kc-135

O cockpit da aeronave de 1957 ainda tem o buraco no teto que, no passado, era usado pela tripulação para navegar se orientando pelas estrelas. As mãos dos pilotos já desgastaram a tinta preta do controle usado para guiar o avião. Grandes remendos de fitas prateadas sustentam a tubulação da cabine. E o membro mais velho da tripulação de uma recente missão de treinamento era sete anos mais novo do que o aparelho.

Depois de mais de 50 anos servindo como uma espécie de posto de combustível aéreo – e após uma década de tentativas de substituí-los –, os aviões-tanque KC-135 da força aérea dos EUA (USAF, na sigla em inglês) começam a mostrar os sinais da idade. Apesar disso, eles ainda são muito necessários para uma tarefa crítica: manter os jatos de caça e outros aviões militares americanos voando mais tempo e pela maior distância possível.

Os KC-135, a versão militar do antigo Boeing 707 adaptada para reabastecimento em vôo e transporte de carga, foram construídos no final dos anos 50 e início dos 60. Deveriam ficar em operação por supostamente 20 anos. Mas continuam voando por conta do fracasso nas tentativas de substituir a frota de 450 dessas aeronaves.

Na semana passada, o secretário de Defesa, Robert Gates, anunciou que uma nova licitação para substituir os antigos aviões-tanque, no valor de US$ 35 bilhões, será lançada até o meio do ano. Mas os problemas continuam.

O contrato chegou a ser concedido à Northrop, que propôs um avião maior e com mais capacidade de carga (o KC-30). Mas a Boeing, sua principal (e praticamente única) concorrente, desafiou a decisão, com o apoio de políticos e sindicatos – e terminou bem-sucedida. Sua proposta é o KC-767, versão militar do jato de passageiros 767.

Mesmo que um vencedor seja definido ainda este ano, levará anos até que o novo avião chegue à pista de decolagem. E apenas 20 unidades poderão ser entregues anualmente, o que estenderá o prazo de substituição para 25 anos. Isso significa que o KC-135 testará os limites da capacidade da USAF de manter uma aeronave antiga voando. Alguns desses aviões geriátricos poderão atingir os 80 anos em atividade e eventualmente ficarem mais tempo na oficina do que no céu. Isso se não surgir um grande problema, como rachaduras na estrutura, que forçará a substituição de um grande número de a­viões de uma única vez.

– Até certo ponto, o KC-135 não é mais capaz de realizar suas missões como efetivamente deveria – afirma o tenente-coronel e piloto Robert Blake, lotado na base aérea de Andrews.

O custo das missões, de fato, está crescendo. O Pentágono já transferiu cerca de US$ 3 bilhões inicialmente destinados ao novo avião-tanque para reparos nos velhos KC-135. Um estudo da força aérea estima que o custo de manutenção crescerá cerca de 50% até 2040, chegando a US$ 3 bilhões anuais. Nesse ritmo, o valor gasto em reparos chegará perto dos US$ 100 bilhões previstos para a substituição de todos os KC-135. Por isso, o comando da força aérea norte-americana diz que é melhor investir em um novo avião-tanque do que gastar tanto dinheiro com um aparelho já com meio século de idade, e que continua envelhecendo a cada dia.

– É como equipar um carro velho com coisas modernas. Sai muito caro – afirma o general Arthur Lichte, chefe do comando móvel da força aérea, que inclui os aviões KC-135.

Todo ano, cerca de 75 aviões passam por grandes reparos, a um custo de US$ 7 milhões por aeronave. Isso representa meio bilhão de dólares anuais, e não inclui os consertos regulares feitos pelos mecânicos nas bases em que os KC-135 ficam estacionados. Outras grandes revisões gerais estão a caminho. Por volta de 2018, por exemplo, muitos aviões precisarão de nova fiação.

Essa reforma geral será um momento crítico. Cerca de 91 mil quilos de combustível podem ser armazenados nas asas e no corpo de um KC-135. Esse combustível já permitiu que grandes bombardeiros atacassem Bagdá, no Iraque, após decolarem do Missouri, numa viagem de cerca de 11,5 mil quilômetros. Também abasteceu aviões médicos levando feridos, além de cargueiros transportando comida e remédios para áreas de desastre.

Enquanto isso, a animosidade entre Boeing e Northrop e seus aliados contribui para o fracasso das três tentativas feitas ao longo de uma década para a construção dos primeiros 179 jatos. Para acelerar a produção, alguns congressistas sugerem comprar aviões das duas companhias, mas o secretário Gates não concorda. Enquanto isso, as relíquias das eras Einsenhover e Kennedy continuam voando.

FONTE: Zero Hora, via NOTIMP

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Bueno

A FAB tem e KC 137 são masi novos? quanto tempo de vida eles tem?

André

Os KC-135, os B-52.. a frota americana está ficando pouco a pouco debilitada.
Temos também os primeiros F-15 com problemas estruturais.
Tudo isso devido ao uso intenso e constante.

Se a máquina de guerra americana está desse jeito imaginem como estariamos se utilizassemos os nossos aviões da mesma forma.

Bronco

91 mil litros? Caramba… acho que os nossos não carregam tanto, principalmente pelo estilo de transferência de combustível feito por cestas nas asas. Qual será a capacidade de transporte do C-390? Se já estivesse operacional, seria uma boa para a Embraer oferecê-lo. US$ 35 bilhões era papo de fazer a Embraer subir mais um degrau no ranking das fabricantes de aeronaves civis e militares, além de conseguir colocar um produto importante no mercado americado. SE fosse possível era de se esperar que fossem vendidos mais uns US$ 50 bilhões para o resto do mundo, já que muitos países seguem o… Read more »

E.Bueno

A FAB tem KC 137 ? são mais novos do que estes dos EUA? quanto tempo de vida eles tem?

Marcelo Tadeu

É!! Lá tb tem desses problemas, tá pensando que é mole? A FAB tem estudos para substituir os KC-137, aeronaves muito menos voadas que os americanos, mas que tb têm um a manutenção cara, além de que não se encaixam mais nas normas de poluição sonora e do ar. Acho que poderíamos ter uns 4 B-767 reformados, avião com grande quantidade de unidades no mercado usado até a chegada do KC-390. Mais uma vez a Embraer apostou bem a longo prazo!!

Luciano Baqueiro

Nossos KC 137 são B-707 comerciais ( não tenho certeza se todos eram ex-VARIG ) que foram transformados em aviões de transporte e reabastecedor, ao contrário dos KC-135 que já saíram da fábrica projetados p/ esta função. Quanto ao tempo de vida, ao que me consta ainda tem uma boa margem de ciclos e horas de vôo pela frente, o problema é, como diz a matéria, o custo de manutenção e no nosso caso as turbinas ( ainda antigas ) são poluidoras ( fumaça e barulho ) e já não podemos utilizar aeroportos em diversos países pelas restrições ambientais, o… Read more »

Marcelo Tadeu

É isso aí Luciano, e só para te auxiliar, os nosso KC-137 eram todos da Varig e foram comprados em 1986. Eu servia na Base Aérea do Galeão e vi eles chegarem no 2º/2º GT. Não vão me chamar de véio, hein?

Mauricio R.

“…avião com grande quantidade de unidades no mercado usado até a chegada do KC-390. Mais uma vez a Embraer apostou bem a longo prazo!!”

Somente que a Embraer necessita colocar, uma “flying boom” no seu design, se quiser ter alguma chance.

Luciano Baqueiro

Marcelo Tadeu,

véio não, EXPERIENTE.

Jacubão

O quê foi que disse velhinho???? rsrs

Marcelo Tadeu

Ué, Mauricio, vc não viu a versão KC-390 com o flying boom nas asas?

Roberto CR

Marcelo Tadeu

Somos companheiro… hehehe… 2º/7º em 1986 também… rsrsrs

Abs

Fábio Max

Marcelo Tadeu,

…Véio você heim? ahahahahahahahahahahahhahaha!

Desculpe a brincadeira, não resisti…

Zero Uno

É…

Fracassos existem em muitos lugares mesmo. Infelizmente, poucos reconhecem. É mais fácil fazer críticas sobre latas velhas de outras forças aéreas…

Marcelo Tadeu

ë isso ai, já tenho 41!!! Entrei no “enta”. heheheh!! A propósito vcs são de que lugar do país? Eu sou do RJ e vcs? Só para fazer uma pesquisa, por favor me informem, valeu??

abraços a todos

Zero Uno

Zero Uno – Campo Grande-MS

Moro em frente a Base Aérea de Campo Grande-MS. E sou um INFANTE de coração, viciado em assuntos/histórias militares/geopolítica.

Abraços.

Marcelo Tadeu

Po, legal. Então vc já viu os novos SC-105 do 2º/10º Gav?

Luciano Baqueiro

Marcelo Tadeu,

41 não, 4.1 – se bem que isso é cilindrada do velho, digo do grande motor 250S que equipava o saudoso OPALA 6 cilindros. Se preocupa c/ isso não, no último domingo o meu odômetro completou 42, por isso é que eu digo : VELHO, NÃO … EXPERIENTE !
E p/ sua pesquisa : Salvador-BA.

Marcelo Tadeu

Valeu Luciano. Mas que aquele Opalão era bom era. Eu ainda não podia dirigir naquela época!!1RSRSRS!! Tinha tb o Opala SS, lembra? Ops, desculpe pessoal, virou blog de automóvel, foi mal!!

Luciano Baqueiro

O OPALA SS tinha o motor de 6 cil, mas na época sua designação não era 250S ( não me lembro qual era ). Meu pai teve um já usado modelo 74, 4 cil, 2 portas marrom sephia, teto de vinil, câmbio ( 3 marchas ) ainda na coluna de direção e eu também não podia dirigi-lo, buá !!!

Carlinga Carenada

Atenção USAF: que tal uma convocação urgente dos mecânicos do PAMAGL, parque central do B-707 na FAB. O pessoal sabe tudo em matéria de ressuscitar aviões falecidos… De cacarecos a FAB sabe tudo mesmo e a USAF bem que poderia acertar um acordo de cooperação tecnológico “reverso”, ou seja, aprender com a gente a fazer certos milagres aerospaciais…

Marcelo Tadeu

É, tinha que rebocar um posto de gasolina, esse Opala!!!rrsrsrs

Paulo Silva

Tem a possibilidade de aparecer alguns velhinhos Kc-137 da USAF? Espero que não! Seria melhor a FAB fazer o mesmo que fez com os antigos aviões da Varig,comprando alguns 767 usados e fazer a conversão.Seriam bons KCs tampões até a chegada do KC-390!

Abraços

Paulo

Marcelo Tadeu

tb acho

Bueno

A FAB tem e KC 137 são masi novos? quanto tempo de vida eles tem?

André

Os KC-135, os B-52.. a frota americana está ficando pouco a pouco debilitada.
Temos também os primeiros F-15 com problemas estruturais.
Tudo isso devido ao uso intenso e constante.

Se a máquina de guerra americana está desse jeito imaginem como estariamos se utilizassemos os nossos aviões da mesma forma.

Bronco

91 mil litros? Caramba… acho que os nossos não carregam tanto, principalmente pelo estilo de transferência de combustível feito por cestas nas asas. Qual será a capacidade de transporte do C-390? Se já estivesse operacional, seria uma boa para a Embraer oferecê-lo. US$ 35 bilhões era papo de fazer a Embraer subir mais um degrau no ranking das fabricantes de aeronaves civis e militares, além de conseguir colocar um produto importante no mercado americado. SE fosse possível era de se esperar que fossem vendidos mais uns US$ 50 bilhões para o resto do mundo, já que muitos países seguem o… Read more »

E.Bueno

A FAB tem KC 137 ? são mais novos do que estes dos EUA? quanto tempo de vida eles tem?

Marcelo Tadeu

É!! Lá tb tem desses problemas, tá pensando que é mole? A FAB tem estudos para substituir os KC-137, aeronaves muito menos voadas que os americanos, mas que tb têm um a manutenção cara, além de que não se encaixam mais nas normas de poluição sonora e do ar. Acho que poderíamos ter uns 4 B-767 reformados, avião com grande quantidade de unidades no mercado usado até a chegada do KC-390. Mais uma vez a Embraer apostou bem a longo prazo!!

Luciano Baqueiro

Nossos KC 137 são B-707 comerciais ( não tenho certeza se todos eram ex-VARIG ) que foram transformados em aviões de transporte e reabastecedor, ao contrário dos KC-135 que já saíram da fábrica projetados p/ esta função. Quanto ao tempo de vida, ao que me consta ainda tem uma boa margem de ciclos e horas de vôo pela frente, o problema é, como diz a matéria, o custo de manutenção e no nosso caso as turbinas ( ainda antigas ) são poluidoras ( fumaça e barulho ) e já não podemos utilizar aeroportos em diversos países pelas restrições ambientais, o… Read more »

Marcelo Tadeu

É isso aí Luciano, e só para te auxiliar, os nosso KC-137 eram todos da Varig e foram comprados em 1986. Eu servia na Base Aérea do Galeão e vi eles chegarem no 2º/2º GT. Não vão me chamar de véio, hein?

Mauricio R.

“…avião com grande quantidade de unidades no mercado usado até a chegada do KC-390. Mais uma vez a Embraer apostou bem a longo prazo!!”

Somente que a Embraer necessita colocar, uma “flying boom” no seu design, se quiser ter alguma chance.

Luciano Baqueiro

Marcelo Tadeu,

véio não, EXPERIENTE.

Jacubão

O quê foi que disse velhinho???? rsrs

Marcelo Tadeu

Ué, Mauricio, vc não viu a versão KC-390 com o flying boom nas asas?

Roberto CR

Marcelo Tadeu

Somos companheiro… hehehe… 2º/7º em 1986 também… rsrsrs

Abs

Fábio Max

Marcelo Tadeu,

…Véio você heim? ahahahahahahahahahahahhahaha!

Desculpe a brincadeira, não resisti…

Zero Uno

É…

Fracassos existem em muitos lugares mesmo. Infelizmente, poucos reconhecem. É mais fácil fazer críticas sobre latas velhas de outras forças aéreas…

Marcelo Tadeu

ë isso ai, já tenho 41!!! Entrei no “enta”. heheheh!! A propósito vcs são de que lugar do país? Eu sou do RJ e vcs? Só para fazer uma pesquisa, por favor me informem, valeu??

abraços a todos

Zero Uno

Zero Uno – Campo Grande-MS

Moro em frente a Base Aérea de Campo Grande-MS. E sou um INFANTE de coração, viciado em assuntos/histórias militares/geopolítica.

Abraços.

Marcelo Tadeu

Po, legal. Então vc já viu os novos SC-105 do 2º/10º Gav?

Luciano Baqueiro

Marcelo Tadeu,

41 não, 4.1 – se bem que isso é cilindrada do velho, digo do grande motor 250S que equipava o saudoso OPALA 6 cilindros. Se preocupa c/ isso não, no último domingo o meu odômetro completou 42, por isso é que eu digo : VELHO, NÃO … EXPERIENTE !
E p/ sua pesquisa : Salvador-BA.

Marcelo Tadeu

Valeu Luciano. Mas que aquele Opalão era bom era. Eu ainda não podia dirigir naquela época!!1RSRSRS!! Tinha tb o Opala SS, lembra? Ops, desculpe pessoal, virou blog de automóvel, foi mal!!

Luciano Baqueiro

O OPALA SS tinha o motor de 6 cil, mas na época sua designação não era 250S ( não me lembro qual era ). Meu pai teve um já usado modelo 74, 4 cil, 2 portas marrom sephia, teto de vinil, câmbio ( 3 marchas ) ainda na coluna de direção e eu também não podia dirigi-lo, buá !!!

Carlinga Carenada

Atenção USAF: que tal uma convocação urgente dos mecânicos do PAMAGL, parque central do B-707 na FAB. O pessoal sabe tudo em matéria de ressuscitar aviões falecidos… De cacarecos a FAB sabe tudo mesmo e a USAF bem que poderia acertar um acordo de cooperação tecnológico “reverso”, ou seja, aprender com a gente a fazer certos milagres aerospaciais…

Marcelo Tadeu

É, tinha que rebocar um posto de gasolina, esse Opala!!!rrsrsrs

Paulo Silva

Tem a possibilidade de aparecer alguns velhinhos Kc-137 da USAF? Espero que não! Seria melhor a FAB fazer o mesmo que fez com os antigos aviões da Varig,comprando alguns 767 usados e fazer a conversão.Seriam bons KCs tampões até a chegada do KC-390!

Abraços

Paulo

Marcelo Tadeu

tb acho