Nesta quinta-feira, 24 de maio, a Força Aérea Italiana (Aeronautica Militare) noticiou o final do programa “Peace Caesar” (ou Peace Cesar), pelo qual durante os últimos nove anos o Governo dos Estados Unidos forneceu, por “leasing”, o caça F-16 para a Itália. Foi realizada uma cerimônia no dia anterior (23 de maio) para marcar a ocasião.

Estiveram presentes o chefe do Estado Maior da Aeronáutica, o general de Esquadra Aérea Giuseppe Bernardis, além do Comandante da Esquadra Aérea, o general de Esquadra Aérea Tiziano Tosi, autoridades civis, militares e representantes do Governo dos EUA. O fim do programa “Peace Cesar”, segundo o informe da Força Aérea Italiana, está inscrito no processo do redimensionamento dos meios aéreos da força, com racionalização e simplificação relacionadas à gestão e manutenção das aeronaves.

O general Giuseppe Bernardis destacou que a Base Aérea de Trapani e o 37° Stormo, envolvidos na operação do F-16, foram de  “uma importância fundamental para a Aeronautica Militare e o sistema defensivo italiano”.

O coronel Mauro Gabetta, comandante do 37° Stormo, falou da experiência amadurecida com o caça, destacando que “o programa F-16 foi um sucesso, porque permitiu otimizar os recursos da defesa num período histórico particularmente crítico: foi um instrumento necessário à Aeronautica Militare para a transição de modo eficaz e eficiente de um aparelho que havia atingido o limite de sua capacidade operacional, o caça F-104, para a aeronave europeia Eurofighter”.

Referindo-se ao emprego do F-16 na Líbia, o coronel Gabetta acrescentou que “as operações na Líbia colocaram em evidência a capacidade da Força Aérea Italiana em adaptar-se às mudanças nas exigências e se mostrar perfeitamente integrável e altamente interoperável com outras nações.” Ele destacou também o elevado profissionalismo dos homens e mulheres do 37° Stormo e da Aeronáutica.

Entre as missões realizadas nos últimos anos para a defesa e vigilância do espaço aéreo italiano, a nota destaca a contribuição do F-16 para garantir o dispositivo de segurança de grandes eventos. Foram exemplos a operação “Jupiter”, quando iniciou-se o Pontificado de Bento XVI, as Olimpíadas de Inverno de Torino de 2006, além da operação “Giotto 2009”, protegendo o encontro do G8 em Aquila. Em 2011, o F-16 participou das operações “Odyssey Dawn” e “Unified Protector”, para estabelecer a zona de exclusão aérea na Líbia e proteger a população civil do país do Norte da África.

Nota do consórcio Eurofighter destaca que, a partir de agora, a Defesa Aérea da Itália está totalmente a cargo doTyphoon

Em nota divulgada também nesta quinta-feira, o consórcio Eurofighter ressaltou que os caças Typhoon italianos, que entraram em serviço em 2004 e hoje equipam quatro esquadrões (Gruppi), tornaram-se com a desativação dos F-16 italianos o único vetor de defesa aérea da Aeronautica Militare. Os quatro esquadrões que operam o caça encontram-se no Norte e no Sul da Itália, dois na Base Aérea de Grosseto e dois na de Gioia del Colle.

A nota também destacou que o fim da operação dos F-16 italianos permitirá, a partir de agora, que a defesa aérea do país  seja equipada com um sistema de armas mais moderno, trazendo os benefícios operacionais de maior efetividade e capacidades, assim como vantagens logísticas advindas da padronização.

Sobre o “Peace Cesar”, a nota acrescentou a informação de que foram 34 as aeronaves F-16 que operaram na Itália por “leasing”, num contrato de cinco anos que foi depois estendido por mais cinco, cobrindo a lacuna da transição do F-104 ao Eurofighter. Já os caças Typhoon entregues até o momento à Itália somam 62 aeronaves. Sobre as operações na Líbia, a nota do consórcio Eurofighter afirma que os Typhoons italianos realizaram mais de 200 missões no conflito, somando 1294 horas de voo de sua base aérea avançada em Trapani, na Sicília.

FONTES / FOTOS: Força Aérea Italiana (Aeronautica Militare) e Eurofighter

NOTA DO EDITOR: o uso do F-16 como “caça tampão” na Itália para cobrir a lacuna entre o F-104 e o Typhoon (logo após a versão de defesa aérea do Tornado também ter sido usada na tarefa), foi tema de várias das matérias relacionadas abaixo. O assunto também faz parte da seção dedicada à Europa da extensa matéria  “A volta ao mundo em mais de 80 programas ‘F-X’” da revista Forças de Defesa número 4. Não deixe de adquirir seu exemplar para se inteirar deste e de outros programas de reequipamento com caças novos ou de aquisição / leasing de usados que movimentaram o mercado neste século XXI, em concorrências ou compras diretas. E, falando em “caças tampão”, vale a pena rever a matéria do alto da lista abaixo para refletir sobre os “tampões” italianos, que fizeram a transição para um programa de caças novos com participação do país no projeto e na produção (o Eurofighter Typhoon), e os “tampões” brasileiros, que fazem hoje a transição para um… para um… para o que mesmo?

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Giordani RS

“…comandante do 37° Stormo…o programa F-16 foi um sucesso, porque permitiu otimizar os recursos da defesa num período histórico particularmente crítico…”

Claro! Faz o mesmo que um Typhoon por um terço do preço…além de fazer tão bem quanto um Tornardo…um AMeXis…

Enquanto isso na sala de justiça…

Roberto F Santana

É um acontecimento que remete ao passado.
Italianos que sairam de seus Macchi 202(F-104), foram para os Bf-109 (F-16), por fim, uns poucos, acabaram no P-51 ou P-47(Typhoon).
A saudade do F-16 será inevitável.

Mauricio R.

Transição sem frescuras, excelente trabalho AMI!!!
Enquanto isso no Brasil, a novelinha continua.

Roberto F Santana

Prezado Nunão, Dei um pequeno “chute”, pois não tenho certeza se algum piloto de Bf-109 da Aeronautica Nazionale Repubblicana, ex-Regia Aeronautica (do eixo de Hitler), tenha sido aceito para voar na força aéreo do pós-guerra.Os da Aviação Co-Beligerante Italiana, estes sim devem ter sido absorvidos na nova Força Aérea, porque já vinham de Spitfires,P-40 e P-39 e claro, eram aliados. De fato, quem estava num P-51 não tinha saudades de um Bf-109(nem tanto..), especiamente na hora do pouso. Mas o grande mérito vai para os italianos que vinham dos Macchi e iam para os Bfs.Nos aviões italianos e franceses, as… Read more »

Roberto F Santana

Quando saiu o Italian Aces of WWII, não se imaginava que a série iria fazer tanto sucesso, o livro é bom, mas é muito reduzido para falar de um bom número de ases.Ele trata da vida de pelo menos uma duzia de ases, falando inclusive de um que ainda voava em certo aeroclube italiano à época da edição, nos anos noventa. Mais tarde sairia o Fiat CR-42 Aces que tenho, mas ainda não li e espera-se mais alguns, fazendo jus, com certeza aos homens que voaram Macchi 200 e 202 e aos FiatsG.50. Quanto ao tópico, é interessante notar que… Read more »

ci_pin_ha

Só uma resalva: Ciao em italiano significa olá.

Roberto F Santana

Há ainda que se citar os aviões poloneses e thecos (PZL,Avias,etc), estes, em boa parte por possuirem motores de origem francesa (Gnome), tinham suas manetes de ação inversa.
Quanto à transição difìcil, ainda hoje encontramos desafios, como a saída de pilotos de MiG-29 com instrumentação análoga e de sistema métrico-decimal para o sistema padrão internacional.

Roberto F Santana

Esses F-16s italianos têm uma característica que lhes dá um toque especial, a pintura parece ausente ou desgastada pelo tempo, isso trouxe um charme à aeronave, pois revela a cor do alumínio lembrando os antigos aviões de caça.

Roberto F Santana