Sistema de autodefesa do C-130 é posto à prova na Maple Flag

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O exercício operacional internacional Maple Flag pode ser considerado o batismo de fogo para os sistemas de autodefesa da aeronave C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB). Após muito estudo e treinamento no Brasil, esta é a primeira vez que o sistema está sendo utilizado em uma operação de simulação total de guerra.

Durante as missões executadas no exercício, a aeronave do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1o GTT) se expõe a várias ameaças, tanto em solo quanto no ar. Em um cenário de guerra moderna, onde estão envolvidas aeronaves de caça, helicópteros e aviões radares, o C-130 brasileiro tem que se valer desse sistema para não ser destruído. Aliado à navegação à baixa altura, o sistema é a principal medida para se defender de ameaças inimigas.

A coordenação da Maple Flag disponibilizou na área de exercícios uma série de equipamentos com emissão de sinais infravermelho e radar, simulando ataques inimigos. Tais recursos tornam o ambiente de treinamento o mais próximo possível da realidade.

Para o Major Aviador Cláudio Faria, oficial de guerra eletrônica da equipe brasileira, aproveitar-se dessa infraestrutura é o maior ganho para a atividade de guerra eletrônica de todos os países, que poderão checar a eficácia de seus equipamentos. “Caso os equipamentos não funcionem, é possível discutir as possíveis causas do ocorrido. Ter essas informações é de vital importância para a equipe brasileira, já que o nosso C-130 ainda não tinha tido seu sistema exposto a simuladores de ameaças em um ambiente tão real como esse”, afirma.

Sistema de autodefesa
O sistema de auto-defesa do C-130 da FAB é composto por um lançador de contramedidas flare e chaff, além de sensores e antenas que alertam a tripulação da chegada de sinais inimigos, conhecidos por MAWS e RWR.

Radar Warning Receiver (RWR) – Composto por quatro antenas, o RWR do Hércules brasileiro é responsável por receber sinais de emissões de radar, processando e classificando como amigos ou inimigos. Caso o sinal seja de uma aeronave inimiga, o RWR transmite a informação para o sistema de contramedida chaff da aeronave.

Chaff – São pedaços de metal extremamente finos lançados no ar em grande quantidade, formando uma nuvem de partículas metalizadas. Essa nuvem faz com que o radar do inimigo passe a não mais enxergar o avião. As Forças Armadas modernas também usam o chaff para despistar mísseis guiados por radar.

Missile Aproach Warning System (MAWS) – É um receptor ótico que identifica os sinais infravermelho de mísseis que buscam atingir as partes quentes da aeronave, como os motores. Ao receber esse sinal de ameaça, o MAWS alerta a tripulação sobre um disparo contra a aeronave.

O sistema brasileiro, além de identificar a aproximação desse tipo de míssil, também alerta o recebimento de laser, usado para guiar armamento antiaéreo. Ao identificar as ameaças, o MAWS passa a informação para o sistema lançador de contramedidas flare.

Flare – Seu funcionamento é muito semelhante ao chaff. O flare é composto de elementos pirotécnicos como o magnésio ou outro metal de fácil queima, com temperaturas maiores que a de um motor, fazendo com que o míssil inimigo vá para o flare e não mais para a aeronave amiga.

Uma vez detectado o míssil infravermelho, o avião se afasta rapidamente da posição onde estava e dispara o flare na tentativa de despistar o míssil inimigo, que seguirá a energia térmica vinda do flare.

FONTE/FOTOS: Agência Força Aérea

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joseboscojr

Antes, bastava que fosse lançado apenas 1 flare para que o míssil fosse seduzido e se afastasse do avião alvo. Hoje, se faz necessário o lançamento simultâneo de uma imensa quantidade de flares para “ofuscar” o míssil, encobrindo o avião alvo com uma cortina térmica. E mesmo hoje já há grande variedade de mísseis que são imunes aos flares, obrigando o uso de um laser para cegá-los. Num futuro próximo os flares serão coisa do passado e como há contramedidas até contra um laser, já se vislumbra a defesa de aeronaves baseadas na destruição física do míssil, tanto usando um… Read more »

Giordani RS

Eu acredito, que num Futuro, num período máximo de 25 anos, a tecnologia stealth abrangerá todos os tipos de aeronaves, mas não pelos meios atuais, que requerem materiais absorventes e linhas difusas, mas pelo eletromagnetismo. Pode lembrar um conto de Ficção, mas acredito ser possível “envolver” o aparelho sob um manto eletrônico, capaz de desviar as ondas eletromagnéticas, verdadeiros supressores…os combates voltarão a ser olho-no-olho, até a invisibilidade alcançar o espectro visível da luz…mas para cada Quimera sempre haverá um Belerofonte…

E pra FAB, antes tarde do que nunca…

Paulo José

Prezado Galante,

Estes sistemas de auto defesa, foram incorporados a todos os C-130, ou somente este foi agraciado, devido a esta participação no Maple-Flag!

Abc

HRotor

Os MAWS/RWR vieram “no pacote” da recente aquisição de dez C-130 da Italia. Normalmente, tais equipamentos são pré-requisitos para se participar de manobras internacionais semelhantes. Em um conflito real, tais equipamentos são imprescindíveis para cumprir qualquer missão, por qualquer tipo de aeronave, desde caças e aviões de transporte a helicópteros. No caso de helicópteros, o RWR não é muito comum, porque normalmente operam à baixa altura e entre obstáculos, não se constituindo alvo adequado a mísseis guiados por radar. Já os mísseis com guiagem IR são a maior ameaça aos helicópteros, em especial os portáteis (“de ombro”). Em adição ao… Read more »