Para o presidente da Boeing, um dos três concorrentes na venda de caças ao país, a proposta de transferência de tecnologia aos brasileiros “já é muito agressiva”

 

Patrick Cruz

A Americana Boeing concorre com a francesa Dassault e a sueca Saab pelo contrato de venda de 36 caças à Força Aérea Brasileira, um projeto de 10 bilhões de reais que se arrasta desde 2006 e não tem prazo para ser fechado. O Brasil quer ampliar a transferência de tecnologia, mas a Boeing argumenta que há pouco espaço para avançar. “Nossa proposta já é muito agressiva”, diz James McNerney, presidente da empresa.

1) Por que o governo brasileiro está demorando tanto tempo para tomar uma decisão sobre a compra dos caças?

As idas e vindas desse projeto são da natureza do negócio. A escolha leva em conta critérios políticos e técnicos. Mas. de fato, o Brasil tem demorado um pouco mais.

2) É a burocracia que emperra o processo aqui?

Não é o caso. Estamos falando, afinal, de defesa nacional, a decisão mais importante que um país pode tomar. Não diria que o Brasil é mais burocrático que os Estados Unidos numa decisão como essa.

3) Uma das exigências do governo brasileiro é a transferência de tecnologia. Qual é a posição da Boeing sobre isso?

A nossa proposta de transferência de tecnologia já está em um nível bastante elevado. Há algum elemento adicional a ser oferecido no acordo? Talvez. Mas nenhum parceiro nosso obtém acordo melhor.

4) Nenhum outro país consegue nada melhor do que foi oferecido ao Brasil?

Não. Para os nossos padrões, a transferência de tecnologia já é muito agressiva. Além do mais, nosso equipamento é o melhor – e o governo brasileiro tem consciência disso.

5) Em 2011, a Embraer venceu uma concorrência para a venda de aviões à Força Aérea americana, mas a compra foi cancelada, supostamente, para beneficiar uma empresa local. A Boeing cogitou a hipótese de interceder a favor da Embraer?

Não nos envolvemos em projetos da Embraer, assim como ela não se envolve nos nossos. Há quem encare o cancelamento do contrato da Embraer como uma posição anti-Embraer ou anti-Brasil. Mas metade dos contratos que a Boeing vence é contestada pelos derrotados. Isso acontece o tempo todo, infelizmente.

6) O governo brasileiro pretende prosseguir com a concessão de aeroportos federais para a iniciativa privada. A Boeing tem interesse nessa área?

Não costumamos encarnar o papel de investidor. Em geral, prestamos consultoria a governos para ajudar a gerenciar essas privatizações – propondo padrões para a construção de aeroportos e analisando a malha aérea. Com rotas mais eficientes, podemos ganhar com a economia de combustível, a redução de poluentes e – claro – a venda de mais aviões.

7) No Brasil, duas companhias aéreas têm, somadas, 80% do mercado de aviação. Não seria o caso de o Brasil abrir o mercado às companhias estrangeiras?

O crescimento aqui é muito agressivo. Além do mercado das companhias de aviação, há um grande espaço, por exemplo, para empresas de manutenção e de serviços. Já sabemos que pelo menos três empresas dessas áreas devem chegar ao país em breve.

FONTE: Portal Exame

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Giordani RS

“…A escolha leva em conta critérios políticos e técnicos. Mas. de fato, o Brasil tem demorado um pouco mais.”

Olha seu CEO, não vai ser na tua gestão que haverá um final para esse dramalhão mexicano rodado em pindorama…

“…Já sabemos que pelo menos três empresas dessas áreas devem chegar ao país em breve.”

Se duas mal conseguem se manter, imagina mais três…

É muito “fashion” chamar diretor de CEO e empregado de colaborador…

Blind Man's Bluff

Incrivel como esses alto executivos da Boeing estão tão disponiveis ultimamente. Parecem até aquele amigo safado, que se faz de amigo até o dia do casamento dele e, depois de receber os presentes, nunca mais da sinal de vida! kkk

Almeida

CEO não é diretor, é presidente.

Gilberto Rezende

A oferta já é MUITO agressiva, a oferta já está em um nível bastante elevado e a melhor de todas PARA OS NOSSOS PADRÕES, a transferência de tecnologia já é muito agressiva… Em SUMA, transferência de tecnologia completa nem a pau pica-pau…. Se o governo brasileiro levasse a sério a TOT não deveria nem ter incluído a Boeing no short list e se tomou a decisão pela TOT DEPOIS do short-list deveria ter retirado de imediato a Boeing da DISPUTA por IMPOSSIBILIDADE ABSOLUTA de cumprimento de requisito essencial ao processo de aquisição… Mas a gente adora empurrar as coisas com… Read more »

asbueno

Gilberto, não existe e nunca existirá ToT completa e qualquer que seja a empresa e o país. E isso nem é totalmente interessante. A ToT somente será útil se formos parceiros de uma ou mais empresa/país. Se a totalidade de informações de uma aeronave qualquer fosse incutida em uma equipe de engenheiros faríamos o que? Desenvolveríamos uma aeronave de geração 4.55 +++? Para que, para adquirirmos 500 unidades? E vender outras tantas a quem? Precisamos da ToT que nos permita ter alguma independência em manutenção e upgrade de sistemas. Quais? Aqueles que interessam à FAB. Governos não são competentes para… Read more »

juggerbr

Ta fazendo o papel dele, assim como o CEO da Embraer/Sierra Nevada também faz perante a imprensa americana.
Mas só estão esquentando a cama pra outro deitar, infelizmente…