Pelo menos é o que diz a reportagem do jornal Correio Braziliense

 

 

Ariadne Sakkis e Ana Pompeu

  A aeronáutica admitiu que o piloto do caça Mirage F 2000 excedeu a velocidade adequada para o tipo de apresentação ocorrida no domingo, na Praça dos Três Poderes, e alcançou 1.100km/h, considerada quase suficiente para romper a barreira do som. A imprudência do piloto causou danos a estruturas de prédios públicos, particulares e comerciais. Só no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF), a restauração está orçada em cerca de R$ 85 mil.

Segundo a assessoria da Força Aérea Brasileira (FAB), a velocidade ideal para uma missão leva em consideração a temperatura atmosférica, portanto não existe um número fixo. Entretanto, para as condições observadas no domingo, o correto seria não ultrapassar 1.000km/h. A FAB não revelou a identidade nem a patente do militar responsável pelos estragos, mas informou que ele está afastado das atividades aéreas. A conduta é investigada em uma sindicância, e o servidor pode sofrer sanções. Apesar disso, em nota divulgada no início da noite de ontem, a FAB garantiu que “todos os sobrevoos ocorreram em altitudes dentro das margens de segurança e não houve risco de acidente com as aeronaves”.

É bastante comum as apresentações de caças em datas festivas. A FAB tem pilotos de várias especialidades, mas apenas aqueles com melhor desempenho são selecionados para integrar o esquadrão que conduz esse tipo de aeronave, a mais rápida disponível no arsenal brasileiro. Para alcançar esse status, normalmente, o militar passar por diferentes fases, como dominar os caças A1 e F5. O processo pode levar anos.

Ainda que os homens a bordo dos Mirage naquele dia sejam experientes, o excesso de velocidade causou prejuízos além das 65 vidraças que vieram abaixo no prédio da mais importante Corte brasileira. Antes de encerrar a apresentação, os aviões sobrevoaram o Setor de Clubes Sul, onde acabaram provocando rachaduras na parede de uma academia e em algumas quadras do Lago Sul. Além de produzir um estrondo que assustou moradores, a passagem do F 2000 pelo bairro terminou com pelo menos seis casas e dois estabelecimentos danificados. A aeronáutica garantiu que ressarcirá os prejudicados.

Manobra de risco

Para o professor de física da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Britto, os estragos só aconteceram por causa da combinação entre o excesso de velocidade e a baixa altitude dos aviões, apesar de a FAB garantir que o limite de altura foi respeitado. “A manobra foi arriscada. Não do ponto de vista do domínio que o piloto tem da aeronave, mas por alcançar essa velocidade estando tão baixa. A onda sonora provoca esses efeitos em prédios. Quando os vidros têm superfície grande, ficam mais suscetíveis. Não se pode andar em alta velocidade tão próximo da terra”, enfatiza o professor. Segundo ele, o avião chegou muito perto da barreira do som, o que representaria consequências ainda mais perigosas, já que a pressão gerada por ela se tornaria muito mais intensa.

Não alcançar os 1.200km/h para transpor a barreira do som de maneira alguma impede a ocorrência de danos, como ficou provado com o episódio de domingo. Quem explica é o professor de engenharia mecânica da UnB José Maurício Torres da Motta. “Dependendo da altura do avião, mesmo que ele não estivesse tão rápido, o próprio ruído provocado por ele poderia ter destruído as vidraças. Se o piloto deu uma acelerada quando passou em cima do prédio do Supremo, pode ter causado uma pressão ainda maior”, detalha. O professor acredita que mais de um fator de segurança foi negligenciado. “A norma é sempre conservadora. Portanto, quando ela é seguida, não há problemas”, avalia.

FONTE: Correio Braziliense

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Samuel B. Pysklyvicz "Jaguar"

Essa jornalista esta com algum radar la no evento para medir a velocidade?

[…] Curiosidade: em 2012, um Mirage F 2000 excedeu a velocidade adequada para o tipo de apresentação ocorrida na Praça dos Três Poderes e alcançou 1.100km/h, considerada quase suficiente para romper a barreira do som. Isso causou danos a estruturas de prédios particulares e públicos, como o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (veja mais na matéria do Correio Braziliense). […]