Rafale para a Índia: contrato está passando por ‘sintonia fina’

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Rafale - foto Força Aérea Francesa

Franceses terão que esperar um pouco para estourar champagne, segundo ministro indiano – alguns jornais da Índia trazem notícias não tão boas sobre prazos e questões envolvidas

A Índia está fazendo a “sintonia fina” no contrato para comprar 126 caças Rafale fabricados pela francesa Dassault. A afirmação foi feita pelo ministro do Exterior Salman Khurshid nesta quinta-feira, 10 de janeiro. Ele acrescentou que Paris vai ter que “esperar um pouco” para estourar champagne.

Falando em bebida, Khurshid ainda disse: “Nós sabemos que bons vinhos franceses levam tempo para amadurecer, e o mesmo ocorre com bons contratos. Os detalhes do contrato estão sendo resolvidos. Uma decisão já foi tomada, apenas é preciso esperar um pouco para a rolha estourar, e assim você terá um bom vinho para saborear”. O ministro indiano deu as declarações após um encontro com sua contraparte francesa, Laurent Fabius. De sua parte, o ministro francês disse que Khurshid lhe garantiu que “as coisas estão andando bem”.

No início do ano passado, a Índia escolheu o caça francês Rafale como a escolha preferencial para um contrato que é estimado em 10 bilhões de dólares. A França está ansiosa para fazer sua primeira venda internacional do Rafale, que penou para encontrar compradores para apoiar um projeto que já custou dezenas de bilhões de euros.

Se o contrato for finalizado, as primeiras 18 aeronaves serão fornecidas diretamente pela Dasssault e as demais serão produzidas sob licença pela HAL (Hindustan Aeronautics Limited), uma empresa estatal indiana baseada em Bangalore.

Declaração surge poucos dias após notícias desfavoráveis sobre negociações e prazos saírem em dois jornais indianos, dando conta também de cortes no orçamento de defesa da Índia

Segundo matéria publicada no jornal indiano “The Hindu” no domingo, 6 de janeiro, haverá um corte de 5% no orçamento indiano de defesa, o que levará a adiamentos nos planos de aquisição de meios. Para este ano fiscal, o corte é necessário defido a uma desaceleração econômica do país. Entre planos para a Força Aérea, Marinha e Exército que terão o freio de mão puxado, o jornal destaca o da compra do Rafale, o chamado programa MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio).

O MMRCA, estimado pela reportagem em 20 bilhões de dólares (10 a mais do que a matéria acima do Times of India / AFP) já está atrasado, e agora deverá ser adiado para além de abril de 2013. Compras de helicópteros e mísseis poderiam também ser adiadas, segundo fontes do Ministério da Defesa.

Rafale - elemento - foto Armee de lair

Já o jornal “The Indian Express” noticiou no sábado, dia 5, que as negociações entre a Dassault francesa e o Ministério da Defesa atingiram outra barreira. Segundo “fontes bem posicionadas” o ministro da Defesa discordou da afirmação da Dassault de que, recebendo responsabilidade geral sobre o projeto, teria liberdade para decidir a parcela de trabalho a ser dividida entre a HAL e empresas privadas no programa. A Dassault defendeu esse argumento em carta do ano passado ao Ministério da Defesa, juntamente com um pedido para que este definisse o papel da HAL no MMRCA.

Ao mesmo tempo em que rejeitou esse argumento, o Ministério também destacou que o pedido de propostas (RFP) de 2007 para a concorrência delineou, claramente, o papel da HAL no projeto como um “integrador líder” e que mudanças nesse estágio não podem ser aceitas.

Fontes oficiais disseram que as negociações se arrastaram por tanto tempo devido a questões relacionadas aos requerimentos de 50% de compensações e transferência de tecnologia. Os franceses, aparentemente, estariam relutantes em transferir tecnologias de ponta como do radar AESA (varredura eletrônica ativa) e, ao mesmo tempo, teriam dado a desculpa de falta de maturidade da indústria de defesa indiana para absorver tecnologias críticas como essa.

Ainda segundo o jornal, há um forte “lobby” de pequenas e médias empresas francesas que são contra compensações industriais e as veem como uma ameaça à competitividade da indústria de defesa da França. Sobre ameaças, a maior para uma conclusão rápida das negociações vem do aperto no orçamento do Ministério da Defesa, que não foi capaz de garantir verbas extras para este ano. Indo além do que informou o jornal “The Hindu”, o “Indian Express” trouxe a má notícia de que, de acordo com autoridades, a assinatura de um contrato antes do segundo semestre de 2013 parece bastante improvável.

FONTE: Times of India (com informações da AFP) The Hindu e The Indian Express (compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em inglês)

FOTOS: Força Aérea Francesa

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Leonardo

Conforme eu disse ontem, a definição deste contrato corre a velocidade de tartaruga, sei não, mas pode ser que suba no telhado?

Nick

Para quem já esperou um ano desde o anúncio, esperar mais um não tem problema. 🙂

[]’s