Mirage 2000 C/B continua o trabalho de conversão para a primeira linha francesa

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Mirage 2000C esq Ile de France na Corsega - foto Força Aérea Francesa

Aproveitando, mostramos aqui um pouco mais de informações sobre os esquadrões de caça franceses, suas aeronaves e a progressão operacional dos pilotos, enquanto o Rafale vai aos poucos reequipando as unidades de caça

Na terça-feira, 27 de maio, a Força Aérea Francesa noticiou a realização de campanha de tiro na Base Aérea de Solenzara (ilha da Córsega, no Mediterrâneo), por parte do Esquadrão de Caça 2/5 Île-de-France.

O esquadrão tem como missão principal a “transformação”, ou conversão operacional para a primeira linha, de pilotos formados nos treinadores a jato Alphajet para o Mirage 2000. Como missão secundária, ajuda a compor o sistema de defesa aérea da França.

Para a campanha de tiro em Solenzara, o Île-de-France  desdobrou três  Mirage 2000 B  nove Mirage 2000 C, juntamente com 25 pilotos e uma centena de mecânicos. Entre os dias 12 e 23 de maio, os pilotos cumpriram as missões de qualificação para disparo de canhões no modo ar-ar (contra alvos rebocados) e ar-solo, com canhões e bombas (estas últimas de queda livre, pois a aeronave não emprega armamento “inteligente”), no campo de tiro de Diane.

A unidade é a última da Força Aérea Francesa inteiramente equipada com as versões C e B do Mirage 2000, praticamente iguais aos que equiparam o 1º GDA da FAB (Força Aérea Brasileira) entre 2006 e 2013 – vale lembrar que foi dos excedentes dos estoques franceses e da dotação do Île-de-France que vieram os exemplares da FAB. Nos últimos anos, esquadrões operacionais que eram equipados com essas duas versões iniciais do caça foram desativados, como o Cambrésis e o Picardie. O velho Mirage F1 também vem sendo desativado nos últimos tempos, restando hoje apenas o Esquadrão Savoie (de reconhecimento) cuja desativação oficial está prevista para 13 de junho.

Mirage 2000C esq Ile de France na Corsega - foto 2 Força Aérea Francesa

O modelo C é a versão básica de defesa aérea introduzida na década de 1980, equipada com o radar RDI de varredura mecânica (pulso-doppler) e hoje limitada a mísseis ar-ar de curto alcance (infravermelho) Magic II, dada a desativação dos antigos mísseis semi-ativos Super 530. Já o modelo B é o biposto de treinamento do Mirage 2000 C (as maiores diferenças são a eliminação dos canhões e a menor capacidade de combustível, devido ao segundo assento).

Após o curso de conversão para o Mirage 2000, os pilotos podem seguir para outras unidades equipadas com versões mais modernas e especializadas do jato. Um é  o Esquadrão Cigognes, único inteiramente equipado com o Mirage 2000-5 (antigos Mirage 2000C modernizados há cerca de 15 anos com radar RDY, compatível com os mísseis Mica, também com novos computadores de missão e painel com maior número de telas em relação aos instrumentos analógicos).  Outros são os cinco esquadrões equipados com as duas versões especializadas de ataque, dois deles com o Mirage 2000 N (que pode empregar mísseis com ogiva nuclear, além de armamento convencional e equipa os esquadrões La Fayette e Limousin) e três com o Mirage 2000 D (a última produzida para a Força Aérea Francesa, com sistemas mais modernos que a N, e que equipa os esquadrões Navarre, Champagne e Ardennes). Os pilotos também podem seguir para o Esquadrão Corse de ultramar, baseado no Dijibouti, que tem uma força mista de Mirage 2000 C e Mirage 2000 D.

Posteriormente, os caçadores franceses podem realizar o curso de conversão para o Rafale e voar num dos três esquadrões operacionais equipados com o caça até o momento: Provence, Gascogne e Normandie-Nièmen. Há também o Côte d’Argent, de provas e experimentações, equipado com alguns exemplares de cada um dos tipos acima.

Espera-se que, nos próximos anos, continue a desativação do Mirage 2000 na França conforme o Rafale equipa / reequipa esquadrões. As duas unidades de Mirage 2000 N deverão ser as próximas da lista, já que o planejamento francês atual (Lei de Programação Militar e Livro Branco de Defesa) não cogita sua operação para além de 2020, quando ainda deverão estar na ativa os Mirage 2000-5 (provavelmente nos últimos anos de sua vida operacional), além do Mirage 2000D, este último dividindo as missões com o Rafale ao longo da década de 2020, caso seja modernizado.

Mirage 2000B esq Ile de France na Corsega - foto Força Aérea Francesa

Não se sabe ainda como continuará o treinamento de novos pilotos de caça e a conversão para a primeira linha quando chegar a vez de aposentar os últimos Mirage 2000 C e B, sem falar nos também veteranos treinadores Alphajet. Uma possibilidade é realizar uma mudança radical no sistema de treinamento, introduzindo turboélices suíços Pilatus PC-21, o que inclui uma divisão qualitativa nos pilotos de caça: parte capaz de cumprir todas as missões permitidas pelo Rafale e com mais horas de voo disponíveis ao longo do ano, e parte capaz de realizar apenas parte das missões, dividindo suas horas de voo anuais entre o Rafale e o PC-21, para manter a proficiência. Veja nos links abaixo matérias sobre essas mudanças em curso na Força Aérea Francesa.

Com informações e fotos da Força Aérea Francesa

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Phacsantos

Nunão,
Se entendi bem, apenas parte dos caçadores franceses usarão toda a capacidade “omnirole ” do Rafael. Uma parte (metade?) será mais especializado, correto?
Com isso, não seria mais interessante ter parte da frota de Rafales com menores capacidades (por exemplo, sem capacidade de ataque ar-mar) sendo assim mais baratos de manter também?

Paralelamente, como deve ser no Brasil?

Phacsantos

…com o Gripe!

Phacsantos

Gripen!

Lyw

Phacsantos 29 de maio de 2014 at 21:58

Me metendo um pouquinho nessa história Phacsantos, não vejo nenhuma razão para o fato de Rafales com menores capacidades (no sentido que você falou) serem mais baratos de manter, afinal de contas terão a maior parte dos seus componentes em comum com qualquer outro Rafale, tirando algum sensor ou software, o que não causaria impactos significativos nos custos da manutenção.

Saudações.

Phacsantos

Lyw e Nunão, muito obrigado.

Quanto ao Brasil, minha dúvida não era sobre termos versões diferentes do Gripen.
Mas sobre a qtde de horas dos pilotos.

Todos os pilotos de Gripen voarão (ou devem) 100% de suas horas no Gripen ou haverá essa mesclagem (50% Gripen e 50% ST)?

Abraços

Phacsantos

Obrigado Nunão.

Vi no outro link que serão cerca de 1/6 dos pilotos apenas também.

Rinaldo Nery

Esse conceito de ¨pilotos de elite¨ não existe na FAB. O que há é uma rivalidade sadia entre os Esquadrões de Caça, realçada por ocasião dos Torneios da Aviação de Caça (TAC). O caçador do A-29 é tão bom quanto será o do GRIPEN. Elocubrando, provavelmente, alguma Unidade de GRIPEN terá alguma especialização, como a missão de Reconhecimento Tático. Com poucas horas de voo é muito difícil manter boa proficiência nas missões de Defesa Aérea e de ataque ao solo ao mesmo tempo. O COMGAR/III FAe deverá encontrar uma solução para o problema. Por exemplo: embora os F-5EM façam ataque… Read more »