MD Indiano defende modernização do Mirage 2000, apesar do alto custo

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Mirage 2000 India - foto Força Aérea Indiana

Valor da modernização, por caça, é de cerca de 30 milhões de dólares – porém, somando custos como o da transferência de tecnologia que permitirá modernizar na Índia 49 dos 51 jatos, o valor total do programa de 3,2 bilhões de dólares, dividido pelo número de aeronaves, ultrapassa o custo unitário de 62 milhões de dólares

Segundo reportagem do jornal Times of India publicada nesta terça-feira, 5 de março, o alto custo da modernização dos caças Mirage 2000 indianos gera preocupações (“raises eyebrows”, literalmente levanta sobrancelhas) no país. Não deveria a Índia simplesmente adquirir novos caças ao invés de modernizar seus 51 jatos Mirage 2000 por um custo exorbitante? Essa questão foi levantada novamente na segunda-feira, quando o ministro da Defesa da Índia, AK Antony, disse ao parlamento que o custo de modernização era de Rs 167 crore por aeronave (aproximadamente 30 milhões de dólares).

Segundo a reportagem, o último dos Mirage 2000 contratados pela Índia (os primeiros foram introduzidos no país em meados da década de 1980) custaram 133 crore (cerca de 24 milhões de dólares) cada. Porém, numa carta em resposta a Lok Sabha, o ministro Antony disse: “Aplicando uma escalada de 3,5% ao ano, como fez o comitê de revisão de política de preços sobre o ano de 2000, isso significa Rs 195 crore (aproximadamente 35,5 milhões de dólares) em valores de 2011. Assim, a modernização vai custar 85% do custo escalado da aeronave.”

O jornal, porém, destaca que o valor de Rs 167 crore não corresponde ao que significa o todo do programa de modernização. Estimado em Rs 17,547 crore (aproximadamente 3,2 bilhões de dólares), o programa inclui transferência de tecnologia à Hindustan Aeronautics (HAL), que entregará 49 dos 51 jatos modernizados (os dois primeiros serão responsabilidade da França). Se esse valor total for levado em conta, o custo de modernização de cada Mirage subirá para Rs 344 crore (cerca de 62,7 milhões de dólares).

Mirage 2000 India - foto 2 Força Aérea Indiana

A Índia assinou dois diferentes contratos do programa de modernização, que foi lançado no ano passado com a ajuda das empresas francesas Dassault Aviation (fabricante do caça) e Thales (integradora do sistema de armas).

Em julho de 2011, o valor do contrato para o programa de modernização foi finalizado em Rs 10,947 crore (quase 2 bilhões de dólares), incluindo tanto as partes relativas aos trabalhos das companhias francesas e da HAL. Então, no início do ano passado, foi assinado com a MBDA um segundo contrato de aproximadamente Rs 6,600 crore (1,2 bilhão de dólares) para 490 mísseis ar-ar avançados MICA do tipo “dispare-e-esqueça”, para armar os jatos. Segundo apurado pelo jornal, todo o pacote poderá cruzar a faixa de Rs 20,000 crore (3,6 bilhões de dólares) para ser completado ao longo da década.

Ainda assim, tanto o Ministério da Defesa quanto a Força Aérea Indiana defendem a necessidade da modernização para permitir que os jatos Mirage 2000 tornem-se “virtualmente novos caças”, que “permanecerão atualizados e poderosos” por mais duas décadas. Deve-se levar em conta o contexto do deficit de unidades de caça na Índia: dos 44 esquadrões considerados necessários para deter tanto o Paquistão quanto a China, existem apenas 34.

Segundo uma autoridade da defesa, os caças Mirage “têm desempenhado soberbamente desde a introdução. A Força Aérea Indiana está tratando de novas aquisições, que nas nossas circunstâncias levam muito tempo, assim como de modernizações para manter a prontidão de combate.”

O ministro da Defesa afirmou, sobre a modernização do Mirage, que o programa “também inclui a instalação de um avançado radar de direção de tiro multimodo, painel reconfigurado do tipo ‘glass-cockpit’, aviônicos avançados, sistema de guerra eletrônica no estado da arte e capacidade de lançar avançados mísseis.”

Su-30MKI - foto Força Aérea Indiana

Ao mesmo tempo em que introduz progressivamente 272 caças Sukhoi-30MKI (foto acima) contratados por  Rs 55,717 crore (pouco mais de 10 bilhões de dólares) a Força Aérea Indiana também está modernizando seus 63 jatos MiG-29 por meio de um contrato assinado em março de 2008 com a Rússia, no valor de 964 milhões de dólares.

Outra aquisição de vulto é o programa MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio), estimado em 20 bilhões de dólares, para a aquisição de 126 caças Rafale (foto abaixo, em formação com um Mirage 2000) da francesa Dassault. As negociações comerciais finais estão em andamento.

Mirage 2000 e Rafale - foto Armee de lair

FONTE: The Times of India (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em Inglês)

FOTOS: Força Aérea Indiana e Força Aérea Francesa

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eduardo pereira

Ah Nunao, daqui a pouco aparece noticia da Fab ressussitando os Miragem III e recauchutando junto com os F-2000 e ja imendando anuncia ter comprado os 24 Forevis misteriosos do outro post !!

Tu fica dando idéia pros homi !!rs

eduardo pereira

Correçao; onde esta Miragem ,leia-se Mirage !!rs

Vader

Minha nossa senhora, como esses hindus gastam dinheiro de forma besta.

US$ 62 milhões por um caça da década de 80! Que nem sequer radar AESA terá! Um caça que tem um único míssil ar-ar válido (nem já tão moderno)

Inacreditável. É mais do que se paga por um F-16 Block 50!

Vader

E ainda tem nego que defende a modernização dos F-2000 da FAB…

asbueno

Pre$$o $algado esse, heim?!

Só se, além da TOT, estiver incluído o fornecimento de sobressalentes.

Almeida

U$ 30MM por cada aeronave modernizada mais U$ 32MM de ToT francesa? HAHAHAHAHAHAA!!!

Já seria caro se fosse apenas a modernização!

A US Navy paga U$ 55MM por um Super Hornet 0Km com radar AESA! Os Su-30MKK sairam por U$ 41MM cada, com ToT, produção local, treinamento e equipamentos!

U$ 3,2B por ToT de um radar obsoleto? Fala sério! Alguém está levando um bom dinheiro nesse lobby…

Marcos

asbueno

É, deve ter muito “sobressalente”.

Hamadjr

“Ainda assim, tanto o Ministério da Defesa quanto a Força Aérea Indiana defendem a necessidade da modernização para permitir que os jatos Mirage 2000 tornem-se “virtualmente novos caças”, que “permanecerão atualizados e poderosos” por mais duas década”
Alem de jogar dinheiro fora parece que o capa preta do MD indiano ta fumando ou pediram ajuda ao G-dói ou ou quem sabe mais uma boa intenção com os Franceses.

Giordani

Mirage 2000 da década de 80 = US$ 62 milhões/un
Kombi voadora da década de 60 = US$ 60 milhões/un

M…lá, m…aqui!

Marcos

Acho que indianos e brasileiros estão tomando o mesmo chá.

Nick

Que eu me lembre eram US45 milhões por caça. Para que já teve uma inflaçãozinha desde aquela época. 🙂

No mais, sem radar AESA nessa modernização = FAIL.

[]’s

asbueno

Marcos:

Sobressalentes, armamentos, combustível, óleos lubrificantes… rssss…

Guilherme Poggio

Lembre-se que há um contrato separado para a compra de armamento para esses caças.

3,2 milhões é só para eles voarem com canhão de 30mm.

CorsarioDF

eduardo pereira, pelo amor de DEUS não levante a lebre, pois senão…

Nesse contrato está incluso que os aviões paquistaneses e chineses serão impedidos de os atacarem, pois os aviões indianos já passaram dos 60… Estão de olho no Estatuto do Idoso!!!

Vamos fazer um retrofit e modernização nos Gloster Meteor e nos P-47!!!

Se essa moda pega…

ST.

Marcos

Agora já sabemos qual o custo da modernização de nossos Mirage.

Lyw

Senhores calma lá… A modernização é cara? Com certeza! Espero que passe longe do nosso país… Mas cada caso é um caso, os indianos além da modernização em si estão pagando pela transferência de tecnologia e pela modernização das suas aeronaves dentro do país. Se isto vale a pena ou não é outra história, mas no nosso caso, onde seriam modernizadas apenas 12 aeronaves não fazem sentido os custos de transferência de tecnologia e modernização a ser feita por empresa brasileira… O custo da modernização em si é de U$ 30 milhões, 6 milhões e meio a menos que o… Read more »

Mauricio R.

Eu gostaria de realmente entender, prá que é que um país que voa Flanker H, precisa de:

a) modernizar M-2000,

b) comprar Le Jaca???

Melhor pegar esse dinheiro e investir no Tejas, que pelo menos é produto local.
Ou em uma aeronave realmente útil, p/ as funções de IJT.
Fariam mto melhor uso desta verba.

Outra questão:

No update dos F-16 de Taiwan, estava prevista a troca da turbina.
Vão seguir c/ o plano ou mudaram de idéia???

Lyw

Mauricio R. disse: 5 de março de 2013 às 23:18 Meu caro sobre as razões deste país, a única explicação que vejo é que a Força Aérea Indiana atualmente faz questão de ter fornecedores diferenciados. Neste caso os escolhidos foram França e Rússia, e no caso das aeronaves francesas os Indianos estão interessados em conhecer de pertinho a tecnologia ocidental que os franceses prometeram transferir. (Ou podemos resumir dizendo que os Indianos adoram gastar dinheiro!) Quanto ao Tejas, eles estão investindo, em alguns anos voará a versão Mark 2. Sobre os F-16 de Taiwan, até onde entendi é update total,… Read more »

Giordani

Enquanto isso, a Sétima econômia do mundo, vai de Forevis…

ricardo_recife

Tão pagando muito caro pela grife.

Será que rolou um por fora para o MD indiano engolir este preço?

Abs,

Ricardo.

Vader

Mauricio R. disse: 5 de março de 2013 às 23:18 “Eu gostaria de realmente entender, prá que é que um país que voa Flanker H, precisa de: a) modernizar M-2000, b) comprar Le Jaca???” Maurício, por mais que alguns tentem negar, e por mais que doa aos russófilos admitir, a ÚNICA conclusão lógica a que podemos chegar é que o Flanker H não é uma aeronave tão boa como ambas estas. Que ele não é melhor que o Rafale, parece óbvio até para mim. Mas, prosseguindo no raciocínio, se o Su-30 MKI “Flanker H”, o melhor Su-30 de que se… Read more »

Ivan

MiLord Vader, Acredtio que está mais para “ter dois fornecedores, e blá blá blá,” pois a Índia já passou por muito aperto e sabe que não pode depender de apenas uma fonte de armamento. Além disso os Mirage 2000H reformados para um padrão M2000-5 Mk2 serão por um bom tempo, talvez duas décadas, aeronaves válidas para enfrentar os Chengdu J-10 e PAC JF-17 Thunder. Os Mirage 2000H possuem capacidade ar-terra, e vão continuar a ter. Mas esta poderia ser até dispensada, na medida que terão outros meios mais capazes de ataque e interdição, como o MMRCA – Rafale. A questão… Read more »

Giordani

A corrupção na Índia é endêmica. Dias atrás, houve até imolação como ato de protesto…

Se o M2000 é ótimo, imaginem o quão teria sido o M4000!

Belo e interessante vídeo sobre o M2000 indiano.
http://www.youtube.com/watch?v=otvylVVZD4Q

Vader

Ivan disse: 6 de março de 2013 às 9:58 Ivan, que “aperto” é esse que a Índia já passou com fornecimento de armas? Desde a independência do país que eles compram ou armas russas ou européias, sempre com baixíssima restrição de uns e outros, e apesar do “embargo” americano, justificado por conta do programa nuclear (aliás, a Índia obteve até tecnologia bélica nuclear destes dois fornecedores). Os indianos só passaram “aperto” mesmo na época em que não tinham dinheiro algum para adquirir boas armas. Ora amigo, aperto mesmo passou o Paquistão, que teve que operar por décadas F-16 sem radares.… Read more »

Lyw

Vader, se o SU-30MKI fosse esta bela porcaria quee dizes, porque os indianos aumentaram o número de aeronaves previstos para cerca de DUAS CENTENAS E MEIA? Tenho certeza que tais razões misteriosas dos indianos passam bem longe disto!

Lyw

Onde se Lê fosse, leia-se fossem!

Vader

Lyw disse:
6 de março de 2013 às 11:50

“Vader, se o SU-30MKI fosse esta bela porcaria quee dizes, porque os indianos aumentaram o número de aeronaves previstos para cerca de DUAS CENTENAS E MEIA?”

Obrigado, caro Lyw, chegamos onde eu queria (estava aguardando uma pergunta como a sua).

Simplíssimo, meu caro:

P R E Ç O !!!

O Su-30 MKI custa por volta de US$ 30 milhões (http://en.wikipedia.org/wiki/Sukhoi_Su-30MKI)

Isso é muito mais em conta que a MODERNIZAÇÃO dos Mirage-2000.

Saudações.

Lyw

Bom, você me fez pensar em algumas coisas… Primeiro, os indianos pensam em ter uma Força aérea composta por três tipos diferentes de jatos de combate convencionais: Caças leves, médios e táticos/pesados (fora os stealth que só devem entrar em operação na próxima década)). Os SU-30MKI são a linha de frente, as aeronaves de superioridade aérea e se enquadram no terceiro grupo! Os Rafale são caças médios que embora efetuem também as missões de superioridade aérea são aeronaves que devem cumprir uma infinidade de missões, principalmente de ataque ao solo. E os caças leves (Tejas) deveriam ser aeronaves baratas de… Read more »

Vader

Lyw disse: 6 de março de 2013 às 13:09 Caro Lyw, o Su-30 MKI não é um fiasco, muito longe disso. É uma arma capaz e eficaz. Um caça robusto com tremendo alcance, manobrabilidade e capacidade de carga. E que ainda conta com alguma (pouca) tecnologia ocidental, que os indianos conseguiram meter neles. Plenamente apto, por exemplo, a enfrentar as ameaças chinesas (J-10) e paquistanesas (JF-17). Mas, e aí é que os russófilos incorrem em tremendo erro, não se pode comparar a tecnologia embarcada russa, especialmente e principalmente no tocante à eletrônica, com a Ocidental. Temos que lembrar sempre: a… Read more »

Vader

Em suma: o Su-30 MKI é o carregador de piano da Índia. Mas não é o melhor caça deles. O melhor caça deles hoje é o Mirage-2000; e será o Rafale.

champs

Sobre a longa teoria do Vader:

Não é o que os exercícios internacionais em que os Su-30 indianos participam dizem…

Inclusive odeiam tanto a tecnologia “defasada” russa que vão para um projeto bilionário de 5ª geração com os eles e fazendo questão que a tecnologia embarcada da versão indiana seja a mesma da russa.

Com todo respeito mas a teoria do “que ter dois fornecedores, e blá blá blá” é muito mais plausível que esta.

champs

Vader disse:
6 de março de 2013 às 9:26

“é um completo DISPARATE a Índia pagar montanhas de dinheiro para modernizar Mirage-2000, enquanto voa Flanker H, a menos que a aeronave russa seja uma bela porcaria!”

Tentar entender os indianos por essa lógica me parece muito arriscado, em quais projetos e compras eles não estão pagando montanhas de dinheiro?

Vader

champs disse: 6 de março de 2013 às 15:38 Na boa Champs, mas o único exercício realmente válido que me lembro que os Su-30 MKI participaram foi uma Red Flag de uns três anos atrás. Naquela ocasião, se não me falha a memória, num debriefing da USAF que vazou um Coronel USAF disse algumas coisas interessantes sobre o caça indiano. Traduzindo mais ou menos pro vernáculo, ele basicamente disse que os Su-30MKI eram caças “engraçadinhos”, no bom sentido, e que davam tremendo trabalho pros caças USAF em algumas manobras. Chegava a dizer mesmo que em certas manobras eram mortais e… Read more »

Farroupilha

O -X- da questão “custos” dessa modernização é a transferência de conhecimento. Até um curso de MBA da FGV tem seu elevado preço, e quem pode arcar que arque. Interessante é observarmos que os indianos estão determinados a dominarem tanto a escola oriental como a ocidental de tecnologia. Com ou sem jabá. E suas centenas de milhões de miseráveis que esperem quietinhos essa derrama de montanhas de dólares fora do alcance deles.

Em alguns países os gastos com defesa promovem progresso geral, será que a Índia vai conseguir isso?

champs

Tranquilo Vader é a sua visão e respeito embora não concorde, se não podemos ao menos estimar a qualidade dos caças pelos exercícios em que vamos nos apegar para fazer comparações? Os indianos com a última aquisição de Su-30 vão chegar a 240 caças, isso é pouco? E veja que o Sukhoi é um caça pesado, não é da mesma categoria que o Mirage 2000, o substituto para o caça francês seria o Tejas que ainda não esta pronto ou no máximo o Rafale que também só chegará por volta de 2016/17. Será que os indianos não estão gastando uma… Read more »

champs

Retificando: os indianos, como diz a reportagem, vão chegar a 272 Su-30 MKI. E é bom lembrar que assim como os 51 Mirages 2000 os 63 Mig-29 também estão sendo modernizados.

Corsario137

A conclusão é uma só: décadas depois da independência eles voltaram a ser colônia, só que FRANCESA!

E um poço sem fundo esse orçamento da defesa na Índia. Quanta estupidez.