O filme ‘The Final Countdown’, ou ‘Nimitz volta ao inferno’

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Muito antes de ‘Top Gun’, o F-14 Tomcat já fazia sucesso no cinema

Uma réplica do caça Zero feita a partir de um T-6 e dois F-14 Tomcat. Observar que o jato mais afastado tem uma câmera sobre a fuselagem

The Final Countdown (no Brasil, Nimitz volta ao inferno) é um filme de ficção científica de história alternativa de 1980 sobre o super porta-aviões USS Nimitz que viaja através do tempo até o dia anterior ao ataque a Pearl Harbor de 1941. Produzido por Peter Vincent Douglas e dirigido por Don Taylor (seu último trabalho), o filme traz Kirk Douglas, Martin Sheen, James Farentino, Katharine Ross e Charles Durning.

Produzido com a plena cooperação da Marinha dos Estados Unidos, e filmado a bordo do “supercarrier” USS Nimitz, The Final Countdown foi um sucesso moderado na bilheteria. Porém, nos anos seguintes, o filme acabou virando “cult” entre fãs de ficção científica e aviões militares.

Produção

O filho de Kirk Douglas, Peter, como produtor, foi a força motriz atrás do The Final Countdown. Com um orçamento limitado, mas com um roteiro promissor, ele foi capaz de atrair o interesse da Marinha dos EUA. Depois de ver o roteiro, funcionários do Departamento de Defesa ofereceram cooperação total, mas insistiram que, por motivos de segurança e para manter a prontidão operacional, as programações de filmagem seriam dependentes do consultor naval “on location”, William Micklos. A fotografia principal ocorreu na Estação Aérea Naval de Key West, na Estação Naval de Norfolk e em Florida Keys, durante dois períodos de cinco semanas em 1979.

Durante as operações, ocorreu um pouso de emergência com a equipe de produção autorizada a filmar a recuperação da aeronave no Nimitz; A seqüência aparece no filme.

Muitos dos membros da tripulação de Nimitz foram utilizados como extras, alguns com partes falantes; 48 membros da tripulação aparecem como “atores” nos créditos finais.

Para filmar as seqüências aéreas, as câmeras Panavision foram montadas em aeronaves navais, enquanto aeronaves e helicópteros equipados com câmeras também foram empregadas pelo estúdio, incluindo um helicóptero Bell 206 Jet Ranger, um Learjet 35 e um bombardeiro B-25 convertido em plataforma de câmera.

Três réplicas do Mitsubishi A6M Zero feitas a partir de aviões T-6, originalmente construídas para o filme Tora! Tora! Tora! (1970), foram voadas por pilotos da Confederate Air Force, agora chamada de Commemorative Air Force. Duas das réplicas foram empregadas em um dogfight com F-14 Tomcats; foi a primeira vez que ocorreu uma simulação de combate aéreo entre caças com velocidades e capacidades de manobra totalmente diferentes.

Na cena em que os F-14 passam voando pelos caças Zero e ficam na frente deles, a turbulência do ar foi tão intensa que os pilotos dos Zero perderam o controle das aeronaves momentaneamente.

Durante a cena de engajamento, quando um Zero dispara em um F-14, o caça a jato fez uma manobra que terminou a apenas 100 pés (30 m) acima do oceano.

Durante o ataque culminante a Pearl Harbor, cenas reproduzidas em preto e branco de Tora! Tora! Tora !, destacam bombardeiros de mergulho Aichi D3A Val, caças Mitsubishi A6M Zero e torpedeiros Nakajima B5N Kate.

Recepção

The Final Countdown foi promovido como um blockbuster de verão e recebeu críticas variadas. Mais do que a história em si, as cenas do porta-aviões e suas aeronaves provocaram ótimas impressões.

A Marinha dos Estados Unidos patrocinou a estréia do filme e o explorou como uma ferramenta de recrutamento, usando o cartaz do filme em diversos escritórios de recrutamento pouco depois do lançamento.


The Final Countdown – FULL Movie (1980) by cosmo2161

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Clésio Luiz

O episódio que você descreve Bob, pode ser reproduzido com um número perturbador de forças aéreas de primeira linha ao redor do mundo.

Clésio Luiz

Quanto ao filme, ele mostra o resultado das especificações principais do programa VFX, que pediam um caça que pudesse fechar a curva por dentro do Mitsubishi Zero. No vídeo é possível ver como o F-14 domina totalmente o combate, nunca perdendo o Zero de vista e podendo voar tão devagar que este entra em estol antes do poderoso Tomcat. . O canhão do F-14 é de 20mm, e como este calibre pode derrubar o Zero com um único impacto, o Tomcat tem capacidade de destruir 625 Zeros com um único tanque de JP-5. . Mas o experimento de voltar no… Read more »

Clésio Luiz

Roberto, em 1980 já estavam servindo na USAF o F-15 e o F-16. Na Alemanha, o F-4 ainda voa hoje. Em outros países há casos semelhantes. Claro que várias aeronaves da época (como o onipresente F-104) saíram de serviço, mas na FAB isso também ocorreu, em menor escala.
.
A parte do F-14 e do Zero foi uma brincadeira, pensei que o tom utilizado tivesse deixado isso implícito 🙂

Bosco

Não sei se vocês leram o livro também, nele havia alguns equívocos bem interessantes. Um deles se referia ao fato do Nimitz ser armado com mísseis Harpoon. Vale salientar que na época não existiam os mísseis RAM e nem os CIWS Phalanx mas tão somente os mísseis Sea Sparrow que ainda não estavam aptos a se contraporem a alvos voando muito baixo. Não havia armas contra ataques de saturação. Os Sea Sparrow precisavam ter seus alvos iluminados durante todo o tempo do lançamento ao impacto e só havia 4 iluminadores. Uma esquadrilha de caças japoneses da SGM podia passar pela… Read more »

Bosco

Vale salientar que na época ainda não havia o conceito de um “buraco de minhoca” mas basicamente foi num desses que o Nimitz entrou. Um hipotético “buraco de minhoca” liga duas pontas (tem duas bocas) no tempo-espaço e o mostrado no filme tem uma ponta em 1979 e outra em 1941.
Claro, se existirem de fato os “buracos de minhoca” seriam microscópicos e não caberia um Nimitz dentro, mas sabe-se lá…

Clésio Luiz

Hum, eu nem sabia que esse filme era baseado num livro. Outro filme naval interessante baseado em livro é o Caçada ao Outubro Vermelho, embora tem quem lesse o livro e despreze o filme.
.
Tem muito livro de memórias de veteranos que dariam ótimos filmes, pena que a maioria que acaba virando filme se limite aos americanos. Não que seja ruim da parte deles relembrar seus heróis, acho uma pena que nos outros países os veteranos não recebam tanta atenção da classe artística.

Bosco

Clesão,
O livro foi baseado no filme.

Bosco

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Clésio Luiz

Ah tá, como é mais comum, pensei que fosse o contrário.

Clésio Luiz

Isso é meio off-topic, mas como estamos falando de aeronaves japonesas da 2ª Guerra, eu queria mostrar essa joia de vídeo com uma rara entrevista filmada com o Saburo Sakai. O sujeito com quem ele conversa está estasiado, fan que é de combates aéreos e é engraçado ve-lo boquiaberto como uma criança, mesmo sendo na época um famoso lutador japonês de luta livre. Eu no lugar dele estaria do mesmo jeito, tendo a oportunidade de ouvir os relatos da boca de tal importante figura, que a maioria de nós só conhece de ler livros velhos e empoeirados:
.
https://www.youtube.com/watch?v=F7mKM4mEGNk

Bosco

A defesa antiaérea da USN logo após a SGM se concentrava em mísseis pesados para os níveis médio e alto (Terrier, Tartar e Talos) e de canhões apoiados por radar para os níveis baixo e médio (20 mm, 40 mm, 76 mm e 127 mm). Só na década de 70 é que um míssil para a defesa de ponto foi desenvolvido, o Sea Sparrow, mas que não era adequado contra mísseis subsônicos sea-skimming e nem contra ataque de saturação. Na década de 80 foi introduzido o CIWS Phalanx para preencher esse “gap” e na de 90 foi introduzido o RAM,… Read more »

Guizmo

Querem histórias fantásticas da WW2? PRocurem o livro “A Higher Call”, sobre o piloto da Luftwaffe, Franz Stigler, que escoltou em segurança um B-17 pra fora da Alemanha, após um ataque. Tem documentários, etc, mas o livro é bem legal.

Sobre “A Caçada ao Outubro Vermelho”, li o livro e, dos filmes que fizeram sobre os livros do Tom Clancy, foi o melhor, sem dúvida.

Abs

Guilherme Poggio

Uma esquadrilha de caças japoneses da SGM podia passar pela defesa do porta-aviões e atingi-lo com algumas bombas, tanto penetrando em voo muito baixo quanto atacando em grande quantidade.

Bosco,

Primeiramente eles teriam que encontrar o Nimitz. O Hawkeye avisaria o navio da presença da força inimiga muito, muito antes. A 30 nós o Nimitz já estaria em outro lugar diferente daquele imaginado inicialmente pelos Japs. Não tem como. Nessa briga de gato e rato a tecnologia sempre ganha. Mesmo que um único tiro não seja disparado.

Bosco

Poggio, Primeiramente mesmo não aconteceria do Nimitz voltar para 1941. Supondo que isso possa ocorrer qualquer coisa pode ocorrer, inclusive o Nimitz dar de cara com os japoneses e toda a sua ala aérea ter sido engolida por um outro buraco de minhoca e enviada para combater pterodátilos na Era Mesozoica. Na minha construção hipotética me referi somente às defesas de ponto e não levei em consideração a aviação embarcada, portanto, não haveria um Hawkeye pra dar o alerta. Vale salientar que esse hipotético ataque não é invenção minha e sim mostrado no filme, que no caso, utilizou sua aviação… Read more »

Bosco

Só pra comparação, as armas de defesa antiaérea de um porta-aviões classe Essex podia ser:
12 canhões de 127 mm
72 canhões de 40 mm
76 canhões de 20 mm.

As armas do Nimitz em 1980 eram:
3 lançadores Mk-25 com oito células para mísseis Sea Sparrow com 15 km de alcance
4 radares iluminadores manuais Mk-115 (trocados pelo Mk-91, automático, após 1980)

Bosco

Fellipe Ruivo (Facebook),
http://www.dailymotion.com/video/x2o8trr

Guilherme Poggio

Mesmo sem os Hawkeye o Nimitz detectaria a ala aérea japonesa milhas e milhas de distância, dando tempo para a sua fuga. Na ausência de radar para procurar o Nimitz os japoneses teriam que retornar antes que o combustível acabasse. Ou seja, tanto faz quantos Sparrow teria o Nimitz, ele não confrontaria a frota japonesa.