Eslováquia cogita substituir MiG-29 por um ‘leasing’ de caças Gripen

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caças Gripen decolam na Lion Effort 2012 - foto Saab

Ideia é buscar uma cooperação maior em treinamento e manutenção com as vizinhas Hungria e República Tcheca, que também operam o caça sueco

Segundo notícia publicada pela IHS Jane’s, a Eslováquia está interessada em fazer “leasing” de caças Saab Gripen suecos para substituir sua frota de jatos MiG-29. A informação foi dada pelo diretor do Escritório Nacional de Armamento da Eslováquia, Róbert Tibenský, durante o fóum anual de segurança GLOBSEC realizado na capital Bratislava entre 14 e 16 de maio. Ele confirmou que, por volta de 2020, o país terá que substituir por plataformas modernas a maior parte de seus equipamentos da era soviética.

Tibenský, que assumiu o cargo em 1º de maio, afirmou que os caças MiG-29 sairão de serviço entre 2016 e 2017, e que o caminho mais provável para a Eslováquia será o leasing de aeronaves de combate multitarefa Saab Gripen, prevenindo uma lacuna que poderia ocorrer na capacidade supersônica do país.

Como os países vizinhos República Tcheca e Hungria operam caças Gripen por leasing, a Eslováquia espera combinar uma variedade de operações de apoio internacionalmente, com a possibilidade de realizar conjuntamente o treinamento, aquisições de sistemas de armas, reparos e revisões, o que diminuiria os custos globais do programa.

caças Gripen da Hungria - foto Saab

Outras substituições citadas por Róbert Tibenský são os helicópteros utilitários Mil Mi-17 (por volta de 2020, por concorrência a ser instalada até o final do ano), e os blindados de transporte de pessoal BMP-1, no lugar dos quais se espera novos veículos 4×4 e 8×8.

Porém, o maior obstáculo aos programas pode ser o limitado orçamento de defesa do país: cerca de 0,99 do PIB, o que dá menos de 1 bilhão de dólares, embora se espere aumentá-lo para cerca de 1,2 bilhão até 2018. Cerca de 85% do orçamento de defesa é gasto com pessoal, operação e manutenção, deixando apenas 10% para aquisições. Não há indicações de que a situação orçamentária da defesa melhore mais do que isso.

Ainda sobre o Gripen, o vice-presidente da Saab, Daniel Boestad, disse à IHS Jane’s que “ao escolher o Gripen a Eslováquia se tornaria parte de uma ampla família cooperativa, em que os custos de treinamento, manutenção e revisão são divididos entre três ou mais países, o que também traz um impacto positivo na interoperabilidade multinacional.”

Atualmente, a Eslováquia possui dez caças MiG-29, embora a IHS Jane’s  acredite que apenas dois estão totalmente operacionais.

caças Gripen da República Tcheca - foto Saab

FONTE: IHS Jane’s (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: Saab

COLABOROU: Sandro

NOTA DO EDITOR: recentemente, publicamos notícia sobre a visita do ministro das Relações Exteriores da Suécia, Carl Bildt, à Eslováquia, em que este destacou o interesse dos eslovacos pelo Gripen. Sobre a operação do Gripen por “leasing” na República Tcheca e na Hungria, recentemente (neste ano e em 2012, respectivamente) os acordos foram revalidados por ambos os países. Clique nos links a seguir para saber mais.

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nadimchaachaa

Porque não vemos Rafales, F-18 e outros sendo oferecidos sob regime de leasing? Vem dando tão certo com o Gripen…

nadimchaachaa

Valeu Nunão.
Até nisso o danado é melhor, permite outras modalidades de negócios. Quem sabe não vamos pelo mesmo caminho com ele aqui na AL (Argentina, Uruguai…)?
O Uruguai já não demonstrou interesse em ter um super-sônico, tendo considerado o Gripen caso fosse escolhido pelo Brasil?

Vader

Pra ae fazer leasing tem que ter pós-venda forte e confiável.

A SAAB tem. As outras citadas não.

nadimchaachaa

Vader,

A EMBRAER não tem pós-venda forte e confiável?!
Ou vc está se referindo a Argentina e ao Uruguai como clientes?

Marcelo

ih, se a Suíça quiser alugar Gripens vai ter que correr….o estoque não deve ser muito grande

ci_pin_ha

Será que não seria mais vantajoso modernizar esses MiG-29 através de Israel? Quanto ao Uruguai, acredito que eles possuem capacidade de mante de 8-12 Gripen NG, caso contrario, o melhor é correr para o JF-17, ao menos é algo novo e com boa capacidade, resta saber se tem um bom custo de manutenção. Uma coisa interessante é o baixo numero de aviões e falta de padronização. Já a Argentina, é pura falta de visão mesmo. Nós deveríamos pressionar mais os nossos vizinhos do sul para se aparelharem, claro que também devemos acelera nossa modernização. É de vital importância a integração… Read more »

Marcelo Pamplona

A Eslováquia, pelo menos aparentemente, leva a sua segurança áerea a sério!

Também pudera, quanto mais perto do “urso”, mais forte o seu rosnado!

juarezmartinez

Marcelo eu já andei por aquelas paragens e eles sabem muito bem o que é ter um T 72 passando por cima do pescoço e pode ter certeza, com a vida que levam hoje, vão cair de pau encima dos Russos nem que seja a dentada.

Grande abraço

Observador

Se os três países criarem um pacto de defesa mútua e usarem o mesmo avião, terão uma força de dissuasão considerável.

E sai até mais barato para a Eslováquia.

Sim, porque manter avião soviético velho (os Migs foram adquiridos ainda na década de oitenta) e com logística sofrível deve ser salgadíssimo.

Sem falar que a Rússia está logo ali do lado; qualquer problema com ela e os Migs ficam “na chon”.

Melhor mesmo é apostar a defesa aérea em outro avião, de outro fornecedor.

Vader

nadimchaachaa
20 de maio de 2014 at 12:55 #

Me refiro à Dassault, aos russos e, em menor medida, à Airbus.

A SAAB tem reconhecidamente o melhor pós venda do mundo militar. Mesmo gigantes como Boeing e LM ficam atrás dela nesse quesito (pouco, é verdade).

Leasing depende de confiança, acima de tudo.

Sds.

Guilherme Poggio

É. Com menos de um bilhão de dólares fica difícil ter alguma Força Armada decente.

O negócio mesmo seria fazer um acordo com a vizinha e mais rica República Tcheca para patrulhamento conjunto.

Marcelo Pamplona

Nunão;

Acho que me expressei mal.

Realmente, investir menos de 1% do PIB em Defesa é algo ridículo.

Mas mesmo com tão parcos recursos, pelo menos, planejam renovar suas aeronaves.

Daí sair do papel, são outros 500… que o diga a Suíça!

Abço

Marcelo Pamplona

juarezmartinez;

Pois é, eu sei que o povo daquelas paragens tem muito ressentimento dos russos, em especial do episódio de dura repressão da “primavera de Praga”, quando ainda era a Tchecoslováquia, claro.

Abço.

Marcos

Leasing: solução para a Suíça.

nadimchaachaa

Vader,

Entendi, desculpe a confusão, deu uma embaralhada no raciocínio…rrss…

Sds.,
Nadim.

Marcelo Pamplona

Nunão;

Com você já bem disse, creio que o mais lógico seria a escolha pela opção do leasing do Gripen, ao invés do F-16, até porque melhoraria a padronização operacional com os “irmãos eslavos” (húngaros e tchecos) num eventual sistema de defesa tripartite.

Não sei se os custos de um eventual leasing de F-16 seriam mais baixos ou mais altos que os do Gripen, mas dados os recursos escassos, creio que prevaleceria o sueco, por conta da eventual racionalização da logística e doutrina operacional conjunta.

rommelqe

Operações de leasing tem sido cada vez mais praticadas, porém esta antiga modalidade não deve ser analisada apenas sob um foco mais tradicional. As empresas hoje conduzem cada vez mais seus negócios com base no chamado ROCE (return on capital employed), ou seja, procura-se cada vez mais ganhar encima do capital de terceiros. Notar, por exemplo, as inúmeras aeronaves fornecidas pela propria EMBRAER a empresas operadoras de leasing. Claro que forças armadas não podem, necessariamente pensar assim (no Brasil as FFAA grosso modo, por lei são proibidas de utilizar equipamentos de terceiros – o Poder Aereo aqui já analisou esta… Read more »