Sonho de construir avião transforma vida de engenheiro do Vale do Paraíba

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Carpinteiro voltou aos estudos e se formou em engenharia aeronáutica

Marceneiro voltou a estudar aos 37 anos para conseguir realizar sonho. Projeto que já dura 8 anos está prestes a ser concluído

Nicole Melhado
Do G1 Vale do Paraíba e Região

O sonho de construir a própria aeronave transformou a vida do carpinteiro Jorge Lopes Pereira que nasceu em Cunha (SP). O projeto que já dura 8 anos está prestes a ser concluído. A vontade de construir um avião fez com que Jorge, de 48 anos, voltasse a estudar. Em 11 anos, ele decolou do Ensino Fundamental até a graduação em engenharia aeronáutica.

Na época carpinteiro, Jorge tinha estudado até a 4ª série do Ensino Fundamental quando decidiu que queria construir uma aeronave de madeira. Para realizar o sonho, ele pegou o modelo na internet, baseado em um avião francês de 1948. “Dois anos depois do início do projeto comecei a ter algumas dúvidas para interpretar o projeto, por isso voltei a estudar”, lembra.

De volta às salas de aula, aos 37 anos, ele conseguiu concluir o ensino fundamental e médio por meio do Ensino para Jovens e Adultos (EJA). No vestibular, passou na primeira tentativa e ingressou na Universidade de Taubaté (Unitau) no curso de engenharia aeronáutica.
“Não era fácil, trabalhava durante todo o dia e a noite ia para a faculdade. Peguei várias dependências, tinha que ir para a faculdade nos fins de semana e durante os cinco anos de faculdade o projeto ficou de lado”, conta.

Jorge Pereira fez faculdade para realizar sonho de construir avião
Jorge Pereira fez faculdade para realizar sonho de construir avião

O apoio da esposa e a companhia da filha, que cursava letras e ia com o pai para a universidade, ajudaram Jorge a não desanimar e perseverar no sonho. Depois de concluir o ensino superior, Jorge conseguiu um emprego em uma empresa que fabrica e faz manutenção em aeronaves em Barreiras, na Bahia.

“Quando falei do meu projeto, tive mais credibilidade para conseguir a vaga. Nesses dois anos, todos me incentivavam e a empresa me deu suporte para continuar a construção do meu avião. Acho que eles estão ansiosos tanto quanto eu por essa decolagem”, disse.

O avião está sendo construído com madeira e tela de poliester, que é um tipo de tecido, não tem parafusos e é todo colado. Segundo Jorge, a estrutura está pronta, falta agora o motor, o painel e a parte elétrica. Ele espera concluir tudo em seis meses e trazer o avião de volta para Guaratinguetá, onde a família vive.

“Meu sonho é terminar o projeto e quem sabe trazer voando minha aeronave. Agora vejo que estou muito perto de concluir meu projeto. Quando olho para trás, acho que tudo valeu a pena, pois minha vida se transformou. Penso em tudo que passei até aqui e já não desanimo com as diversidades”, ressalta.
Próximo passo
Mas para realizar o sonho, Jorge terá que fazer mais do que construir um avião. Ele ainda precisa tirar uma habilitação para pilotar aeronaves. Pelas normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as aeronaves experimentais não são certificadas pela agência, são apenas registradas, e não podem transportar pessoas ou bens com fins lucrativos.

FONTE: G1

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Artur

Parabéns, são pessoas guerreiras e com foco que este Brasil precisa. Ele tem o meu respeito

aldqueiroz

Eu fiz questão de passar o link dessa matéria para vários familiares e amigos! Tamanhas determinação e coragem para realiar um “sonho” são exemplos maravilhosos! Quisera haver mais pessoas assim em nosso país, dispostas a batalhar por um futuro melhor para si e para todos!
Abraços!

carlos alberto soares

Parabéns, perseverança pura !

raimundo

brasileiros assim,
nos dao orgulho

Frank

Grande JORGE. UM VENCEDOR. PARABÉNS.

Airacobra

Um exemplo de vida e perseverança, esse ai não ganhava bolsa familia, batalhou até o final ante as adversidades da vida e não se entregou, realmente um exemplo para todos

Mauricio R.

Parabéns pela força de vontade, foco e a perseverança.

Jhenison Fernandez

tudo de melhor para o senhor e o projeto !

vmax

Enquanto isso, em Banarnia, a MB…

vmax

Dorga. Meu comentário saiu no post errado.

João

Rapaz, um grande exemplo, pessoas como essa transformam qualquer pais, vide o exemplo de homens que mudaram a história do mundo través de sua perseverança e de seus sonhos !
Parabéns jorge

Airwolf

Fantástico! Quer sirva de exemplo para muitas pessoas! Parabéns!

MARCELO BASTOS

Admiro a iniciativa do Jorge Lopes, sempre tive vontade de construir um experimental, mas ainda não tive a devida “coragem” de iniciar este projeto, parabéns ..

Nonato

Fico satisfeito em ver tantos comentários elogiosos. Esse caso corrobora minha tese. Um marceneiro com pouco estudo formal coloca uma ideia fixa na cabeça (pode-se dar vários nomes a isso: obsessão, loucura, sonho, objetivo, etc). E correu atrás. Fez EJA e curso superior. Agora está próximo de concluir a fabricação de seu próprio avião. Mais de dez anos de foco e trabalho. Pode ser que esse avião não voe… Ele poderia ter desistido no caminho devido às dificuldades. Agora vamos sair do exemplo individual e partir para o caso do Brasil e até de outros países. Por que o Brasil… Read more »

Nonato

Pesquisa e desenvolvimento tem muito de interesse e determinação. Investimento também tem sua importância mas não é o único ou fundamental fator. Comparem o custo x benefício da Nasa e dos foguetes russos e das empresas privadas que desenvolveram os foguetes reutilizáveis. Pesquisa é fundamentalmente uma atividade de pensamento e raciocínio. Materiais e equipamentos são apenas ferramentas de apoio. Nos EUA há uma tradição de pesquisadores e cientistas viverem de “bolsas” do governo. Essas bolsas são mais para sustentar os professores pardais na sua atividade de pensar. No Brasil, nas universidades públicas, isso sequer seria necessário pois os professores já… Read more »

Bardini

“Pesquisa e desenvolvimento tem muito de interesse e determinação. Investimento também tem sua importância mas não é o único ou fundamental fator.” Investimento é o fator, se não principal, indispensável. – “No Brasil, nas universidades públicas, isso sequer seria necessário pois os professores já têm um bom salário para a realidade brasileira no caso de quem tem doutorado e dedicação exclusiva.” Não, não tem um bom salário, nem para a “realidade brasileira”. Antes de um professor ter o mestrado, depois doutorado e talvez o pós-doutorado, são longos anos recebendo uma poca vergonha de salário que não da nem para pagar… Read more »

Ednardo de oliveira Ferreira

Dizer o quê? Este tipo de empreendedorismo emociona!

Parabéns!

Sucesso ao nosso aviador!

Nonato

Berrini. Apenas para esclarecer melhor. O que quis dizer é que, pelo menos até um tempo atrás (pelo menos vi situações do tipo em filmes, muitos pesquisadores americanos sobreviviam somente com bolsas ou financiamentos de pesquisas). No Brasil, em tese, ganhando dez mil reais líquidos a título de salário, como professor, alguém realmente interessado, como é o caso do personagem da matéria, poderia fazer pesquisas. Especialmente as que não envolvam a aquisição de equipamentos e insumos caros. Grande parte das pesquisas envolvem mais o raciocínio. Equipamentos são apenas ferramentas. Quanto a viagens e telefonemas, o ideal é que não existam.… Read more »

kaleu coelho

Caro Jorge, se há algo em comum em homens de sucesso chama-se perseverança, chamo essas pessoas (carinhosamente) de “surdas”, não ficam por aí perdendo tempo em escutar as ladainhas dos derrotistas, mas olham para o seu alvo e seguem em frente … tem o meu respeito … Parabéns !

Sobrevivente

Exemplo a ser seguido por mais da metade dos brasileiros. Parabéns meu caro, voce faz parte de um Brasil que quase não existe, de um Brasil que da certo.
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Nonato

Muito oportuno seus comentários.

Nonato

Frédéric, agradeço imensamente seu comentário. Especialmente porque você além de ler minhas ideias (que longe de serem uma verdade absoluta, são opiniões, que funcionam mais como um brainstorm), sugeriu possíveis desdobramentos e a possibilidade de receber contribuições (aqui mesmo no site, você quer dizer?. Esse tema não parece ter suscitado tanto interesse). Eu mesmo tenho várias ideias e críticas e respeito. Várias podem não corrresponder à realidade estrita, mas não abro mão da ideia central. A qualidade e quantidade de nossas pesquisas podem melhorar muito. Pesquisa não é só dinheiro. Dinheiro pode ser útil e importante, mas so até certo… Read more »

Rafael Oliveira

Nonato, é bem crível que investindo tempo e dinheiro, os pesquisadores das universidades brasileiras conseguiriam fabricar uma turbina. O 1° problema é fabricar uma turbina competitiva, que tenha qualidade e preço comparáveis as turbinas atualmente fabricadas. Passar do protótipo ao produto industrializado e vendável é um caminho árduo e muito complicado. O 2° problema é convencer alguma fabricante de aviões a comprar a turbina tupiniquim, trocando o certo pelo duvidoso. A Embraer comprará a turbina que melhor atender suas necessidades. Não vamos regredir décadas no tempo para fazer uma lei que obrigue a Embraer a comprar a turbina da imaginada… Read more »

Nonato

Olá Rafael. A turbins foi so um exemplo. Já que se diz que pouco países dominam…
Começaria com uma básica mesmo.
E os conhecimentos deveriam ser documentados, patenteadas…
E a partir da básica partir-se-ia para evoluções e melhoramentos.
Até porque as soluções dos principais fabricantes estão aí.
Nem sei como se tentaria fazer algo próprio sem copiar o que já existe.
Quanto aos cursos de direito não vejo como um problema do nível intectual (que pode existir também) e nem é problema restrito ao direito.
Meu foco é na qualidade do ensino.Perde-se muito tempo com enrolação.
Muito be a ba.

Rafael Oliveira

A Polaris (indústria brasileira) já constrói uma turbina. Mas você ainda não fugiu do segundo problema. Do que adianta construir uma turbina, seja ela básica ou avançada, se ela não for vendável? Quanto dinheiro seria investido nessa brincadeira de desenvolver turbinas nacionais que não seriam comercializadas? Serviriam apenas para dizer que o Brasil está no seleto grupo de países que fabricam turbinas, o que, do ponto de vista econômico, é uma porcaria. Vou citar um exemplo. Nos anos 90, a USP-SC construiu uma máquina de ressonância magnética. Se enchem de orgulho disso até hoje. Mas essa máquina nunca virou um… Read more »