Suíça planeja receber um Gripen E/F por mês de 2018 a 2020

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Objetivo é coordenar as entregas à Suíça da nova geração do caça com a produção para a Suécia – decisão de compra do caça ainda deverá passar por referendo, mas financiamento e contingenciamentos relacionados às aquisições não estariam mais atrelados aos orçamentos de defesa dos próximos dois anos

Segundo reportagem publicada pelo jornal suíço 24 heures nesta quarta-feira, 25 de abril, o recebimento pela Suíça dos primeiros caças  Gripen E/F, desenvolvidos pela sueca Saab e escolhidos pela Defesa do país no final do ano passado, deverá ser iniciado apenas em 2018, num adiamento de dois anos em relação ao plano original.

As informações são do Conselho Federal Suíço, que decidiu sobre o adiamento de dois anos na aquisição de 22 novos aviões de caça Gripen, e vai aproveitar esse prazo adicional para financiar a compra por meio de um fundo, sem abandonar, contudo, o programa de economias orçamentárias. As decisões deverão passar por um referendo popular.

O objetivo do adiamento é otimizar a aquisição, de forma que a Suíça receba seus 22 caças entre 2018 e 2020, coordenando o recebimento com a compra, pela Suécia (país fabricante do caça), de 60 a 80 aeronaves da nova geração do Gripen. Consequentemente, não haverá mais a necessidade de se prover verbas para a compra suíça já em 2014. O Conselho Federal também vai propor ao Parlamento que não aumente o orçamento das Forças Armadas a partir de 2015.

Ao invés dos 5 bilhões de francos suíços solicitados pelo Parlamento, o limite de gastos com Defesa deverá ser de 4,7 bilhões. Cerca de 300 milhões seriam recolhidos a cada ano, a partir de 2014, para um fundo que financiará a compra dos caças.

Programa de contenção de gastos

No momento, não é possível dizer se o Conselho Federal vai abrir mão de seu programa de economizar 800 milhões de francos suíços do orçamento a partir de 2014, ou reduzir esse valor. Trata-se de um plano de austeridade que era destinado principalmente à aquisição de novos caças, e que obrigaria todos os departamentos a “apertar o cinto”. O ministro da Defesa, Ueli Maurer, disse a repórteres que o Governo vai decidir sobre o assunto em uma futura sessão. Maurer disse que o programa de contenção de gastos não é mais necessário para 2014, e que provavelmente também não será tão importante para 2015. Para o ministro, de qualquer forma o povo terá a ocasião de se pronunciar a respeito. O jornal 24 heures (sem dizer claramente se era opinião do jornal ou do ministro), acrescentou que os opositores da compra de novos jatos deverão atacar lançando um referendo, seja contra o programa de austeridade ou contra a revisão na legislação, necessária para criar o fundo.

O valor da compra será de 3,1 bilhões de francos suíços, no máximo

O limite da compra dos 22 caças Gripen permanece em 3,1 bilhões de euros, valor fixo. Essa é a proposta feita pela fabricante sueca Saab, válida até abril de 2013. O ministro da Defesa disse que qualquer valor excedente está excluído do valor do contrato a ser pago pelos suíços, admitindo, porém, que há uma cláusula relativa à inflação. Maurer também disse que não é esperado nenhum problema técnico ou risco financeiro.

Os 3,1 bilhões cobrem os custos de desenvolvimento do Gripen, e o ministro parte do princípio de que a Suíça vai pagar o mesmo preço que a Suécia para adquirir as aeronaves. O protótipo do novo modelo Gripen E/F deverá ser testado pelos suíços em maio. Já sobre o Parlamento Sueco, este deverá se pronunciar em dezembro a respeito da aquisição dos novos jatos. A decisão suíça deve vir logo depois, dado que o Conselho Federal decidiu que o programa de armamentos deverá ser apresentado em outubro, e não mais em junho. As Câmaras poderão se pronunciar com calma e decidir ao longo de 2013, com a decisão final sendo tomada, incluindo o período de referendo popular, entre o final de 2013 e o início de 2014.

Sobre o orçamento disponível para manter Forças Armadas de 100.000 militares (como quer o Parlamento – o Governo defendia 80.000), e que foi reduzido para 4,7 bilhões de francos suíços, Maurer disse que será apertado, mas possível.

Enquanto isso, uma subcomissão do Conselho Nacional deve lançar luz sobre o processo de avaliação, que deu origem a polêmicas quando da escolha do Gripen em detrimento do caça francês Rafale e do Typhoon, do consórcio europeu Eurofighter (considerados tecnicamente superiores em relatórios vazados). Alguns exigem uma investigação mais aprofundada, já outros advogam claramente a aquisição de outra aeronaves.

‘Teremos mais tempo para financiar o avião’, disse o ministro em entrevista

 

O ministro da Defesa Ueli Maurer veio à imprensa explicar o “enésimo” (termo usado pelo jornal 24 heures) episódio da série Gripen.

Por que adiar a compra dos aviões e financiá-los por um fundo especial?

Maurer – Nós vamos coordenar a compra com o Governo Sueco. Isso significa que nós adiamos a compra dos jatos de combate. Por enquanto, as entregas poderão começar em 2018 e se estender até 2020. A cadência será de um avião por mês. Isso também significa que nós teremos mais tempo para financiar.

E a solução do fundo especial?

Maurer – Essa é uma boa solução. Ela nos dá tempo para economizar e nos deixa livres para fazer outros investimentos nas Forças Armadas. Isso também é necessário: 3,1 bilhões é um montante enorme. E agora termos dez anos para provisionar esse valor.

Existe ainda um programa de austeridade?

Maurer – Até 2014, isso não é necessário, porque as Forças Armadas terão o mesmo orçamento. Em 2015, quando o orçamento for aumentado para 4,7 bilhões, isso não será tão necessário do ponto de vista militar. Mas há outras necessidades em outros departamentos. Então eu acho que será necessário um programa de austeridade, mas somente para o financiamento das Forças Armadas.

E o referendo? As pessoas poderão se manifestar?

Maurer –Sim, existem duas possibilidades de referendos. A primeira é para mudança da lei que permite a criação de fundo especial. E a segunda é do programa de austeridade, que oferecerá a possibilidade de um referendo.

O parlamento votou cinco bilhões. O Conselho Federal decidiu um teto de 4,7 bilhões. Isso é menos do que o esperado?

Maurer – Sim, será difícil para as Forças Armadas. Vai exigir economias e um esforço de planejamento. Mas o Conselho Federal decidiu: as Forças Armadas não têm outra escolha que não seja dizer que está de acordo com as soluções.

FONTE: 24 heures (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

IMAGENS: Saab

NOTA DO EDITOR: se você deseja ver uma imagem de página inteira semelhante à mostrada na ilustração (completa e detalhes) que utilizamos acima, mostrando um Gripen E suíço armado com nada menos que sete mísseis Meteor (cinco visíveis e dois presumidos, além de dois IRIS-T nas pontas das asas), e de quebra com uma bela paisagem ao fundo, é só folhear a revista Forças de Defesa número 4 – mais precisamente, basta ir à página 61. Se você ainda não adquiriu a sua, siga as instruções que estão em outro “post” desta página.

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Nick

Ao que parece a decisão é uma adequação de interesses, Suiços e Suecos. 2018/2020 é o timeline que os Suecos querem para receber seus caças Gripen NG, e a Suiça com esse orçamento apertado, da uma aliviada também.

[]’s

Clésio Luiz

Isso é má notícia para a Saab na concorrência daqui, já que precisamos do caça “pra ontem”.

Vader

Belíssima a primeira imagem que ilustra a matéria. Vocês não a teriam em alta resolução para utilização como pano de fundo?

edcreek

Olá,

A imagem é muito bonita e mostra um dos problemas do gripem o Rafale ou Super Hornet levariam o mesmo tanto de misseis e pelo menos dois tanques auxiliares, o Rafale ainda poderia levar um missil AM-39 Exocet ou um Missil nuclear…

Essa declaracao foi um golpe duro, nada de caça antes de 2018, lembre-se estamos em 2012 ainda…

Esse foi um duro golpe no relatorio pre-liminar do Copac que colocava no paper-plane em primeiro e foi rejeitado pelo alto comando.

Abraços,

Giordani RS

“Clésio Luiz disse:
26 de abril de 2012 às 8:00
Isso é má notícia para a Saab na concorrência daqui, já que precisamos do caça “pra ontem”.

Pelo contrário…será mais uma desculpa para a turma do rei-sol…anota aí, a turma não vai finalizar o processo porque quererão ver a máquina pronta…e assim vão levando com a pança…

Vader

edcreek disse: 26 de abril de 2012 às 8:52 “Esse foi um duro golpe no relatorio pre-liminar do Copac que colocava no paper-plane em primeiro e foi rejeitado pelo alto comando” Apenas lembrando Ed, que o relatório do Copac foi feito em 2009. Se àquela altura houvesse sido concluído conforme determinava o relatório, seria factível o Gripen NG ser entregue em 2014. De mais a mais o relatório do Copac não foi “rejeitado” pelo Alto-Comando. Apenas teve alguns parâmetros modificados para atender às diretrizes então emanadas pelo Min Def, leia-se, aquela josta chamada de (The) END. Mas nem assim “Le… Read more »

Marcelo

esse Meteor é mesmo “bad ass”. O melhor missil ar-ar de medio/longo alcance hoje. Nem os gringos tem algo igual. Deve ser uma das poucas coisas em que a Europa está na frente, infelizmente.

wallace

Melhor opção do FX-2 na minha opinião, não porque é o melhor caça nem por ter efetividades comprovada (muito pelo contrário), mas por nos permitir “falar mais alto” e realmente conseguir melhor condições em termos de tecnologia, até porque ainda é um projeto em desenvolvimento, ao contrário dos outros concorrentes em que receberíamos apenas um manual de como apertar os parafusos.

Guilherme Poggio

Neste caso acho que vale uma pergunta interessante.

Os F-5 vão aguentar até lá? As aeronaves deles receberam um programa de modernização bem mais modesto que o nosso e lá eles voam mais que aqui.

No nosso caso a “aposentadoria” começa em 2017. E lá?

http://www.aereo.jor.br/2011/11/14/burnier-primeiros-f-5-darao-baixa-em-2017-f-x2-nao-pode-ser-mais-postergado/

Marcelo

Guilherme Poggio disse:
26 de abril de 2012 às 10:52

lá deverá ser a partir de 2018, como a própria matéria traz. A RUAG está bem especializada na manutenção estrutural do F-5E/F, apesar de sempre aparecer um chato falando que somente o fabricante original do avião consegue fazer upgrades/manutenção ou overhaul de células antigas. Na vida real (fora da cabeça desse indivíduo) empreas bem capacitadas em pessoal conseguem fazer isso. É o caso da Embraer e certamente da RUAG também.
Abraços.

Mauricio R.

Coitada da Europa então, pois não há Meteor em serviço de esquadrão em lugar nenhum. Em compensação o “Slammer”, abunda. Até o Meteor atingir o mesmo nível operacional do míssil americano, haja tempo, fundos e paciência. E isso são só os americanos, a Europa terá ainda que lidar c/ russos e quiça os chineses, pela frente. “Na vida real (fora da cabeça desse indivíduo) empreas bem capacitadas em pessoal conseguem fazer isso.” a) Capacitação, aonde, qual??? Só de for em criar picuinhas, pq o update dos F-5 da FAB, é executado c/ tecnologia desenvolvida pela Elbit. b) Tdas as células… Read more »

joseboscojr

Marcelo, Quanto ao Meteor ser o melhor míssil isoladamente eu descordo. O mesmo foi projetado tendo em vista as versões iniciais do Amraam, mais precisamente a versão AIM-120A, que tinham uma performance cinética “sofrível” (60 km de alcance máxima com uns 10 a 15 km de NEZ). Infelizmente, de lá para cá, o Amraam evoluiu (pelo menos 7 vezes) e não creio que o Meteor seja muito melhor que o AIM-120C7, embora deva concordar que tenha um NEZ mais ampla devido ao maior impulso específico do motor aspirado. Hoje, o Amraam está na versão “D”, que está sendo introduzida lentamente,… Read more »

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