Para jornal indiano, Rafale sairá mais caro para a Índia se encomendas do Brasil e Emirados não se concretizarem

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Custo que venceu a concorrência indiana não bastaria para cobrir valores adicionais dos requerimentos técnicos do MMRCA, que seriam bancados por outras encomendas de exportação

O jornal “The Indian Express” publicou na sexta-feira, 14 de setembro, uma reportagem cujo título é uma pergunta: “Será que a Índia vai acabar pagando mais pelos caças Rafale?”.

O anúncio de 31 de janeiro de que a fabricante francesa do Rafale, a Dassault Aviation, venceu sua rival Eurofighter e emergiu como a oferta de menor valor para o programa MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio) marcou o início de uma nova fase do programa: a negociação comercial exclusiva para o contrato de mais de 10 bilhões de dólares, entre o Ministério da Defesa e a Dassault. Desde então, mais de sete meses se passaram mas as conversas parecem não levar a lugar algum, segundo o jornal.

Qual seria o motivo da demora? Baseado em informações de domínio público, o Indian Express afirma que os pontos controversos são “custos” e “transferência de tecnologia”.

Segundo o jornal, para ganhar o contrato a empresa francesa colocou um preço irrealisticamente baixo, e agora procura meios para aumentar o custo. Por que teria feito isso? O Indian Express arrisca algumas explicações possíveis.

Poderia ter tentado garantir a disputa com um preço baixo e, a partir da “amarração” do cliente, ditar seus próprios termos. Logo após o anúncio da vitória do Rafale, um artigo do periódico francês “Le Canard Enchainé” afirmou que o valor “de etiqueta” seria baixo, e que em seguida os adendos seriam vendidos a custo maior.

Outra explicação é que a empresa, provavelmente, omitiu alguns custos de sua oferta comercial relacionados à customização da versão francesa do Rafale para os requerimentos indianos. Isso porque, além da Índia, a Dassault tenta vender a aeronave ao Brasil e aos Emirados Árabes Unidos. O plano, ao que parece, era custear certas modernizações das capacidades da aeronave com dinheiro brasileiro e dos Emirados, repassando então esses melhoramentos à Índia sem custo extra.

Mas, infelizmente, o Brasil ainda não se decidiu pela compra e os Emirados, desgostosos com a intransigência das cláusulas comerciais oferecidas, solicitaram uma oferta do consórcio Eurofighter. Antes que contratos no Brasil e nos Emirados pudessem se concretizar, a negociação indiana avançou para uma fase decisiva, e agora a Dassault precisa enfrentar o dilema de como e quando se comprometer com os requerimentos técnicos do MMRCA sem fazer a Índia pagar um valor extra.

Por fim, é possível que o Governo Francês pretenda subsidiar a oferta do Rafale. Também parece haver uma relutância em relação à transferência de tecnologia. Até poucos meses, alegava-se à opinião pública indiana que a transferência seria de quase 100%. Porém, na França, uma mensagem oposta está sendo veiculada. Segundo reportagem recente do periódico de negócios francês “Usine Nouvelle”, a tecnologia mais sofisticada continuará na França, e empresas francesas terão responsabilidade pela maior parcela da carga de trabalho e de empregos relacionados à produção do caça. Isso coloca em dúvida a intenção ou capacidade do fabricante em atender aos requerimentos de 50% de compensações do MMRCA.

Alega-se, também, que a indústria indiana não teria a capacidade de absorver as tecnologias avançadas no futuro próximo. A reportagem afirma que um desses itens que não poderia ter componentes locais seria o radar AESA (de varredura eletrônica ativa) que a Índia necessita com urgência. Os itens passíveis de nacionalização, no fim das contas, seriam apenas elementos da fuselagem, asas e canopi. A opinião de fontes indianas ligadas à indústria é que os franceses procurariam negociar duro para compartilhar o mínimo possível de tecnologia com a Índia, ao mesmo tempo em que tentariam aumentar o preço.

FONTE: The Indian Express (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

FOTOS: Força Aérea Francesa (Armée de l’air)

NOTA DO EDITOR: as notícias recentes do programa indiano são contraditórias. Algumas fontes dizem que a assinatura do contrato será até o próximo mês. Já outras dizem que as negociações podem voltar à estaca zero. Não é de se estranhar, dado o tamanho do contrato, que parte da mídia indiana expresse posições favoráveis ao negócio, enquanto outra parte mostre posições contrárias. Isso também vem acontecendo na Suíça, em ásperos debates a respeito da aquisição do Gripen sueco. Para acompanhar as notícias mais recentes sobre o MMRCA, clique nos links abaixo.

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Baschera

Vão dizer que esta publicação é mentirosa e a imprensa da índia fez um acordo com a imprensa PIG,,,, etc,etc….

Os franceses mentiram….. jogaram pôquer e perderam….. mas claro, os trouxas dos brasileiros e árabes que pagem a aposta…..

O Rafale F3 custava (agora o custo subiu…) 142 milhões de euros….o resto é balela….. eles te oferecem por 52 milhões… mas só com os trens de pouso, os motores e a fuselagem…,,, o resto todo tem que pagar por fora….

Quem comprar este vetor é trouxa….. se não for idiota !!

Sds.

DrCockroach

off-topic: Um grupo de ex Embaixadores, Generais, … americanos publicaram um estudo com os pros e contras de um ataque ao Iran; chama a atencao a hipotese levantada de que uma guerra com o Iran poderia custar o equivalente as do Iraque e Afeganistao juntas. P/ quem estiver interessado: “Weighing Benefits and Costs of Military Action Against Iran” https://dl.dropbox.com/u/64888485/IranReport_091112_FINAL.pdf []s! P.S.: Table of contents abaixo: Letter………………………………………………………………………………………….1 Executive Summary………………………………………………………………………………………7 Introduction…………………………………………………………………………….15 Shared Understandings……………………………………………………………………………16 I. Timing, Objectives, Capabilities, and Exit Strategy for Military Action Benefits & Costs of Military Strikes on Iran ………………………21 II. Benefits of a Military Action……………………………………………………………….29 II.1 U.S. Military Action………………………………………………………………………………29… Read more »

Mauricio R.

Descobriram o óbvio ululante, Le Jaca “balatinha”, só se for de prateleira, igualzinha ao original ligeiramente capenga francês.
O que não interessa p/ ninguém, não importa se Brasil, UAE ou Índia.
Agora o Estado indiano que sente os franceses no colinho e diga-lhes francamente:

Vcs já não são mais o L1 do MMRCA, xo, xo!!!

Edgar

Acho que o jornal indiano não fez uma breve pesquisa no Google sobre nosso país. Afinal, as únicas encomendas que vão se concretizar no Brasil são as do Sedex.

Optimus

É amigo… pode esconder, omitir, mentir, mas um dia a verdade aparece… e a casa cai (como pra um ex-presidente q nunca sabia de nada…) ToT Irrestrita 100%, Preços fixados e subsidiados pelo gov. francês, autonomia tecnológica, independência total, etc… Mantras repetidos a exaustão e que por vezes gerou aqui discussões e até agressões destemperadas (gerando desgastes até em amizades de velha data)… muitas vezes mais motivadas por paixões politico/partidárias/ideológicas… e fugindo de qualquer sensatez (chegando ao limite da calúnia) das opiniões técnicas e até mesmo do simples pragmatismo: o que é dito x o que mostra os dados apresentados!… Read more »

Gilberto Rezende

Mais uma do The Indian Express, que durante o MMRCA foi plataforma de divulgação do Eurofighter. Parece com os posts de conhecidos aqui da internet… Les franceses não fazem TOT, les franceses vão cobrar mais nos preços das peças e manutenção… Les franceses são malignos e malvados… A mesma blábláreia já conhecida e batida… Quanto as relações do MMRCA e o FX-2 e a compra do EAU parece ser a história do quem nasceu primeiro o OVO ou a Galinha… É a venda da Índia que vai estimular o Brasil ou vice versa? O FATO é que o Brasil TEVE… Read more »

Daglian

Gilberto Rezende,

Poderia nos dizer quais as especificações dos futuros NAes da MB para que o Rafale naval seja compatível e o Super Hornet não?

O Gripen E/F possuirá sim versão naval, a questão é que o desenvolvimento do caça seria acelerado com um parceiro, e a Suíça, ao invés do Brasil, está tomando este posto para si.

Primeiro cliente ou último, estaríamos com um caça absurdamente caro para o que faz e entubados pelos franceses, que estariam rindo à toa.

Mauricio R.

Requisito posto pelo MD???
As propostas ao F-X 2, foram apresentadas de acordo c/ RfI e depois RfP, proposto pela FAB e não pelo MD.
Documentos estes analisados, relacionados e tabulados pela COPAC.
A menos que o colega se refira as manobras perpetradas por certo ex-ministro do MD, como forma de acomodar as imecilidades do apedeuta.
O MD não decidiu pq quiz, antes de tdo pq a decisão não é do MD, mas de instância superior a este.

juarezmartinez

O Gilberto “partido da verdade absoluta” Rezende continua na órbita e Júpiter:

bla bla bla o a superpotência, Ministerio da defensa do Brasil Putênfia..bla bla abla….
Gilbeto, muda o disco, o FX 2 não tem e não terá nada com as m….as q

juarezmartinez

continuando: que a marinha quer fazer com a aviação naval…
Querem, porque que não compraram os F 1, eu sei porque, então tchê menos bem menos….

Grande abraço

juarezmartinez

Poderia ter tentado garantir a disputa com um preço baixo e, a partir da “amarração” do cliente, ditar seus próprios termos. Logo após o anúncio da vitória do Rafale, um artigo do periódico francês “Le Canard Enchainé” afirmou que o valor “de etiqueta” seria baixo, e que em seguida os adendos seriam vendidos a custo maior. Leia mais (Read More): Poder Aéreo – Informação e Discussão sobre Aviação Militar e Civil Esta parte do texto ilustra como poucos que eu já vi ao vivo a cores no manuseio dos produtos militares by Galia, me lembra muito um certo extrator mecânico… Read more »

edcreek

Olá,

Lá como cá ha materias pagas, como o amigo Gilberto Rezende disse esse jornal sempre foi o meio de comunicação dos Ingleses por la´, normal, as noticias oficiais são todas favoraveis a assinatura esse ano…

Abraços,