Canhões do F-5: efetividade comprovada contra… F-5!

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O curioso caso de um F-5E da FACh abatido por outro F-5E chileno em 1981

Nos últimos dias e em outras ocasiões, discutiu-se aqui no Poder Aéreo a efetividade dos canhões do caça F-5, seja nos modelos equipados com duas armas  – caso dos F-5E da Força Aérea Brasileira (FAB) antes da modernização ou dos F-5E da Força Aérea do Chile (FACh) tanto antes quanto depois de modernizados – ou com um só canhão, como são os atuais F-5EM da FAB.

A título de curiosidade, vale a pena citar aqui um abate comprovado de F-5 utilizando canhões, no Chile. Curiosamente, o “alvo” foi outro F-5, da FACh. Até hoje, segundo o pesquisador Santiago Rivas, este é o único abate registrado naquela força aérea.

O fato aconteceu em 1981 (uma década antes da modernização), durante um treinamento de tiro ar-ar com canhões. Dois F-5E da FACh, com indicativos 808 e 818, decolaram da Base de Cerro Moreno (em Antofagasta)  para uma missão de tiro ar-ar contra um alvo rebocado do tipo dardo. O reboque era feito pelo caça 818, por meio de um cabo com centenas de metros.

No momento da prática na área de treino sobre o Oceano Pacífico, como o comportamento do dardo mostrou-se errático, este foi solto conforme os procedimentos vigentes. Também seguindo a doutrina, para continuar aproveitando a missão os dois pilotos iniciaram um combate simulado, alternando os papéis de caça e de caçador.

O problema é que o piloto do jato 808 esqueceu-se de mudar o seletor de armamento, que estava inicialmente selecionado para tiro real (afinal, a missão original era de prática real contra um alvo rebocado). Em certo momento do combate simulado, quando o caça 818 apareceu em sua mira, o piloto do 808 acionou os canhões e estes dispararam de forma letalmente real…

Os projéteis de 20mm dos dois canhões atingiram a fuselagem logo atrás da cabine do F-5E 818, onde ficam os tanques de combustível. O piloto do 818 reportou fumaça na cabine e ejetou com sucesso, sendo resgatado do mar pela equipe SAR (busca e resgate) embarcada em helicópteros. Após a ejeção, o F-5 acabou se estabilizando e prosseguiu voo descendente rumo a terra. Após sobrevoar a cidade Antofagasta, caiu a três quilômetros da Universidade local.

FONTE:  “Northrop C/F-5A/B/E/F en Latino America”, de autoria de Santiago Rivas – série Latin Wings, publicada na Argentina (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de trecho original em espanhol)

FOTOS (em caráter ilustrativo): FACh

NOTA DO EDITOR: para saber mais sobre este excelente livro, que conta a história dos F-5 operados pelo Brasil, Chile, México, Honduras e Venezuela, entre em contato com a Halcones Book Store e consulte como adquirir: halconesbook@gmail.com

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nunes neto

Novidade para mim essa história!É o famoso fogo amigo, que bom que nada aconteceu ao piloto do avião atingido,porque o que atirou deve ter levado uma mijada 🙂

jacubao

Mas que m…

Marcos

Ou disseram para o piloto: Testa e vê se funciona!!!

Mais ou menos como aquela história dos iranianos que vieram testar o Tucano por aqui e o mesmo recebeu ordens para se ejetar em vôo para ver se o assento funcionava.

Franco Ferreira

Esta é a prova viva de uma das teorias da prevenção de acidentes: A imprevista mudança da rotina estabelecida pode gerar ocorrência até perigosa!

Quanto ao tamanho da “micção punitiva” deve ter sido enorme!

Giordani

Mico por mico, temos o bombardeio a cidade de Formiga, já apresentada aqui no PA, mas Eu acho que no caso chileno o prejuízo foi de uns US$700 mil…

Vader

Nunão, você deve ser a maior autoridade viva em F-5 da face da Terra, hehehe…

Impressionante (sério!). Parabéns.

Giordani

Nunão,

Posta aí tuas maquetes de F-5… 😉

ivanildotavares

Prezado Nunão,

O Quênia ainda tem F-5? Você sabe informar se são A/B ou E/F?

Feliz Ano Novo para você e todos nós da Trilogia

Abraços

Guilherme Poggio

Caro Ivan, respondendo pelo Nunão, o Quênia tem sim F-5 e são do modelo E. Veja este pequeno parágrafo que está no texto “A volta ao mundo em mais de 80 programas F-X”, na edição 4 da revista Forças de Defesa.

Em 2008, foi noticiada a aquisição de 15 caças F-5 usados, provenientes da Jordânia. A compra visava substituir parte da frota queniana de F-5, e recebeu críticas no país.

Até mesmo na compra de caças usados a gente fica atrás dos outros. Nós compramos 11 da Jordânia e o Quênia comprou 15. (É só uma brincadeira!)

ivanildotavares

Obrigado, Poggio.

Não lembrei de consultar a Revista, já que a possuo. E por falar em Revista e em F-5, estão excelentes as matérias “Um é pouco, dois é bom?” e “F-5FM na FAB: os poucos” na Revista número 6. Acho que a Forças de Defesa está se tornando a melhor Revista do gênero no Brasil e isto, você sabe né, logo,logo, ultrapassa as fronteiras e vocês terão que produzir uma versão em inglês, espanhol,…

Grande Abraço e um 2013 cheio de Conquistas!