A Virgin Orbit quase não nasceu – mas já deu origem a uma nova filial dedicada a serviços militares

Ninguém vende mais bens e serviços ao governo dos Estados Unidos do que a Lockheed Martin (NYSE: LMT) e Boeing (NYSE: BA). Esses dois gigantes aeroespaciais são os maiores contratados números 1 e 2 para os EUA, respectivamente — e para o Pentágono e a NASA — de acordo com um relatório de 2016 da Administração de Serviços Gerais dos EUA (GSA). E, no entanto, quando se trata de contratação para serviços espaciais, esses dois gigantes agora têm um novo rival, a Virgin, de Richard Branson.

Branson fundou cerca de cinco dúzias de várias empresas “Virgin”. Além da Virgin Airlines (que ele vendeu para a Alaska Air no ano passado), ele criou a empresa de turismo espacial Virgin Galactic, e também a subsidiária Virgin Orbit recentemente separada, que tem como objetivo lançar satélites usando aviões para disparar foguetes em órbita.

No mês passado, foi anunciado que o Departamento de Defesa dos EUA (DoD) contratou a Virgin Orbit para executar um “Programa de Teste Espacial”. A Virgin vai voar um Boeing 747 especialmente modificado chamado “Cosmic Girl” a 35.000 pés, e de lá vai disparar os foguetes descartáveis ​​”LauncherOne” que transportam “satélites de demonstração de tecnologia” em órbita. Os voos devem começar em algum momento em 2019 sob a égide do Departamento Experimental da Unidade de Inovação da Defesa (DIUx) do Departamento de Defesa.

O que é DIUx?
DIUx pode ser pensado como um braço de capital de risco do Pentágono. Com a tarefa de resolver um problema específico, o DIUx entra em “contratos-piloto de inovação comercial” com empresas privadas — e tem um foco particular na inscrição de “empresas não tradicionais ou pequenas empresas” como a Virgin (em oposição às mega empresas tradicionais a Lockheed e a Boeing ). As empresas que apresentam soluções viáveis ​​podem então “entrar facilmente em contratos de acompanhamento” com o Pentágono para a produção de suas soluções.

Buscando aproveitar este programa, a Virgin está criando uma subsidiária dedicada para trabalhar com o DIUx e outros departamentos de DoD neste e em outros trabalhos militares. A nova subsidiária Virgin será chamada de VOX Space (presumivelmente abreviação de Virgin Orbit eXperimental). Operando da Califórnia, a VOX Space já possui sua própria declaração de missão: “fornecer lançamentos competentes e acessíveis para a comunidade de segurança nacional dos EUA e seus aliados”.

O que isso significa para a Lockheed e a Boeing?
Através de vendas para o Pentágono, a NASA e outras agências governamentais, A Lockheed Martin acumulou US$ 43,4 bilhões em contratos governamentais no ano passado, de acordo com dados da GSA (a Boeing correu em segundo, com US$ 26,5 bilhões em contratos governamentais). Embora não saibamos exatamente o tamanho do contrato DIUx com a VOX Space, não é provável que a VOX Space represente qualquer perigo imediato para a hegemonia de contratação de defesa.

Mas as empresas Virgin de Branson provaram ser concorrentes agressivos e bem sucedidos para empresas mais estabelecidas. Tomada em conjunto com a ascensão de várias outras pequenas empresas pequenas de foguetes e satélites, uma maneira de ver a chegada da VOX Space na cena do novo espaço seria o desafio “apenas mais um” que a Lockheed e a Boeing devem superar.

Dito isto, a lista desses desafios – e desafiadores – está ficando bastante longa. Se a Boeing e a Lockheed não vigiarem, elas poderão ter seus negócios espaciais militares interrompidos por quem vem de baixo.

FONTE: The Motley Fool

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MATHEUS

A Boeing já está numa briga danada com a SpaceX pra ver quem vai pra Marte primeiro…

Nonato

A concorrência tem de aumentar e não diminuir. A Embraer fica no Brasil, sem interferências da Boeing. E vamos desenvolver os táxis espaciais do Uber. Precisamos de mais concorrência e não de menos. Em outra matéria alguém falou em incentivar outras “Embraers” no Brasil. Ora, não vamos trocar o bom que já temos pelo duvidoso. Se já temos uma empresa grande e bem sucedida, por que deixarmos nas mãos de outros imaginando que um dia teremos outras que poderão fazer sucesso. Essas empresas americanas vão abocanhando outras e criando oligopólio. Até a Sikorsky a LM levou. Mas aí problema entre… Read more »

Jr

Mais uma empresa desse cara que a longo prazo não vai dar em nada, o verdadeiro perigo para Boeing e Lockheed Martin se chama Elon Musk e a sua SpaceX

carcara_br

Mudando um pouco de assunto Alguma chance disto ser um teste de um ICBM lançado de um 747?.

Gustavo

A Virgin ficou é bem para trás, tem outras na frente… Blue Origin já está prestes a alcançar esse feito com cargas maiores. Sem falar de outras empresas privadas como a Neozelandesa Rocket Lab que também deve conseguir isso em 2018 ou 2019. Essas duas prometem concorrência com a Space X. A Briga da SpaceX é com a Boeing e no futuro com essas duas que citei, mas a Boeing está um pouco mais distante de conquistar a tecnologia que a Space X já tem dominado. Acho errado o método de lançamento da Virgin, não possibilita cargas de grande peso,… Read more »

Mauricio_Silva
Renato Vieira

Eita CLA….o tempo tá passando, ao menos diminuindo as as possibilidades.

Bosco

Carcara,
Mísseis balísticos lançados de aeronaves não têm nenhuma vantagem aos que já existem. Inclusive quase chegaram a ser utilizados durante a Guera Fria. Dê uma olha no Skybolt GAM-87.

WellingtonRK

A Virgin está aproveitando um nicho de mercado específico, lançamento de mísseis leves. Se é mais barato lançar por avião, que seja então.

Bosco

Já está passando da hora da tecnologia de foguete descartável multi-estágio ser superada de vez para a colocação de carga em órbita em favor de tecnologias alternativas. Essa tecnologia prosperou por ter sido residual da tecnologia de mísseis balísticos, mas é claramente inadequada.

Moacir Machado

Já existem outros rivais na concorrência com tecnologia mais avançada:

https://www.youtube.com/watch?v=inRHaIKSQBs

Victor Moraes

Primeiramente eu quero pedir desculpas aos editores pelo elevado grau de estresse em um domingo de manhã. Eu não fui muito feliz. Eu dou a mão à palmatória. Desculpem-me.

Ivan BC

Boa notícia!

Flávio Henrique

[Meio OFF] só eu peguei a referencia do 747?

Delfim Sobreira

The Motley Fool é um site de investimentos, não de tecnologia militar. A Virgin pode até ter um crescimento relativo elevado mas vai ter que comer muito feijão para encarar LM e Boeing.
.
Virgin usa DIUx ? Se usa não é mais Virgin !
.
Desculpem mas com estes nomes o trocadilho é inevitável.

Ivan BC

Delfim Sobreira 28 de dezembro de 2017 at 16:03
kkkkk

WFonseca

O legal de tudo isso é o fato dos lançamentos, inclusive militares, migrarem para o setor privado. O governo americano gastava em média, $450 milhões por lançamento, com a Spacex o custo médio caiu para $62 milhões (deverá ser de 90 milhões com o Falcon Heavy). Em 2017 a Spacex fez 18 lançamentos enquanto a Rússia (Proton M + Soyuz 2) fez 6 lançamentos. Para 2018 a expectativa é de até 30 lançamentos. Acabou o monopólio de governos para se fazer lançamentos, já não há justificativa para o governo torrar bilhões (como no acordo com Ucrânia) desenvolvendo tecnologia de domínio… Read more »

Nonato

WFonseca, Enquanto isso, independente de ser governo ou empresas privadas, caças são vendidos por 100, 200, 300 milhões. Navios de guerra são vendidos entre 100 milhões e 2 bilhões de dólares. Tanques de guerra são vendidos por 10 milhões. As empresas dizem que o preço é esse os governos acreditam e pagam. Inclusive muitos “expert” dizem que é caro mesmo porque tem muita tecnologia, ou porque navios de guerra não são ocos. E as empresas metendo a faca. Esse caso dos lançamentos é um bom exemplo do desperdício de bilhões e bilhões de dólares em equipamentos militares sempre com essa… Read more »

rafael

isso de alguma forma ” mata ‘ a base de Alcantara ???

shambruno

isso decreta o nascimento da base de alcantara com diesel espacial feito de cana e uma posicao melhor os custos seriam bem menor batendo a concorrencia