Typhoons entre os cortes para ajudar Itália a economizar 5 bi em defesa

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Medida afetará novas encomendas do Eurofighter Typhoon Tranche 3, a não ser que a Itália consiga compradores para modelos Tranche 1

Na sexta-feira, 10 de setembro, a Aviation Week publicou uma matéria sobre os cortes da Itália em defesa, destacando a questão do Eurofighter Typhoon, entre outras. Segundo a reportagem, a Itália não está imune aos cortes que se espalham pela Europa e, enquanto o governo não apresenta um plano para a redução dos gastos militares, o Ministro da Defesa Ignazio La Russa revelou pontos principais dos cortes que anunciará em outubro.

O Ministro das Finanças impôs um corte de 10% do orçamento de cada ministério, para que o país reduza os gastos em 29 bilhões de euros (aproximadamente 36.8 bilhões de dólares ou 63,3 bilhões de reais) entre 2011 e 2013.

Até o momento, os cortes não afetaram os gastos de 1,5 bilhão de euros anuais da Itália em missões internacionais, que estão fora do orçamento de defesa – entre elas, a participação italiana no Afeganistão, Líbano e Bálcans. La Russa pretende reduzir a participação da Itália nesta última.

Os destaques vão para  as reduções, cancelamentos ou adiamentos de programas de aquisição, que o minstro tem a intenção de fazer, para conseguir uma economia de 5 bilhões de euros (aproximadamente 6,3 bilhões de dólares ou 10,9 bilhões de reais). Um exemplo é o cancelamento da aquisição de 25 caças Eurofighter Typhoon Tranche 3B, para economizar 2 bilhões de euros.

Em maio, a Eurofighter entregou uma proposta de preço para 124 Typhoons Tranche 3B, no valor de aproximadamente 8 bilhões de euros (incluindo opções em integração de armas e sistemas) à agência da OTAN que gerencia o Eurofighter e o Tornado, atuando em nome do Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha. O contrato deverá ser assinado em 2011. Pelo contrato inicial, a Itália planejava adquirir 121 Typhoons, mas deverá ficar com apenas 96, a não ser que consiga vendar algumas aeronaves do Tranche 1 para algum cliente estrangeiro.

Outro programa da Força Aérea que deverá ser afetado é um sistema de inteligência, vigilância e reconhecimento, para operação em conjunto com os EUA. A plataforma Gulfstream G550 já foi especificada e competem pelos sistemas de missão a Lockheed Martin norte-americana e a IAI, de Israel. Já sobre a quantidade de 135 aviões F-35 das versões A e B que a Itália deverá adquirir para a Força Aérea e a Marinha, nenhuma decisão teria sido tomada.

E, falando em Marinha, La Russa pretende diminuir a quantidade de fragatas multimissão FREMM para apenas seis unidades (originariamente, estava prevista a aquisição de dez navios). O problema é que a Marinha Italiana precisa substituir 12 fragatas mais antigas. A decisão final pelas quatro a serem cortadas deverá ser feita em 2013, com a possibilidade de serem vendidas para um comprador  internacional.

Os cortes não deverão ter impacto imediato, pois os pagamentos dos programas estão divididos em vários anos. Assim, a economia de 5 bilhões de euros só será conseguida no médio prazo, mas deverá ter impactar fortemente a indústria de defesa da Itália. Por isso mesmo, o parlamento italiano deverá analisar detidamente as ações, pois advoga uma grande reestruturação da defesa ao invés de apenas cortes.

Enquanto isso, Eurofighter promove o caça na República Tcheca e na Polônia

Ao mesmo tempo em que chegam essas notícias da Itália, o consórcio Eurofighter se esforça em promover o Typhoon para outros clientes em potencial. Neste início de setembro, duas notas para a imprensa se destacam nesse esforço: uma sobre a República Tcheca e outra sobre a Polônia.

Na República Tcheca, dois eventos importantes agendados para este mês têm agendada a presença do Typhoon: o Czech International Air Festival (CIAF), entre 5 e 6 de setembro em Hradec Králové, e o “10th annual NATO (Otan) Days” entre 18 e 19 de setembro, em Ostrava, que é o maior evento do tipo (envolvendo forças terrestres, aéras e de segurança) na Europa Central.

O consórcio Eurofighter está de olho em um possível requerimento para substituir os caças JAS 39 Gripen, que operam na Força Aérea da República Tcheca em sistema de leasing. O argumento é oferecer uma plataforma mais nova, mais capaz e totalmente compatível com a OTAN, envolvendo também a indústria do país.

Para o CIAF, planejou-se a exposição estática de um Typhoon operacional da Força Aérea Alemã. Já no evento da OTAN, com a presença de uma grande quantidade de exibidores dos EUA e da Europa, um Typhoon da Força Aérea Austríaca deverá se exibir em voo.

Quanto à Polônia, a oportunidade de mostrar o caça foi o 18º MSPO (International Defence Industry Exhibition), em Kielce, entre 6 e 10 de setembro, com a presença de 360 expositores de várias nações. O consórcio está de olho em um possível pedido para um novo avião de combate multimissões, para servir como vetor de dissuasão por um longo período. Para tanto, quer oferecer benefícios para a indústria polonesa, por meio da BAE Systems, EADS e Alenia Aeronautica, com transferência de tecnologia e benefícios econômicos bilaterais pela Europa.

A exposição do consórcio Eurofighter no MSPO destacou uma seleção de capacidades atuais e futuras do Typhoon, incluindo o radar AESA (de varredura eletrônica ativa) e o sistema de simbologia montado no capacete  (HMSS –  Helmet Mounted Symbology System). Observação: as fotos acima e abaixo são de exibições da aeronave em outros eventos.

FONTES: Aviation Week e Eurofighter

FOTOS: Eurofighter

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Rodrigo

Meu medo são estes Typhoon antigos começarem a baixar por aqui.

Gumpy

Menos um operador de Gripen por leasing.
Rep Tcheca irá de Typhoons.
Restam somente Hungria(tbm leasing), África do Sul e Tailândia a operar Gripens…
Dinamarca, Holanda, Suíça, não se interessam por eles.
Romênia preferiu F-16 usados.
Desespero tbm da Suécia em conquistar um novo comprador.

Samuel B. Pysklyvicz "Jaguar"

Mais ja estao vendendo os Eurofighter modelos Tranche 1

ouragan

Não se surpreendam se o Chile foi um desses compradores… dai eu quero ver a cobra fumar.

Ivan

Rodrigo,

É improvável.
Mas não é impossível.

Abç,
Ivan.

Klevston

E o Brasil de F5 é brincadeira uma coisa dessa, a Itália querendo desfazer dos Tranche 1, apesar que a hora voo deles é absurdamente alta.

Biel

O interesse do Chile em adquirir o Typhoon já foi mencionada algumas vezes, se os italianos ofertarem a um preço camarada existe grande possibilidade de vermos os Typhoon voando na FACH antes mesmo do
Fx2 chegar as fileiras da FAB.

Asimov

Artigo muito interessante do The Economist:

The cost of weapons
Defence spending in a time of austerity
The chronic problem of exorbitantly expensive weapons is becoming acute
Aug 26th 2010

http://magic.economist.com/node/16886851

Luiz Eduardo

Rodrigo disse:
12 de setembro de 2010 às 13:50

Pensei absolutamente a mesma coisa…

O Chile não irá comprar, são muito caros (de comprar e manter, principalmente), um gasto desses não se justificaria para alguém que está bem na AL na área de defesa e tem que gastar seu dinheiro em reconstruir seu país…

Sds.

Baschera

Hoje, estava vendo pela TV as comemorações de 50 anos da “Frecce Tricolore” a equipe da AMI de acrobacias aéreas, semelhante ao EDA da FAB. Não foi o que disse um tal gen. “Vice-Capo” da AMI, ao responder à um reporter da televisão italiana (RAI)…… disse ele que a AMI não concorda e não vai abrir mão dos investimentos programados, podendo no máximo, adiar alguns projetos. Aliás, falando nestas comemorações, realizadas na Base Aérea de Rivolto (enorme, com pistas de dar inveja e um amplo espaço onde tinha mais de 500 ônibus e milhares de automóveis estacionados com 300.000 pessoas… Read more »

souzat19
toni

me parece que a primeira foto e montagem ou eles ja tem 2 prototipos?

General

Seria uma alegria imensa ver os Typoons na FACH,assim poderíamos conferir de “perto” um país sul-americano com caças alto nível.Aliás,seria uma alegria maior, a FACH voar com o F-35.

Rogério

“me parece que a primeira foto e montagem ou eles ja tem 2 prototipos?”

Já existem mais de 200 exemplares produzidos.

http://www.aereo.jor.br/2009/12/04/eurofighter-200-aeronaves-em-servico/

[]s

Marcelo Silva

Não seria o eurofighter a verdadeira jaca voadora?

Rodrigo

Ivan disse:
12 de setembro de 2010 às 14:49

Se o próximo MD foi o cara da terra que não existe, vocês vão ver como vai ser bem possível.

toni

rogerio estava falando sobre o link do souzat sobre o t-50 russo
desculpa a cunfusão ssrsrsr

Rogério

“rogerio estava falando sobre o link do souzat sobre o t-50 russo
desculpa a cunfusão ssrsrsr”

Á tá, sobre o T-50, eles devem ter uns 3 ou 4 prototipos, mais aquela foto deve ser montagem mesmo.

[]s

Gabriel T.

O eurofighter passa pelo mesmo problema do RAFALE e do gripen, estão em um mundo ainda em crise econômica. Não tem como manter encomendas quando não se tem demanda financiada. Isso não quer dizer que o eurofighter RAFALE e gripen sejam aviões ruins. É uma fase que passa a indústria aeroespacial nesse momento. O Chile não vai comprar nenhum eurofighter porque ele já programou o futuro da sua força aérea. Padronizou tudo com F-16 e daqui a pouco entrarão no F-35, já que o Chile tem uma tradição no relacionamento bélico com os EUA. Hoje só países ricos como o… Read more »

Mario Blaya

então seria hora de oferecer para comprar o trenche 3, já que esta faltando comprador, quem tem grana para comprar tem poder!

juggerbr

25 Typhoons por 2 bi? Ta caro esse avião…. mas ainda assim é menos que o rafale…

Vader

A Europa precisa descer do pedestal se quiser continuar viva… A França e sua JACA, que está falindo a Dassault e a República são o maior exemplo disso…

Mauricio R.

“Menos um operador de Gripen por leasing.
Rep Tcheca irá de Typhoons.”

No blog ARES da AW&ST, tem uma nota a respeito e lá diz claramente que não passa de bogus, esse papo de Typhoon substituindo o Gripen.

Mauricio R.

Segue link:

(http://www.aviationweek.com/aw/blogs/defense/index.jsp?plckController=Blog&plckBlogPage=BlogViewPost&newspaperUserId=27ec4a53-dcc8-42d0-bd3a-01329aef79a7&plckPostId=Blog%3a27ec4a53-dcc8-42d0-bd3a-01329aef79a7Post%3ad1b61ea7-996b-4644-9d82-0009880131d9&plckScript=blogScript&plckElementId=blogDest)

E um detalhe, opinião de uma bloguista:

“The Czechs have managed to stand QRA over two countries at the same time with their handful of jets  which they love, which never break and which they can actually afford to fly.

Take a quick look over at Austria and ask why they are still standing QRA with Saab 105s – then ask yourself who made the right decision…”

CAl

Duvido muito que a República Tcheca substitui seu gripens por aviões que custam muito mais caro de operar, na crise que seu país deve estar passando junto com a própria Itália.

CAl

Errata “substituirá” e não substitui.

ZE

Vamos por partes: A República Tcheca NÃO vai comprar Typhoon coisa nenhuma. Trata-se de um país que não tem dinheiro para mantê-lo. É um país pequeno, com uma economia idem. A Venezuela NÃO vai comprar Pak-Fa, Pak-Fe, Pak-Fi, Pak-Fo, Pak-Fu. No ano passado, sua economia encolheu 2,8%. Este ano vai encolher ourtros 3,2%. Isso em um continente onde os países estão crescendo 3 a 7% ao ano. A Venezuela, em termos de descalabro econômico, só perde para o Haiti (país miserável que foi atingido por um terremoto). O Camarada Chávez tem mais é que se preocupar em se manter no… Read more »

Rogério
Alexandre

A Itália precisou desistir de novas encomendas porque não tinha recursos para a construção de mais hangaretes. Assim, assim que forem vendidas as aeronaves mais antigas sobrarão hangaretes para novas encomendas.
Notícia interna e quentíssima…

Ivan

Mauricio R.,

Estam os Tchecos satisfeitos com seus Gripen C/D?

Pelo link que vc indicou parece que sim.

Abç,
Ivan.

toni

agradecido rogerio
ja tinha visto esse antes mais pensava que se tratava do mesmo prototipo com pintura padrão da força aeria da russia,ate porque o primeiro voo se deu a pouco tempo
mais então o pak fa ta indo mais rapido doque eu imaginava ^^

Mauricio R.

Ivan,

Exatamente é isso mesmo, os tchecos estão segundo o comentário do link satisfeitos c/ as aeronaves atuais.
Com 14 aeronaves, montar 2 QRA’s em países diferentes, deslocando pessoal e aeronaves, é um feito e tanto e mostra como estão confortáveis c/ os Gripen.
Eu esbarrei em um papo na internet, de que os tchecos estariam em conversas c/ a ex cara metade Eslovaquia, p/ montarem um esquadrão comum de defesa aérea.
Ocorre que a cara metade ainda voa Fulcrum, e isto não ajuda a criar nada comum.
Alguém aí vai ter de trocar de aeronaves de caça.

lucio da silva moraes

quem vai gostar dos typhoon no chile é o peru e a argentina.

Mario Blaya

agora a nova fofoca e a venezuela comprando o pak-50, justamente no momento que a europa precisa desovar a geração velha de aeronoves para comprar novas!

esse pessoal era mais criativo no passado!

Edcreek

Olá,

Tranche 1 no Brasil seria muito bom pela capaçidade do caça, mas com o custo falado pela força aerea Alemã(se realmente for real) tornaria inviavel.

Abraços,

Fernando Fidelis

ahhhh como eu queria um typhon na FACH com certeza iria acordar nosso governo de uma vez por todas… nao qui o chile é uma ameaça.. mais por menos que os nossos politicos entendam de defesa olhar para uma foto de um esquadrao de typhon e de um esquadrao de F-5 os deixariam chocados srsrsrsr

Vader

Edcreek disse: 13 de setembro de 2010 às 10:40 Prezado Edcreek, o custo alardeado por uma matéria que saiu na imprensa alemã (e não da Luftwaffe), foi obtido pelo repórter dividindo-se o gasto total da campanha de demonstração do Typhoon na Índia (incluindo viagens e salários dos pilotos e equipes de solo, hospedagem, comida, gasto “diversos”, etc), pelo número total de horas voadas. O jornalista/meio de imprensa não se sabe por qual interesse movido, conseguiu a proeza de nem sequer dividir por três aviões (enviados) o valor gasto. De maneira que é bastante evidente que a hora-vôo do Typhoon não… Read more »

Jacubão

A bruxa tá solta no velho continente. 😀

Luis

28 T1 italianos + 53 T1 da RAF = 81 EF2000 à venda.
Não poderiam comprar alguns para a FAB? Pelo menos para o 1º GDA…

Edcreek

Olá, Vader

Verdade me confundi nas palavras foi o reporter que colocou o valor absurdo, não a força aerea Alemã.

Valeu a correção!

Abraços,