Growler operando no Japão - foto via Navair

Executivo da empresa alega que USN precisará de outras 100 aeronaves da família para atender às suas futuras necessidades

Na segunda-feira, 5 de maio, a Boeing entregou à Marinha dos EUA (USN), o centésimo jato de ataque eletrônico EA-18G Growler, derivado do caça F/A-18 E/F Super Hornet. Na cerimônia, realizada nas instalações da empresa em St. Louis (Missouri), foi destacada a necessidade de ampliar a capacidade de ataque eletrônico tanto da USN Forças Armadas dos Estados Unidos.

Em nota sobre a cerimônia, a Boeing afirmou que os programas do Super Hornet e do Growler são garantem 60.000 empregos nos Estados Unidos, com 800 fornecedores em 44 estados e impacto econômico anual de 3 bilhões de dólares.

O gerente dos programas F/A-18 e EA-18G na USN, capitão Frank Morley, afirmou na cerimônia que “dado o ambiente de ameaças para o qual estamos nos movendo, o Growler terá um papel principal na identificação, acompanhamento, designação e potencial disparo no inimigo. É um instrumento de alta demanda, crítico em desfazer as operações inimigas e reforçar as nossas.”

Segundo a Boeing, o Growler é a única aeronave em produção que oferece capacidade tática de interferência  (jamming) e proteção eletrônica para os Estados Unidos e forças aliadas. Espera-se que o jato esteja em serviço pelo menos até 2040.  Atualmente, a USN tem 22  Growlers em sua lista de prioridades ainda não cobertas pelo orçamento fiscal de 2015, sendo que as atuais encomendas tanto deste jato de ataque quanto do Super Hornet permitem que a produção vá até o final de 2016.

Mike Gibbbons, vice presidente da Boeing para os programas F/A-18 eEA-18G, destacou que todas as entregas de Growler foram feitas no prazo e dentro do custo estabelecido, reforçando a necessidade mais jatos do tipo no futuro. Para a Boeing, segundo Gibbons, “a Marinha precisa de 50 a 100 novos aviões para atender a seus futuros requerimentos.” Em 27 de março, o almirante Jonathan Greenert, do Comitê das Forças Armadas no Senado dos Estados Unidos, descreveu o Growler como uma “capacidade extraordinária”  e enfatizou a necessidade de mais aeronaves.

Growler enganchando em convoo - foto via Navair

Nota da USN cita novo interferidor (jammer) do Growler para substituir o atual, herdado do antecessor Prowler

Em nota sobre a cerimônia, a USN também destacou as capacidades do EA-18G Growler, criado a partir do F/A-18F Super Hornet Block II para substituir os jatos EA-6B Prowler, especialmente o fato de sua capacidade embarcada de ataque eletrônico combinar modernos avanços nos sistemas e armas para essa missão com a versatilidade tática, avanços e capacidades do Super Hornet Block II. O primeiro Growler foi aceito pela USN em 3 de agosto de 2006.

Com novas tecnologias como o interferidor de nova geração (Next Generation Jammer – NGJ), o EA-18G terá mais capacidades na arena de guerra eletrônica do que o antecessor EA-6B, já que no momento o Growler ainda utiliza os casulos (pods) interferidores ALQ-99 do Prowler. Espera-se que o novo interferidor substitua o antigo no início de 2020, com as vantagens de possuir antenas de varredura eletrônica ativa e um casulo mais leve e aerodinâmico, permitindo maior velocidade, letalidade e capacidade ao Growler.

Este 100º Growler (foto abaixo) apresentado na cerimônia deverá ser aceito na próxima semana no Esquadrão de Ataque Eletrônico (VAQ – Electronic Attack Squadron) 129 de Whidbey Island, Washington, antes de sua transferência para um esquadrão operacional da frota.

Cerimônia de entrega do Growler número 100 à USN - foto Navair

Reuters destaca apoio político para conseguir encomendas adicionais, que manteriam linha de St. Louis aberta por mais tempo

Reportagem da Reuters publicada no dia 5 destacou que a Boeing, assim como seus apoiadores para a continuidade de produção da família Super Hornet / Growler, aproveitaram a cerimônia para lutar pelos 2,1 bilhões de fundos para a produção de 22 jatos EA-18G dentro do ano fiscal de 2015. Centenas de trabalhadores da empresa estiveram presentes nas instalações de St. Louis para apoiar a cerimônia de entrega d0 100º Growler.

Parlamentares do Missouri disseram já ter conseguido mais de 80 assinaturas de republicanos e democratas a favor do financiamento da aquisição, e o sindicato que representa os trabalhadores que produzem o jato enviarão 26 membros a Washington, na semana que vem, para fazer lobby pela continuidade da linha de produção.

O senador Claire McCaskill, democrata do Missouri que é membro do Comitê das Forças Armadas do Senado dos EUA, disse que o desempenho do programa da Boeing, com entregas no cronograma e dentro do custo, oferece um grande contraste com o programa do F-35 da Lockheed Martin, com custos ultrapassando os orçamentos e atrasos descritos como “embaraçosamente ruins”.

Embora oficialmente a Boeing reforce que o Growler deverá trabalhar em conjunto com o F-35 nos convoos dos navios-aeródromos americanos, executivos da empresa deixaram claro que seu jato também realizará algumas missões hoje feitas por aviões de ataque.

Ainda comparando os jatos da Boeing com o da Lockheed Martin, o senador McCaskill disse que o Super Hornet oferece 85% das capacidades do F-35 a um custo muito menor. Por seu lado, os defensores do F-35 se preocupam com um eventual revés nos planos da USN de receber 260 caças F-35 a partir de 2019 no caso do Congresso continuar provendo fundos para os jatos da Boeing. Esta última tem diminuído a importância das características furtivas do F-35, argumentando que radares inimigos avançaram e que o Growler é o único avião americano que pode lidar com toda a gama de ameaças de radares adversários. Por seu lado, a Lockheed Martin insiste que seu F-35 foi projetado para entrar em combate sem apoio de aeronaves como o Growler, tendo capacidades de guerra eletrônica próprias.

Growler decolando na neve no Japão - foto via Navair

Aos repórteres presentes, o executivo Mike Gibbons da Boeing falou sobre possíveis encomendas de 24 a 60 jatos Super Hornet no Oriente Médio, e que o Canadá também deverá divulgar, nos próximos meses, seus planos sobre novos caças. Também há uma campanha em andamento na Dinamarca, para onde foram enviados nesta semana simuladores do F/A-18 e está programada uma exibição do caça em voo.

Na segunda-feira, a empresa havia amargado más notícias com a proposta parlamentar de se acrescentar fundos para apenas cinco EA-18G, bem menos do que a lista de “prioridades sem fundos” da USN de 22 jatos. A alegação do comitê parlamentar foi de que não é possível ter fundos para salvar todos os programas.

Quanto a fundos de outros anos fiscais, Gibbons afirmou que a Boeing conseguiu um acordo com a USN para um contrato multibilionário de 47 jatos  Super Hornet e Growler, financiados pelos anos fiscais de 2013 e 2014, e espera a assinatura do contrato nos próximos dois meses. O acordo incluiria 11 jatos F/A-18 Super Hornet do ano fiscal de 2013, 21 jatos EA-18G Growler do ano fiscal de 2014, 12 exemplares de Growler para a Austrália e três EA-18G incluídos num acordo legal com o Governo dos EUA.

FONTE: Boeing, Marinha dos EUA e Reuters (compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em inglês)

FOTOS via Naval Air Systems Command (a terceira foto de cima para baixo é da cerimônia, as demais são em caráter ilustrativo)

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Alfredo Araujo
Claudio Calabria

O fato é que o Growler se tornou uma arma excelente e agora fundamental. A soma Growler + F-35 promete.

Alfredo Araujo

Não sei se essa dupla é compatível Claudio…

Na minha opnião, um Growler não acompanharia um F-35 em uma ataque em profundidade… sendo um stealth e o outro não… não tem sentido… correto ? O Growler “saltaria aos olhos” do operador de radar e o F-35 continuaria “invisível”…

E em um cenário onde não é necessário um avião de ataque stealth… qual o sentido de usar um F-35 ?

joseboscojr

Alfredo, Essa discussão está bombando no âmbito da USN. O lobby do F-35 diz que ele é plenamente capaz de operar de forma isolada em qualquer cenário. Já o lobby do EA-18G diz que ele é essencial para que o F-35 cumpra sua missão em alguns cenários mais acirrados. Se eu tivesse que escolher ficaria com a sua opinião e com a opinião da turma do F-35. rsrsss Até onde eu sei o conceito de se usar um caça stealth com as características do F-35 é bem fundamentado. Acho que a USN deve sim adquirir mais uns 100 EA-18G, mas… Read more »

Claudio Calabria

Entendi, mas então, qual seria a melhor combinação?

Os Super Hornets ficarão em serviço muito tempo?

O único avião que “abateu” um F-22 em exercício no 1 x 1 foi o Growler, e como avião de guerra eletrônica, creio que mesmo não sendo Stealth, ele consegue ludibriar e atacar (eletronicamente) outros aviões e solo. Sendo assim, uma combinação de um avião que “abrisse” os caminhos com outro que destrói sem ser visto, seria boa acho.

joseboscojr

Eu e minha ansiedade. rsrss
Escrevi meu comentário lendo apenas os comentários dos colegas mas sem ler o texto do artigo e acabei que fui redundante.

Alfredo Araujo

Concordo Nunão… Só q ai dependeria da missão…

Por ser uma técnologia passiva, acredito q o avião stealth seria de melhor valia onde a surpresa é necessária, pois ele não alertaria o inimigo até q as bombas caissem…

Já o jamming feito por um avião de guerra eletrônica alerta o inimigo da sua presença, mesmo que (geralmente) o incapacite de se defender…Vai q o inimigo pode recorrer a outros meios de defesa…

O ideal seria um F-35 de guerra eletrônica !! rsrs

joseboscojr

Alfredo,
O inimigo irá empregar as ECCMs e estas podem superar as ECMs do EA-18G.
Por exemplo, esse equipamento russo (Krasuha 2 e 4) foi feito para cegar as aeronaves AWACS, JSTAR, radares de caças e sistemas de ECM.
comment image

Já superar a furtividade é mais difícil, desde é claro, que se mantenha a distância segura do radar.

joseboscojr

Os próprios radares que são alvos do EA-18G irão empregar ECCMs para driblar a interferência da aeronave, utilizando técnicas de salto de frequência, etc.
Por sua vez a própria aeronave interferente, que implementa o ataque eletrônico, no caso o EA-18G, irá sofrer também um ataque eletrônico de modo a tentar incapacitar seus sistemas.
Pensando nisso, o uso conjunto de aeronaves convencionais apoiadas por ECM maciça e aeronaves furtivas, parece ser o ideal.

Ivan

“…uso conjunto… ( ), parece ser o ideal.”

Finalmente!

Combinação de meios provavelmente é o caminho mais sensato, podendo incluir no pacote acima os drones armados (UCAV).

Imaginar que apenas uma arma pode construir a vitória é simplificar demais, principalmente quando os “inimigos” está tendo muito tempo para organizar suas defesas.

O programa JSF atrasou.

A realidade dos possíveis teatros de operação evoluiu.

A furtividade ainda é o futuro, mas não pode ser vista como a panaceia da guerra aérea moderna. É essencial, mas não pode ser aplicada isoladamente. Não mais.

Grande abraço,
Ivan, o encrenqueiro.

Nick

Se os EUA se virem obrigados a usar o Growlers em conjunto com os F-35 para garantir a sobrevivência deste último, o F-35 terá falhado no seu propósito de ser um substitulo único em missões de ataque, e em uma última análise, sua furtividade falhado também.

O X-47B(ou equivalente) para ser o futuro da US Navy ou da USAF.

[]’s

joseboscojr

O uso conjunto que eu, a USAF e a USN acredita é por um lado os furtivos atuando isoladamente e por outro lado os convencionais atuando com apoio de ECM e quando for o caso lançando mísseis cruise ou atacando em baixo nível (que está fora de moda). É a esse uso conjunto que me referi e não ao uso conjunto do F-35 com o EA-18G. Mas mesmo que venha a ocorrer esse uso conjunto a que me referi (F-35 + EA-18G) não vejo nenhuma razão para o desespero geral. Acharia normal. Só que quem defende esse uso conjunto é… Read more »

Claudio Calabria

Obrigado Nunão.

Dado essas informações e os inúmeros tipos de inimigo, sistema de defesa e teatros de combate, sorte e competência dos americanos que possuem diversas ótimas ferramentas, que poderão ser utlizadas em várias combinações, dependendo da demanda e circunstâncias.

Super Hornet + Growler + F-35 + X-47B(ou equivalente).

Isso só falando de Marinha…

Fighting Falcon

Cel. Nery,

Sabe me dizer como está o desenvolvimento da doutrina de Guerra Eletrônica da FAB?

O CGEGAR tem dentro dos estudos dele a utilização de alguma aeronave de combate dedicada a esse fim?

Como o 2º/6º GAv atuava bastante dentro desse ambiente, creio que o Sr. é a pessoa indicada para falar a respeito do assunto.

Tks