Caças russos na FAB: para a IstoÉ, negociações decolaram; para a Veja, um negócio de risco

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Sukhoi T-50 - protótipos - foto 5 Sukhoi

IstoÉ –  Russos nos céus brasileiros. As negociações entre o Brasil e a Rússia no campo militar, enfim, decolaram

ClippingNEWS-PAAs negociações entre o Brasil e a Rússia no campo militar, enfim, decolaram. Na quarta-feira 16, o governo brasileiro fechou um contrato de US$ 1 bilhão para a compra de baterias antiaéreas e a construção conjunta de aviões de caça russos. Os equipamentos estarão disponíveis já em 2014, para uso antes da Copa do Mundo.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que o País, diante da cooperação bélica, está pronto também para ajudar a desenvolver em o projeto russo Sukhoi T-50, que já conta com cinco protótipos voando e que servirá de base para um outro modelo a ser produzido em parceria com a Índia. E mais: a indústria aeronáutica russa participará, a partir de agora, da concorrência para venda de caças à Força Aérea do Brasil, já disputada pelos modelos F/A-18, da americana Boeing, o francês Rafale, da Dassault, e o Gripen, da sueca Saab.

Su-35 - foto 3 Sukhoi

Veja – Um negócio de Risco. Por não incluir um pacote de manutenção eficiente, a compra ou o aluguel de caças russos seria um pesadelo

 

A compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), um negócio de 10 bilhões de reais, se arrasta desde 1998. Já estiveram na disputa o Gripen sueco, o Rafale francês, o F-18 americano e o Sukhoi russo. Esse último foi desclassificado da concorrência ainda em 2003, por questões técnicas. Atualmente, a escolha do F-18, fabricado pela Boeing, é dada como certa pelos oficiais da Aeronáutica. O anúncio da compra, porém, foi adiado no mês passado em resposta à revelação de que os serviços de inteligência americanos andaram espionando as comunicações da presidente Dilma Rousseff.

Nada de especial contra ela — na semana passada, descobriu-se que a primeira-ministra alemã Angela Merkel e outros 34 líderes mundiais foram grampeados —, mas o ministro da Defesa, Celso Amorim, parece achar que atrasar um negócio que também interessa ao Brasil não é o suficiente para espezinhar os americanos. Há duas semanas, durante a assinatura de acordos de 2 bilhões de reais para a importação de baterias antiaéreas, Amorim deu corda a uma proposta de Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia, para reabilitar o Sukhoi na concorrência dos caças. Shoigu sugeriu que o Brasil faça um leasing de unidades do Sukhoi-35 a partir de janeiro de 2014, quando os doze Mirage da FAB em operação já terão sido enviados ao ferro-velho. Na Aeronáutica, reina um misto de descrença e pânico.

A preocupação dos brigadeiros tem como lastro a experiência da Venezuela, que comprou 24 aviões de combate Sukhoi e trinta helicópteros russos. O que deveria ter transformado o regime chavista em uma potência militar revelou-se um mico. A péssima ou inexistente rede logística de pós-venda russa condena a flotilha venezuelana ao sucateamento. Apenas seis caças estão em condições de voo. Os demais não saem do chão por falta de peças, que levam até dois anos para ser entregues. Quanto aos helicópteros, seis de trinta já caíram por falta de manutenção, matando 31 militares venezuelanos. O mais recente acidente aconteceu em maio do ano passado, com quatro mortes. Metade dos helicópteros restantes está impedida de voar por problemas técnicos.

Os militares brasileiros também estão tendo problemas com os helicópteros russos MI-35 comprados em 2008. Foram encomendadas doze unidades para ser entregues em 2011, mas até agora só nove pousaram em solo nacional. Um major-brigadeiro da FAB disse a VEJA que a falta de peças já compromete a segurança de alguns equipamentos. Os russos tentaram convencer a Embraer a fazer a manutenção por eles, mas a empresa Aeronáutica brasileira recusou, com medo de ver a sua reputação manchada por algum acidente. “O Brasil vai repetir o erro do meu país e pôr a vida dos seus militares em risco se insistir em comprar aviões com base em critérios políticos e não técnicos”, diz Mario Iván Carratú Molina, ex-diretor do Instituto de Altos Estudos da Defesa Nacional da Venezuela.

FONTES: IstoÉ (coluna de Hugo Cilo) e Veja (reportagem de Leandro Coutinho), via Notimp

FOTOS: Sukhoi

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Edgar

Meu maior medo é da I$toè ser bem “fontada” no governo da Madam.

Se bem que pensando pelo lado “positivo”, se é que tem, é que, pelo visto, esta é a única forma aceita pela Madam de devolver certa operacionalidade à Força.

champs

Só lembrando que a hipótese de leasing do Su-35 esta dentro de um pacote maior, no qual o Brasil entraria no projeto do T-50, e este logicamente teria uma cadeia de fornecedores nacionais envolvidos.

O Su-35 seria apenas uma alternativa para cobrir a lacuna dos Mirage de Anápolis, tanto é que o contrato seria por leasing.

A reportagem da Veja distorceu tudo quando não incluiu o contexto da oferta do Su-35. E ainda omitiu a declaração do Ministro da Defesa que deixou claro que havia uma concorrência em vigor e que ela era a prioridade.

Marcos

Eis ai a resposta para quem tanto quer os caças russos.

Baschera

KKKKKK….. ai está a resposta a alguns que me diziam…. “prove que os Su-30 da FAV não voam”…. e emendavam “veja as fotos deles em desfile”… etc…. idem para os Mil Mi-171…. mesmo com matéria no Voo Tático, a mais de ano, mostrando a penúria destes helis.

E não foi a imprensa PIG quem disse… foi um Major Brigadeiro da FAB, que entende e sabe do riscado.

No entanto, as duas matérias tem credibilidade a luz do que se sabe hoje.

Saber o que vai acontecer…. é mais fácil acertar na mega-sena.

Sds.

jura_gol

O olhar sombrio que as revista ISTO É E VEJA tem do FX-2, não me importam ,também não deveriam importar para nós que somos leitores e frequentadores deste site.Estes manés usam informações do site , mas deturpam a verdade que escrevemos e comentamos aqui, se eles querem saber como funciona a coisa procurem pessoal apto para o serviço e deixe-os trabalharem com autonomia , Alexgalante,Pogio,Nunão ,garanto que estarão a disposição para uma consultória de verdade sobre o assunto, o resto é materia sabotada de algum site de segunda.

Nick

A questão logística é importante, e nada melhor que uma compra no formato de leasing para avaliar o mesmo. 🙂

Sobre os Su-30 venezuelanos, agora tem uma explicação do porque dos mesmos não aparecerem nas fotos, só os velhos F-16A/B.

[]’s

Baschera

Nick,

O assunto “equipamentos russos na Venezuela” conforme citado na matéria… não é nenhuma novidade.

Em blogs e fóruns de língua espanhola, alguns mencionavam isto…sempre retrucados pelos “bolivarianistas” de plantão.

Veja, por exemplo, a matéria abaixo, que já coloquei aos amigos aqui do P. Aéreo em outra ocasião… lá em 2011.

http://vootatico.com.br/equipamentos-militares-parados-na-venezuela/

Sds.

Guilherme Poggio

O problema na Venezuela não está restrito a este ou aquele equipamento de uma única procedência.

O problema é geral. Aeronaves com história de altos índices de segurança e outras nem tanto estão tendo problemas.

Vocês acreditam mesmo que a questão da origem do equipamento explique tudo?

http://www.aereo.jor.br/2012/04/03/cinco-acidentes-e-21-militares-mortos/

http://www.aereo.jor.br/2012/11/29/soltou-pecinha/

eduardo pereira

Nao creio que o problema seja a origem dos equipamentos nao ,pois nao se ouve falar sobre quedas constantes de avioes ou helis la pras bandas da mae Russia e sobre logistica pos venda, acredito que se torna melhor e mais estruturada dependendo da demanda e continuidade do fornecimento de materiais e pra mim se a Embraer realmente nao quis fazer manutençoes em aeronaves russas foi por motivos politicos e eles nao vao montar fabricas e angares de manutençao pra ficarem aqui parados por meros 12 helis e talvez alguns Su 35 emprestados (leasing),mas se a demanda for maior tudo… Read more »

thomas_dw

cada revisfa fala a besteira que quer.

Marcos

Queda de helicóptero na Bahia.

http://www.youtube.com/watch?v=5ZSA1gyzaCM

costamarques

Acredito que sim! podemos operar e manter aviões SU-35, o que vale nessas horas são os contratos, comprar aviões de prateleira da nisso mesmo, agora se fizermos um contrato bem feito com documentação técnica, peças sobressalentes, treinamento de mecânicos etc, poderemos sim operar essa aeronave, mas no final das contas fica a pergunta: Para que? proteger Brasilia, Pré-sal, itaipu, etc… Nosso pais não esta em condições de brincar de guerra fria, não temos inimigos em nosso continente e em outros também não, não temos munição para suportar 1 dia de combate com qualquer potencia da Europa, na minha opinião o… Read more »

Mayuan

Nenhuma novidade em se tratando das linhas editoriais das mencionadas revistas uma vez que é público e notório que a IstoÉ é o semanário do PT e a Veja o semanário do PSDB.

Corsario137
eduardo pereira

Corsario137, ta sumido hein fiot!rs Ou este será O bombardeiro viu !!

Baschera

Guilherme Poggio
28 de outubro de 2013 at 13:17

Vocês acreditam mesmo que a questão da origem do equipamento explique tudo?

É claro que não.

Outros fatores tão ou mais importantes existem, como a falta de orçamento e a manutenção falha, por exemplo.

Os venezuelanos anunciaram dias atrás o gasto de alguns milhões de dólares em partes, peças de reposição e até mesmo a modernização de vários itens de seu equipamento militar.

Por isto, um item isoladamente pode não explicar tudo.

Sds.

Marcelo

só tenho um comentário sobre isso:

se os russos foram excluídos do F-X2 por se recusarem a transferir a tecnologia do Su-35, o que aconteceu agora, que estão dispostos a repassar tecnologia do muito mais avançado T-50? Muito esquisito. Russos gostam de vender e depois não gostam nem de dar assistência técnica direito…o que dirá ToT…

bem…só vejo com bons olhos se algo mudou, mas duvido muito!

Abraços,
Marcelo

Marcos

O que vejo:

1) A quase duas décadas ninguém consegue decidir qual caça equipará a FAB;

2) O problema é que a fila anda, ou deveria andar. Resultado: vão se acumulando problemas.

3) E eis os problemas: sem caças, sem jatos de treinamento, sem avião para treinamento elementar, sem aviões de longo alcance para transporte de cargas/tropa/reabastecimento e daqui a pouco sem aviões de ligação.

Mayuan

Marcos: Realmente, a inação governamental e da própria FAB está levando a força à fraqueza, com o perdão do péssimo trocadilho. Mesmo assim, se as coisas fossem como comentei em outro tópico, ou seja, com a FAB recebendo um orçamento fixo destinado a investimentos e reequipamento, com ele decidindo autonomamente e com base em critérios estritamente técnicos o que precisa comprar, a coisa seria bem mais fácil. Nesse contexto, o que seria necessário pra resolver algumas dessas questões que você muito bem levantou seriam simples e poderiam estar dentro de casa. Sendo que quando digo dentro de casa, digo na… Read more »

Mayuan

rsrsrs, essa última frase vocês podem desconsiderar.

Augusto

Amigos, não culpem a Rússia pelo fato de caças e helicópteros da Venezuela estarem no chão. A explicação para os groundeados é a mesma que fundamenta o desespero do Brasil para receber o pagamento de dívidas feitas pelo Chavito: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/10/1363029-brasil-agora-cobra-calotes-da-venezuela.shtml

Caracas em pouco tempo se tornou a capital mais violenta da América Latina. A Venezuela está indo para o buraco a passos largos. Não culpem a Rússia pela incompetência administrativa dos bolivarianos.

Augusto

Em suma: se não há dinheiro para honrar as dívidas externas mais básicas, muito menos haveria para fazer manutenção de equipamentos militares.

Mayuan

Beleza Nunão, valeu pela correção. Foi pesquisa porca de Wikipedia mesmo rsrsrs. Mas me fala, o que você acha, fariam ou não uma boa figura para ocupar a lacuna deixada pelo Xavante na tarefa de fazer a transição do A-29 para a caça de primeira linha?

cristiano.gr

O Su-35 é como o Grêmio. IMORTAL.

Colombelli

O problema é menos a origem do equipamento do que o fato de que ditaduras mequetrefes de esquerda de quinta categoria sempre compram armas para pagar embuste em desfiles.

Esquecem que adquirir é so a primeira condição. É preciso treinar pessoal de apoio e operadores, manter cadeia logistica operante, desenvolver doutrina dentre ouras coisas.

Quanto mais sofisticado o equipamento, maores as necessidades de apoio. Por isso a FAV é praticamente inoperante.