que merece que merece a devida atenção no gereciamento de seus recursos(em amplos sentidos e variações) para que se mantenha eficiente e promova a segurança da atividade aeronautica civil e militar no país. Um supercomputador dedicado ao gerenciamento do espaço aereo brasileiro traria enormes beneficios, mas a forma de utilização do mesmo no sistema deve ser objetos de estudos, e ele… Read more »

Tadeu Mendes

Joker,

Obrigado pela resposta. O Brasil precisa mordenizar sua maneira de gerenciar e controlar o trafego aereo, como tambem as empresas aereas precisam ser reguladas e atuadas disciplinariamente quando praticam atos lesivos ao consumidor.

Os aeroportos precisam ser ampliados, revonados, como tambem vao necessitar construir novos aeroportos.

A Copa do Mundo e as Olimpiadas vao colocar o trafefo aereo brasileiro debaixo dos holofotes da midia internacional e da FIFA.

ZE

Galante, ele veio do Tio Samuel Wilson (conhecido por alguns como: o Grande Satã do Norte).

[ ]s