Principal caça da USAF ainda não se comunica com outros tipos de plataformas e, portando, não atua dentro da mesma rede de troca de informações

 

F-22 decola em show aéreo em Nellis, nov de 2010 - foto USAF

A Lockheed Martin demonstrou que pode corrigir uma das maiores falhas dos seus caças furtivos F-22 e F- 35: a incapacidade de enviar e receber dados de uma aeronave para outra [NT: embora seja possível a transferência de dados de um modelo de aeronave furtiva  para outra do mesmo modelo, a tecnologia atual apresenta limitações] ou para caças de gerações mais antigas, como parte da filosofia de guerra centrada em redes.

A empresa apresentou recentemente um novo recurso de enlace de dados (datalink) para os caças através do Projeto Missouri. Durante a demonstração, a Lockheed validou a utilização do sistema de enlace de dados atual Link 16 para o bimotor F 22 Raptor, bem como apresentou uma forma de onda desenvolvida pela L- 3 Communications e otimizada para LPI/LPD (low-probability-of-intercept/low-probability-of-detection transmissions), disse Ron Bessire, vice -presidente de tecnologia e inovação da Skunk Works.

A demonstração necessitou de oito horas de voo e ocorreu entre os dias 17 e 19 de dezembro, disse Bessire à Aviation Week. Os ensaios empregaram um F-22 Raptor da Força Aérea (USAF), bem como um F-35 “Cooperative Avionics Testbed “(Catbird), um laboratório voador baseado no Boeing 737 que é usado para testar o software do Joint Strike Fighter. O F-22 foi capaz de transmitir a um terminal Link 16 em solo.

O F-22 foi projetado para se comunicar apenas com outros Raptor em um esforço para reduzir as emissões dos aviões e manter a discrição do sinal no caso de um engajamento simples. No entanto, por causa de uma redução drástica no número de Raptors adquiridos – 187 aviões operacionais – a aeronave deve agora se comunicar com o F-35 que deverá entrar em serviço no próximo ano, bem como os caças de “quarta geração” como o F-15 , F -16 e o F- 18.

A chamada capacidade “quarta-para-quinta”  foi destacada como uma necessidade na semana passada pelo Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, o brigadeiro Mark Welsh, durante o simpósio anual da Air Force Association Air Warfare em Orlando, na Flórida, mas faltava uma exigência concreta e financiamento. Descrevendo a tecnologia como “nada cósmico”, Welsh disse que tal ligação ampliaria o alcance e melhoraria a eficácia de cada plataforma e, em última análise, o que é necessário é o manuseio de qualidade dos dados, ou seja, dados de uma aeronave podem ser utilizados por outra para disparar com precisão um artefato.

“Nós demonstramos que os dados foram transmitidos a uma taxa elevada [o suficiente] para apoiar a rápida atualização das faixas aéreas para quem possuía Link 16 “, disse Bessire.

Caso essa capacidade siga para a área operacional, o F-22 poderia ser usado para melhorar a eficácia do F-15 e do F-16 em uma batalha aérea em que a maioria dos caças mais antigos não possui um radar de varredura eletrônica ativa. O radar da Northrop Grumman  instalado no F-22 é capaz de detectar ameaças aéreas a distâncias muito superiores às dos radares dos caças mais antigos.

Bessire disse que a “onda LPI/LPD ainda precisa de alguma maturação adicional”, mas ele se recusou a discutir se está em uso em outra plataforma. Tal forma de onda seria útil para o B-2 , novas aeronaves não tripuladas como a Northrop Grumman RQ-180 e qualquer outro sistema na esperança de reduzir as emissões de frequência de rádio para realizar operações furtivas. Os equipamentos ainda estão em um nível de prontidão tecnológica 9, disse ele, indicando que mais trabalho precisa ser feito antes que possa ser comprovada em um ambiente relevante e conquistar o status de programático completo do Pentágono.

A instalação do chamado rack de “arquitetura de sistema aberto ” (OSA) assim como o rádio ocorreram dentro de um ano desde que começaram os esforços para adicionar o Link 16 no Raptor, disse Bessire. Os racks OSA também permitem outras operações , tais como ataque eletrônico distribuído, embora esta não tenha sido demonstrada. “O que aprendemos nesta demonstração é que há um poder tremendo na Força Aérea para padrões de arquitetura de missão aberta”, diz Bessire. O equipamento foi instalado na baia de aviônicos do F-22.

Através do Projeto Missouri, a Lockheed está tentando atingir uma capacidade semelhante à oferecida pelo JetPack (Strike Fighter Enterprise Terminal) da Northrop Grumman Joint em um avião furtivo. O Jetpack foi uma solução montada em casulo externo e incorporada nos caças furtivos F-22 e F-35, mas que compromete a baixa seção reta radar dessas aeronaves.

A Lockheed está apresentando os resultados para oficiais da Força Aérea e espera que haja um requisito oficial para tal capacidade. Fornecedores como a L-3 compartilham o custo da demonstração. Mas a equipe está esperando por um sinal da Força Aérea para continuar o trabalho. Se o financiamento não fosse um problema, o sistema Link 16 para o F-22 poderia estar operacional até o final deste ano, diz Bessire. “Um dos objetivos da demonstração foi a criação de um projeto reutilizável seja software ou hardware”, diz ele.

Funcionários da empresa estão ansiosos para ver a reação da Força Aérea. O programa foi apelidado de ” Projeto de Missouri “, como uma resposta a uma demanda do comandante do Air Combat Command, brigadeiro Michael Hostage . Ele disse para a empresa “mostre-me” que é possível quando a Lockheed informou os planos para a demonstração para ele antes no início dos ensaios. Isto, Bessire observa, é o lema do Missouri , o estado “mostre-me”.

FONTE: Aviation Week (tradução e adaptação do Poder Aéreo a partir do original em inglês)

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