Airbus A400M

Airbus A400M

SINGAPURA/BERLIM (Reuters) – O novo transportador de tropas da Europa pode nunca entrar em batalha com todas as capacidades militares prometidas depois que os compradores do A400M concordaram em permitir que a Airbus negocie a exclusão de características consideradas difíceis de implementar.

Um documento assinado na semana passada entre a Airbus e sete nações da OTAN, e visto pela Reuters, permite que o fabricante de aviões negocie com os compradores individuais para que alguns dos complexos recursos adicionais possam ser removidos das especificações oficiais.

A nova “declaração de intenção” parece marcar a primeira vez que os compradores reconheceram que nem todos os recursos projetados para superar as aeronaves americanas concorrentes estarão disponíveis.

O acordo também reconhece que a Airbus precisa de mais tempo para entregar o avião do que originalmente planejado e prepara o caminho para negociações sobre um novo cronograma de entrega.

Em troca destas concessões, o fabricante de aviões comprometeu-se a fornecer “todos os apoios e recursos necessários ao programa A400M” após atrasos e falhas crônicas com o maior projeto de defesa da Europa, que empurraram o programa para além do orçamento original de 20 bilhões de euros (US$ 24,5 bilhões ).

A agência que representa os compradores da Bélgica, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Luxemburgo, Espanha e Turquia não respondeu a um pedido de comentário.

A Airbus disse que não poderia comentar negociações confidenciais.

Não estava claro quais recursos complementares – conhecidos como itens de “não conformidade permanente” – poderiam ser removidos das especificações do avião, pois não estavam listados no documento.

Uma fonte informada sobre o acordo, que pediu para não ser identificado por causa da natureza confidencial do assunto, disse que os países haviam argumentado que era melhor, em alguns casos, aceitar progressos parciais em direção a uma capacidade específica do que pressionar para alcançar 100%.

“Isso significa que haverá compromissos. Certas capacidades não serão entregues “, disse a pessoa.

Um avião de transporte francês da força aérea A400M em sua primeira missão operacional no Níger em 2017, transportando helicópteros, frete e pessoal diretamente da França para uma pista de pouso de sujeira semi-preparada. (Foto AF francesa)

Sistemas avançados
O A400M foi encomendado em 2003 para dar à Europa uma capacidade de transporte aéreo independente para apoiar missões militares ou humanitárias, em vez de confiar no Lockheed Martin C-130 ou no Boeing C-17 agora fora de produção.

Um resgate de 3,5 bilhões de euros dos países compradores em 2010 salvou o programa do cancelamento, mas problemas permaneceram com alguns dos sistemas defensivos secretos do avião, bem como alguns tipos de lançamento de paraquedistas e reabastecimento de helicópteros.

Por alguns dos problemas do projeto, os funcionários da indústria culpam, em particular, uma lista de desejos excessivamente ambiciosa das nações compradoras, planejada em alguns casos para apoiar empregos locais. Mas o maior comprador, a Alemanha, criticou a Airbus por não ter feito o que prometeu.

Apesar de ser um avião transportador, os projetistas dizem que os sistemas avançados do A400M, como a tecnologia de aderência do solo, o tornam um dos aviões militares mais complexos já construídos na Europa. A França elogiou seu desempenho em operações em África.

Sob o acordo da semana passada, a Airbus comprometeu-se novamente a oferecer novas entregas até o padrão operacional final, conhecido como “SOC3”, que inclui voos em baixa altitude. Deve também adaptar os aviões anteriores em duas etapas até abril de 2027.

A Airbus deve, entretanto, pagar ou ceder notas de crédito por todos os danos por atrasos decorrentes do acordo da semana passada, quando o contrato foi assinado: um movimento que ressalta as prováveis perdas do quarto trimestre.

A Airbus advertiu na semana passada que pode publicar novas provisões para perdas no A400M em seus resultados anuais do 15 de fevereiro. Já perdeu quase 7 bilhões de euros no projeto.

O acordo exorta, no entanto, uma flexibilização das principais cláusulas de retenção de caixa que permitiram que os compradores congelassem os pagamentos para a Airbus por problemas de equipamentos. Em vez disso, estas serão modificadas para introduzir “mecanismos de incentivo adequados”.

FONTE: Reuters

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MATHEUS

Apesar de serem diferentes, prefiro mil vezes um C-17 Globemaster III ou um KC-390.

Mauricio R.

“…em vez de confiar no Lockheed Martin C-130…”

O avião é o substituto do C-130 e do C-160, usados na Europa.
França e Alemanha encomendaram KC-130J para o reabastecimento em voo de seus helicópteros.
Imaginem a gritaria, qndo a FAB seguir pelo mesmo caminho…
O Reino Unido que na SDSR 2010 manteriam seus C-130J até 2022, na SDSR 2015 já mudaram de ideia e vão manter em serviço 14 deles até o fim de suas vidas úteis.

Washington Menezes

Se comparado os gastos deste projeto com os do F35, isto é dinheiro de pinga.

Eduardo

Carrinho de mão ??????

Mauro

“tecnologia de aderência do solo”. O que seria isso?

LucianoSR71

“tecnologia de aderência do solo” alguém poderia explicar o que seria isso?

Manock

Tecnologia de aderência ao solo = pneu!
😉

LucianoSR71

‘Manock 17 de Fevereiro de 2018 at 21:50
Tecnologia de aderência ao solo = pneu!’
Se quiser ajudar, pelo menos passe a informação completa: pneu COM CHICLETE!
Agora é sério, seria algum sistema que pousa a aeronave e automaticamente acionando reversor de passo ( ele é um turbo-hélice ) e feios, garantindo um pouso curto?

Carlos Alberto Soares

Fazenfo “água” ?

Marcelo

É impressionante que a industria europeia, diga-se Airbus, não tenha sido capaz de fazer um simples avião cargueiro que funcionasse a contento. O que tem de tão extraordinário assim num simples aviso de transporte militar ?

EduardoSP

Marcelo 17 de Fevereiro de 2018 at 22:32
Pois é, foram inventar um motor novo em um avião novo e aí a coisa encalacrou.
Me impressiona também a Boeing, cortando um riscado para converter o 767 no KC-46. Os caras fabricam o avião há mais de 30 anos, já fabricaram uma versão “tanker” para Japão e Itália, e se enroscaram nessa conversão que já está em andamento há mais de 7 anos!!

Wagner

Buxa, buxa e mais buxa.
O Azinho me lembra outro projeto que suga mares de dinheiro e quase que só pode voar VFR.
Marcelo 17 de Fevereiro de 2018 at 22:32:
Quando interesses políticos são os dominantes num projeto, ele simplesmente não vai funcionar a contento. A história está cheia de exemplos! F-111, f35, dirigíveis ingleses no começo do século XX… E por aí vai.

Bruno Rocha

Marcelo 17 de Fevereiro de 2018 at 22:32 A verdade é que as empresas militares, principalmente de aviação (o que engloba aviação civil também) estão se fundindo ou sendo compradas por empresas maiores, e a concorrência entre elas está diminuindo. Cada vez menos se tem competição na criação de novos vetores. Agora some a isso o fato da Europa cada vez mais se tornando um estado com governo centralizado, como um único país, a tendência é esse cenário piorar. Muitos projetos já está nascendo com problemas, pois para agradar os países membros que fazem parte do joint de fabricação o… Read more »

Bruno Rocha

Muitos projetos já *estão

Jeff

Pois é, fazer um “simples cargueiro” não é tão simples assim, pelo visto. Implementação de muitas tecnologias e todas ao mesmo tempo em um único projeto pode ter levado a isso.
Mais um motivo para se admirar a Embraer e a forma como ela conduz sua linha de negócios.

Anildo Silva

aaaaa se fosse no Brasil!!!

Falo e repito, “Nó cego” e “Pé de breque” tem em todos os lugares…..

Ronaldo de souza gonçalves

etá cargueiro difícil de sair,Brasil que não compre isto ai ,só dará amolação,se precisar no futuro que compre dos EUA,china russia,mas não mete a mão nesta cumbuca.Eu não acho que grupo de varias países consorciados complicar mais do que consorcio de dois países.Esse avião prometeu ser revolucionário e até agora nada um avião comum de carga é com injeção de muita grana.

Walfrido Strobel

A Alemanha chegou a cogitar que a OTAN usasse o An-70 com componentes ocidentalizados, mas a pressão pela Airbus os fez fabricar este novo avião.
Eu como sou fã dos grandes turbo-hélices torço pelo sucesso do A400M e fico triste pelo novo An-70 que deverá ser um jato sem as famosas hélices contra-rotativas, mas é o mais indicado hoje, um jato quadrimotor com motores e aviônicos ocidentais.

Marcelo Andrade

Uma grande pena!! Acho este avião espetacular, mas como disse o meu xará lá em cima (Marcelo), foram inventar a roda! O ótimo é inimigo do Bom!

Ele poderia ser um cargueiro bimotor ou quadrimotor mas foram inventar o TP400, o maior turbohélice do ocidente. Deveriam ter perguntado à Kunetsov como se faz!!! rsrsrsrsrsr!

Walfrido Strobel

Eu disse acima que o novo An-70 com 4 motores a jato usaria motores ocidentais, mas isso só aconteceria em caso de alguma encomenda maior por um país ocidental, o An-188 deverá usar 4 Progress D-436 de fabricação ucraniana usados no Antonov An-148, Antonov An-72/74, Beriev Be-200, Tupolev Tu-334 e Yakovlev Yak-42M.
Para eles seria bom oferecer o bimotor An-178 e o quadrimotor An-188 com motores da mesma família.

Ivan

Walfrido,
.
Conheço o An-178 bimotor turbofan parecido com ‘nosso’ KC390; o An-148 jato regional parecido com os BAe 146, mas com 2 (dois) motores; o An-70 turboélice quadrimotor, parecido com o A400M; mas esse Antonov An-188 parece ser uma tentativa de colocar uma aeronave quadrimotor turbofan entre o Embraer KC-390 e o Boeing C-17.
.
Seria uma alternativa ao Il-76MD-90A ou Il-476?
.
Sds.,
Ivan.

Tiago Carvalho

A meu ver o problema do A400, são os muitos pitacos dos países europeus, deu nisso. Cada um puxa a sardinha para o seu lado.

Walfrido Strobel

Ivan, o An-188 é um An-70 onde serão trocados os 4 motores turbohélices por 4 motores da família D-436 do An-178.
Vai concorrer com o C-2 e A400M, é menor que o C-17 ou Il-76MD-90A. O problema vai ser vender o avião.
Obs: Segundo os foruns russos o projeto do Il:76MD-90A recebeu a designação Il-476 enquanto projeto, mas o avião não será usado com este indicativo.
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