Resgate Noturno - Caracal do Esquadrão Falcão - foto FAB

Agora a Força Aérea Brasileira está pronta para realizar atividades de salvamento em qualquer período do dia ou da noite

A cabine é preparada para o uso de NVG  Esquadrão FalcãoO Esquadrão Falcão realizou este mês um exercício operacional inédito no País: a utilização de óculos de visão noturna (NVG) para resgate sobre a água durante a noite. A missão ocorreu na Baía do Guajará, em Belém (PA), e marcou mais uma demonstração da capacidade operacional dos helicópteros H-36 Caracal. A partir de agora, a Força Aérea Brasileira está pronta para realizar atividades de salvamento em qualquer período do dia ou da noite.

Segundo o Major Aviador Mário Jorge Siqueira Oliveira, do Esquadrão Falcão, a falta de referências visuais em missões noturnas e a natural complexidade dos salvamentos sobre a água representaram as maiores dificuldades. “O Esquadrão inaugura uma nova era no grau de operacionalidade da aviação de busca e salvamento do país”, afirma.

O Caracal possui autonomia para realizar atividades como esta a uma distância de até 300km da costa. A importância desse tipo de aeronave nessa missão não se dá apenas pela autonomia, mas pela presença de um dispositivo joystick que permite maior precisão no posicionamento do helicóptero sobre o local em que se encontra a vítima.

Resgate Noturno - Caracal do Esquadrão Falcão - foto 2 FAB

Apesar da experiência do Esquadrão em resgate na água em período diurno, diversos fatores tiveram que ser adaptados para a realização desse exercício. Uma das principais modificações se refere à altura do helicóptero sobre a água para o içamento das vítimas, que teve de ser aumentada, devido ao uso do NVG.

“Caso a aeronave fique abaixo de determinada altura, o rotor do helicóptero pode gerar um spray de água que embaça os óculos dos pilotos e tripulantes, comprometendo a execução da atividade”, explica o Sargento Marcelo Rodrigues da Silva. Outra adaptação adotada pelo Esquadrão foi a colocação de hastes fluorescentes, os chamados cyalume, em locais estratégicos da aeronave, para facilitar a orientação das equipes.

O domínio da nova técnica de salvamento foi possível graças ao recebimento do helicóptero H-36 Caracal, em dezembro de 2010. Em 2015, após completar 3,5 mil horas de voo no novo helicóptero, o Esquadrão Falcão atingiu a capacidade operacional necessária para realizar missões de resgate noturno sobre a água, operando NVG.

Os próximos passos são prosseguir com a formação de mais tripulações aptas para executar esse tipo de salvamento e continuar com os ensaios para o içamento na água com uso de maca. No treinamento foi realizado um içamento “duplo molhado”, tanto o homem de resgate quanto a pessoa resgatada são içados juntos, mas sem a utilização de maca.

Para o Comandante do Esquadrão Falcão, Tenente-Coronel Aviador Marcelo Filgueiras de Sena, além do ganho operacional para missões em tempos de paz, a unidade aérea também se torna mais preparada para períodos de conflito. “O resgate noturno sobre a água com NVG consiste em um enorme ganho para a missão de CSAR (Combat Search and Rescue) da Força Aérea Brasileira, uma das principais missões do Esquadrão. Com o uso da nova doutrina, a FAB aumenta a sua capacidade de resgatar tripulações militares e civis em áreas hostis, a qualquer hora do dia ou da noite”, afirma.

H36 Caracal do Esquadrão Falcão - foto diurna FAB

FONTE / FOTOS: FAB (1º/8º GAV)

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Solskhaer

Não para de chegar boas noticias de nossa Força Aérea.
Que maravilha, e é por essa e outras que estou preparando aqui em casa, Se Deus Quiser, um futuro Tenente-Coronel!

Wellington Góes

Solskhaer, tem gente por ai (ou por aqui mesmo), que não acha esta e a notícia dos Sabres tão boas assim. Mas é aquela estória, gosto é igual a………………………. nariz, todo mundo tem um. Rsrsrs

Até mais!!! 😉

eparro

Meus, 3500h de vôo para atigir a capacidade de realizar missões de salvamento noturno sob a água! Parece um treinamento bem extenso e difícil.

É, estabelecimento de doutrina é sempre muito relevante.

rommelqe

Caro Wellington,
Se o Caracal estiver com sonda de revo em quanto seria aproximadamente extendida a atual autonomia de 300Km?
Abs

Kojak

“…..Baía do Guajará, em Belém (PA)”

Tiraram o Oganza da água.

Boa notícia.

A do Caracal é lógico.

(rs).

Wellington Góes

rommelqe, com REVO este limitador de distância virtualmente desaparece. Ai entra em cena outros fatores como a resistência operacional dos motores, equipamentos, e tripulação, além de quantas “mamadas” os KCs podem dar ao 725. Com REVO, não existe algo definido e determinante, é claro que existe um ponto limite, o problema é saber qual é. Lembro que ainda nos anos 20 ou 30, se não me engano, o Exército dos EUA (na época não existia USAF) fez um teste de REVO numa aeronave biplano que durou 24 ou 48 de voo ininterrupto. Operações REVO são estratégicas por natureza, elas aumentam… Read more »

joseboscojr

Wellington e Rommelqe,
O Air Force One e o E-4 podem ficar voando por até 8 dias ininterruptamente.
Os bombardeiros americanos fazem regularmente missões de 48 horas ou mais.
Além, claro, dos víveres a bordo, o que limita a autonomia é a lubrificação dos motores.

Iväny Junior

Sem querer desmerecer a nota da FAB, mas ir pra um território hostil de caracal armado com duas metralhadoras 7,62mm é pedir pra ser abatido. Pra fazer CSAR ele precisaria de mais armamento.

Se conseguisse levar um canhão DEFA ou M-39 em um casulo ventral, e este casulo se comunicasse com os sistemas da aeronave, tudo bem…

joseboscojr

Ivany,
Nem todo CSAR é cinematográfico. rrsrss
Muitas vezes o avião cai e quem derrubou nem fica sabendo.
Se cair muito perto do inimigo, aí não tem CSAR que dê jeito.
Se cair numa área quente, mas onde é possível o resgate, o helicóptero terá que pedir apoio de caças para dar conta da turma do contra.
Em geral, as armas laterais tão de bom tamanho, mas claro, sempre é bom ter uns foguetinhos no caso das coisas esquentarem. rrsrs

Clésio Luiz

Ivany, helis de CSAR nunca são armados até os dentes. Até porque para eles é mais interessante entrar e sair sem chamar atenção. Um resgate no meio de um tiroteio invariavelmente irá acabar mal para o piloto resgatado e a tripulação do heli.

No caso de tentarem um resgate em território com um forte fogo inimigo, é melhor deixar o engajamento para outras plataformas, como o Sabre ou o Super Tucano, que são aeronaves mais capazes de lidar com ameaças armadas.

Iväny Junior

Clésio e Bosco Não estou falando de armado até os dentes (mísseis e foguetes comprometeriam a missão dependendo da quantidade de gente a ser resgatada). Mas um canhão com boa cadência de tiro e boa mira proveria uma cobertura eficiente para a evacuação. Sobre esse caso específico, existe um relatório de doutrina desenvolvida no Vietnã e é utilizado até hoje pelas forças dos EUA. Mesmo com as escoltas o caracal não tem condição de autodefesa e reação mínimas apenas com as metralhadoras laterais. Dadas as passagens dos aviões serem muito mais rápidas e dado que o caracal não é nem… Read more »

joseboscojr

Ivanyzão, Mas para helicópteros que vão pousar ou pairar para desembarcar ou embarcar em zona quente, o melhor é que as armas sejam as de operação manual, nas portas, de preferência, sem obstruir as portas de entrada. O que eu concordo é que o calibre 7,62 poderia ser substituído pelo .50, que tem o dobro do alcance útil. Duas M-2/M-3 iriam prover um imenso upgrade no poder de fogo, sem reduzir muito a quantidade de munição transportada. Melhor se fosse o Gecal GAU-19 seria melhor ainda. rsrsss Em cenários onde a possibilidade de encontrar forte resistência é alto, um helicóptero… Read more »

Iväny Junior

Bosco

Entendo perfeitamente. Esta inclusive é uma das configurações explicadas no relatório de doutrina dos EUA, to procurando o link mas não to achando, muito embora eu acredite que tanto você como o Clésio o conheçam.

Mas é basicamente isso, maior espaço útil com poder de fogo moderado adequado à autopreservação e reação, com as escoltas tentando levar o combate para longe da área de evacuação.

Um abraço a todos.

Kojak

Um Héli com a missão primaria e outro como escolta bem armado, ponto.

eparro

Fernando “Nunão” De Martini 27 de fevereiro de 2015 at 12:10 #

Obrigado Nunão, mas tinha entendido isto mesmo!

Só fiquei curioso em saber quantas horas, em média, compreende um treinamento para realizar missões de salvamento noturno sob a água.

Rafael Oliveira

Lembro que a FAB testou o canhão Nexter SH 20, de 20 mm, no Caracal. Claro que seria usado no helicóptero de escolta. que passaria a ter capacidade anti-material. Segundo dados do Fabricante. Armament: 20 M 621 20mm cannon – Average firing rate: 750 rounds per minute – Stowage of linked ammunition: 240 rounds – Effective range: up to 2,000m – Day/night sight and laser sight (optional) – Firing modes: single shot, limited or unlimited bursts Status: Mounted on Cougar and EC 725 of the Franch Army Special Forces. Não tenho informações do que a FAB achou do equipamento e… Read more »

Rinaldo Nery

Dependendo do cenário, haverá escolta numa força-tarefa C-SAR. Pode ser AH-2 ou A-29. O armamento do Caracal é utilizado para a defesa dele próprio, num raio máximo de 01 milha. A partir disso, emprega-se armamento mais pesado (bombas de emprego geral, até), por aeronaves de asa fixa. A escolta irá bater os alvos no solo antes da chegada do H-36 no local do resgate. O resgate tem maior probabilidade de sucesso na hora subsequente à ejeção, chamada ¨Golden Hour¨.. O ideal é que o H-36 não seja detectado ou observado pelo inimigo. Daí a preferencia pelo resgate no período noturno.… Read more »