Brasil quer que EUA eliminem barreiras na área da Defesa

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Celso Amorim se encontra com secretário americano hoje em Brasília – Intenção é ampliar cooperação e acabar com restrições à transferência de tecnologia

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O governo brasileiro quer que o novo “diálogo de cooperação em Defesa” com os Estados Unidos, assinado durante visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, contribua para eliminar barreiras para a transferência de tecnologia, como no caso da compra de 36 caças para a FAB (Força Aérea Brasileira).

O recado deve ser dado pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, ao secretário de Defesa americano, Leon Panetta, no primeiro encontro dos dois no âmbito do novo diálogo, amanhã, em Brasília.

“Não queremos nada dado. Mas é de grande importância que não haja obstáculos à aquisição de bens de conteúdo tecnológico”, disse Amorim, à Folha, evocando a restrição que os EUA impuseram à venda de 24 aviões Super Tucano, da Embraer, à Venezuela, em 2006, pela presença de componentes americanos nas aeronaves.

O caso é frequentemente citado como um mau precedente de negociações sensíveis com os EUA. No caso do programa FX-2 da FAB, em que o caça F-18 Super Hornet da Boeing concorre com o francês Rafale e o sueco Gripen NG em um pacote de aproximadamente R$ 10 bilhões, o Brasil já deixou claro que o compromisso com a transferência de tecnologia será vital na escolha.

No comunicado conjunto emitido após o encontro de Dilma e Barack Obama, o novo diálogo de cooperação é descrito como um foro para “identificar oportunidades de colaboração em assuntos de defesa no mundo”.

Para Amorim, a criação de um diálogo em nível ministerial pode ajudar a resolver, no futuro, “questões de grande apreensão” como a reativação da Quarta Frota -divisão da Marinha americana responsável por operações no Atlântico Sul-, anunciada em 2008, e o uso de bases colombianas pelos EUA, que veio à tona em 2009.

O ministro assegura não ter recebido ainda nenhuma manifestação de preocupação de governos sul-americanos sobre a aproximação do Brasil com os EUA em matéria de Defesa. “Também não estamos dialogando para resolver as coisas pelas costas dos outros. É um diálogo de transparência, que só vai beneficiar a todos.”

FONTE: Folha de São Paulo (reportagem de I. Fleck)  via Notimp

NOTA DO PODER AÉREO: em nota à Imprensa interessada em cobrir o evento, o Ministério da Defesa divulgou o seguinte aviso de pauta: “O ministro da Defesa, Celso Amorim, recebe o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon E. Panetta, nesta terça-feira (24/4/2012), às 15h30, na sede do Ministério da Defesa. A reunião inaugura o novo ‘Diálogo de Cooperação em Defesa (DCD)’, firmado pela presidenta Dilma Rousseff e pelo presidente Barack Obama durante visita oficial aos Estados Unidos, há duas semanas. Após o encontro, Amorim e Panetta conversam com jornalistas no auditório térreo do Ministério da Defesa. (…) O ‘Diálogo de Cooperação em Defesa (DCD)’ integra a formação da Parceria Estados Unidos-Brasil para o século XXI.”

Para saber mais sobre o DCD, clique aqui para acessar arquivo em pdf disponibilizado pelo Ministério da Defesa, trazendo a declaração conjunta da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, com o presidente dos EUA, Barack Obama, quando da visita de Rousseff aos Estados Unidos, em 9 de abril.

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Edgar

Como o “compagnon” de Lula já está perdendo as eleições na França, creio que o ministro já está, na verdade, fechando o pacote com os americanos.

Creio que nossos SHs já irão vir com a LAD que o Nunão “vôou” na USP.

E que o pedido não fique apenas nos 36 né, Mr. Amorim? Basta lembrar que Taiwan, um país um pouco maior do que Alagoas, tem pouco menos de 150 F-16 em seu inventário, isso sem contar os quase 60 Mirage 2000 e os 32 F-5.

Giordani RS

“Edgar disse:
23 de abril de 2012 às 18:59
E que o pedido não fique apenas nos 36 né, Mr. Amorim? Basta lembrar que Taiwan, um país um pouco maior do que Alagoas, tem pouco menos de 150 F-16 em seu inventário, isso sem contar os quase 60 Mirage 2000 e os 32 F-5.”

Mas vê os vizinhos de Taiwan…vê os vizinhos…

asbueno

Rogileide Basilio (Facebook): na área militar as garantias que você menciona somente devem ser levadas em conta se há uma forte aliança entre os países negociantes. Todos os vendedores vão afirmar e colocar no papel facilidades e garantias de TOT, porém na prática eles somente ocorrerão se fizermos a lição de casa. Caso exemplar é o da Argentina em 1982. Não apenas franceses barraram embarques, mas tb americanos. Por que? Porque os argies se “rebelaram” contra um membro da OTAN! Situação oposta viveram os chilenos, que por terem apoiado os britânicos receberam, entre outras coisas, células de Hawker Hunter suficientes… Read more »

Edgar

Giordani, imaginei que este argumento surgiria uma hora. Claro que isto é fato, porém, ao meu ver, esse argumento tem sido o maior “colchão” do “berço esplêndido” em que os nossos governantes tem se deitado nas últimas décadas no que tange à evolução nas tecnologias de Defesa de nossa Pátria Amada.

Penguin

Enquanto isso a Índia vai recebendo seus off sets tecnológicos da Boeing pela compra dos C17 Globemaster III:

Boeing to help set up transonic tunnel facility
M. SOMASEKHAR

http://www.bharat-rakshak.com/NEWS/newsrf.php?newsid=18013

Item similar tb faz parte do pacote de off set da Boeing para “Pindorama”.

juarezmartinez

Mas Penguin só serve se vier estampado com o “mantra” GEFELICO propalado e rezado em coro por todos os mambembes da blogosfera oficialista dos TOTs(by principado do Amapá) não tem probelma se custar cinco vezes mais, umTOT, segundo estas beldades com ausência de neurônios, não tem problema.

Grande abraço

Mauricio R.

“…evocando a restrição que os EUA impuseram à venda de 24 aviões Super Tucano, da Embraer, à Venezuela, em 2006, pela presença de componentes americanos nas aeronaves.”

Pô, alguém dê uma porrada nesse imbecil do Celso Amorim!!!
Esse cara é mto tapado, agora quer ditar o comportamento dos americanos em questão de política externa???
O chapolim colorado da Venezuela procurou sarna p/ se coçar, achou e agora é o Brasil que tem que livrar a cara deles???
Posição absolutamente infantil, de um imbecil que pensa ser importante no mundo.

DrCockroach

Justamente por nao gostar da pressao por offsets e p/ proteger setores de defesa nos EUA que o Obama estabeleceu o “Export Control Reform Initiative”. Mas tb eh verdade, os EUA tem assinado com 21 paises o “Defense Procurement Memoranda of Understanding” (RDP MOUs) o que permite aos Paises signatarios evitarem, por exemplo, o Buy America Act. Agora o que o Brasil (FAB, MinDef, etc) estah pedindo eu nao sei; tampouco sei o que os EUA estao oferecendo, portanto vcs devem se perguntar: “Por que leio algo de alguem que assumidamente nao sabe?” Tb nao sei a resposta desta; mas,… Read more »

edcreek

OLá,

Os EUA estão entrando no pareo denovo, mas não tem nada haver com o Brasil ou os norte-Americanos propriamente ditos…

A unica chance real é se messie Sarko perder as eleições na França se isso não aconteçer esqueçam….

Abraços,

Penguin

Por que Ed? O Brasil (e sua liberdade de escolha) está refém de Sarkozy?

Vader

Olha só, posso estar “viajando”, mas me ocorre agora uma hipótese: O CA é um “doutrinado” pela agenda de esquerda? É. Isso não se discute. Ele segue ordens. Mas ele em si está longe de ser um idiota. Ele sabe muito bem que a restrição americana à venda de STs à Venezuela não foi por conta de “obstáculos à aquisição de bens de conteúdo tecnológico” pelo Brasil. Em primeiro lugar porque não houve qualquer restrição à compra PELO BRASIL de tais bens (o que seria, aí sim, “embargo”), e em segundo porque jamais houve intenção da Embraer de aquisição (leia-se… Read more »

Vader

Ah sim: a não reeleição do Sarkozy condiciona SIM o prazo para o anúncio do vencedor do FX2, na medida em que sta se concretizando o governo brasileiro não estaria mais vinculado à “promessa” feita pelo governo Lula, em 2009, de entabular negociações exclusivas com a Dassault e o consórcio Rafale.

É a desculpa perfeita que o governo buscava: a promessa foi feita ao Sarkozy; este não sendo mais o Presidente, o governo não mais estaria vinculado à tal promessa.

Grifo

Isso porque, em primeiro lugar ele é um subalterno na estrutura. Em segundo, porque ele é do Departamento de Estado, e não do de Defesa.

Caro Vader, o controle exportações de armas é feito pelo Departamento de Estado, não pelo de Defesa.

Na minha opinião, o cancelamento absurdo e até agora inexplicável do LAS matou qualquer chance que o Super Hornet tinha, que a meu ver já não eram muitas.

Marcelo

Grifo disse:
24 de abril de 2012 às 9:41

Concordo com o amigo gripeiro nessa. Então vamos de Gripen ou de Rafale?

Grifo

Concordo com o amigo gripeiro nessa. Então vamos de Gripen ou de Rafale?

Caro Marcelo, acho que o Rafale tem tanta chance no FX-2 quanto o Sarkozy nas eleições 😉

Vader

Grifo disse:
24 de abril de 2012 às 9:41

Tem razão prezado Grifo, obrigado pela correção.

De qualquer maneira o raciocínio continua válido pelos outros fatores: trata-se de um subordinado, e que pode não saber do que está falando, até porque é sabido que outros países já tiveram acesso a códigos-fonte de aeronaves americanas, especialmente os do sistema de armas, que é o que mais interessa à Força Aérea.

Sds.

Vader

Grifo disse: 24 de abril de 2012 às 9:41 “Na minha opinião, o cancelamento absurdo e até agora inexplicável do LAS matou qualquer chance que o Super Hornet tinha, que a meu ver já não eram muitas.” Entendo a preocupação do amigo em ressaltar esse ponto, mas o fato é que a concorrência LAS está andando, voltando ou não ao seu começo, e as chances da Embraer vencer de novo são enormes, para dizer o mínimo. O FX2 também foi cancelado/postergado/adiado/semi-cancelado por diversas vezes, e nem por isso algum dos países competidores se sentiu irado. E olha que os franceses,… Read more »

Grifo

O FX2 também foi cancelado/postergado/adiado/semi-cancelado por diversas vezes, e nem por isso algum dos países competidores se sentiu irado. E olha que os franceses, por exemplo, tinham enormes razões para isso, correto Caro Vader, o FX-2 nunca foi cancelado. O governo nunca anunciou uma decisão, nunca cancelou o processo, simplesmente até agora sentou em cima dele sem decidir. Não é o ideal, mas também não é o papelão protagonizado pela USAF. A decisão é até agora inexplicável. Ação judicial qualquer um pode impetrar, ninguém cancela concorrência porque o perdedor resolveu exercer o seu “jus esperneandis”. Ainda mais depois do GAO… Read more »

Vader

Grifo disse: 24 de abril de 2012 às 10:29 “ninguém cancela concorrência porque o perdedor resolveu exercer o seu “jus esperneandis”” A não ser que o perdedor tenha razão em seu reclamo correto? 😉 Me desculpe Grifo, mas as coisas no judiciário americano funcionam de maneira bem diferente da nossa pobre, lenta, venal, corruptível e subserviente (ao Estado e ao poder, em geral) justiça brasileira. Por lá, se uma corte mandar parar tudo, pára tudo MESMO, doa a quem doer e fiat justitia pereat mundus. Motivo pelo qual a maioria das pendências jurídicas acaba em acordo muito antes de o… Read more »

Grifo

Por lá, se uma corte mandar parar tudo, pára tudo MESMO, doa a quem doer e fiat justitia pereat mundus. Caro Vader, só que a Justiça americana não mandou parar nada! Pior, a USAF tinha o GAO do seu lado dizendo que a Hawker-Beechcraft não tinha direito em reclamar. Não havia nenhuma razão para suspender nada. se a USAF chegou à conclusão de que houve alguma falha, por minúscula que seja Que falha foi essa tão grave que leva ao cancelamento de uma concorrência? Ninguém sabe, a USAF não diz. A própria Embraer não sabe e está tendo que entrar… Read more »

Vader

Grifo, a justiça americana não mandou parar nada porque a própria USAF cancelou a licitação, fazendo com que a ação da HB perdesse o objeto. Mas não tenha dúvida de que se o Poder Judiciário constatasse algo de errado melaria todo o negócio. No lugar da USAF o que você preferiria? Deixar a ação seguir, correndo o risco de não só ter toda a licitação anulada já em fase avançada, mas ainda de ter de pagar pesadas indenizações à autora da ação (HB), ou refazer o imbróglio, corrigindo os erros, ainda que se perca algum tempo (1 ano?) nesse ínterim.… Read more »

Mauricio R.

Ocorre que o GAO não tem poder real, suas recomendações são obedecidas, mais p/ se evitarem explicações desagradáveis devido a inação. Se o GAO disse p/ fazer e não o for, explicações terão que ser dadas ao comitê legistlativo pertinente, em um clima de “te peguei fazendo o que não devias”, que nenhuma CPI no Brasil jamais sonhou. Assim mais uma vez, ao perceber uma brecha no processo, a USAF tratou de vedá-la, nem que p/ isso incorresse em um aparente vexame perante o fornecedor. Eles sempre defenderão o processo, não há a possibilidade do nosso “jeitinho”. No mais a… Read more »

Grifo

No lugar da USAF o que você preferiria? Deixar a ação seguir, correndo o risco de não só ter toda a licitação anulada já em fase avançada, mas ainda de ter de pagar pesadas indenizações à autora da ação (HB), ou refazer o imbróglio, corrigindo os erros, ainda que se perca algum tempo (1 ano?) nesse ínterim. Caro Vader, para mim a resposta é óbvia: se fosse a USAF iria se defender no tribunal. “See you in court”, como dizem os americanos. Ainda mais com o GAO do meu lado. Se a Justiça mandasse anular, paciência, respeita-se a decisão judicial.… Read more »

Vader

Mauricio R. disse: 24 de abril de 2012 às 13:21 “No mais a Embraer e o governo brasileiro deveriam é aprender como se joga o jogo, são as regras deles as que realmente valem e deixarem de lado essa postura de excessivamente ofendidos exibida até o momento.” Maurício, desculpe o aparte, mas tanto um (Embraer) como outro (GF) sabem muito bem “jogar o jogo”, e sabem que com americano não existe “jeitinho brasileiro”. O que eles fazem é ficar “jogando pra torcida”, dando uma de idiotas e de coitadinhos injustiçados para tentar arrancar mais vantagens dos americanos, tanto em uma… Read more »

Grifo

Assim mais uma vez, ao perceber uma brecha no processo, a USAF tratou de vedá-la, nem que p/ isso incorresse em um aparente vexame perante o fornecedor.

Caro Mauricio R., não sei se você acompanhou o processo, mas o GAO na verdade ficou do lado da USAF e disse que a reclamação da Hawker era improcedente. O parecer do GAO está aqui:

http://www.gao.gov/decisions/bidpro/406170.htm

Vader

Grifo disse: 24 de abril de 2012 às 13:37 “Mas anular uma concorrência sem motivo aparente com medo de um processo, realmente isso eu nunca vi.” Talvez porque o amigo nunca tenha se atentado para o que acontece quando alguém perde um processo nos EUA. Quem perde um processo civil paga normalmente além das custas, que via de regra já são altíssimas, indenizações absolutamente teratológicas pelo simples fato de ter forçado a parte a acionar o judiciário. E enquanto o processo está em trâmite – e em casos complicados pode chegar a demorar alguns anos – nada anda. De maneira… Read more »

Ozawa

Concordo com às assertivas do Vader pelos mesmos fundamentos.

Fabio ASC

Acredito que o LAS foi cancelado mais para pressionar o Brasil em relação ao SH.

Eles compram o ST se nós comprarmos os SH.

E tem mais, é mais fácil vendermos o KC para os EUA e seus aliados do que para a França.

neoclio

O único avião que tem condições de ter sua fabricação iniciada, completada e entregue até a Copa de 2014???

o Gripen NG??? que nem saiu do papel, não me falem do mockup.

o Rafale??? dúvido que voe na India(q já bateu o martelo) até esta data.

Boeing é Boeing!

Dilma, ao contrário de Lula é mais, bem mais pragmática.

E contra números, fatos, e poder, não há argumento…

au revoir Sarkô.

Guilherme Poggio

neoclio disse:

o Gripen NG??? que nem saiu do papel, não me falem do mockup.

Eu desconhecia esse mockup do Gripen NG. Vai ver que ele está guardado juntamente com aquele mockup do EE-T1 Osório que tem gente que afirma que viu.

Falando em Osório, não percam a edição 4 da revista Forças de Defesa.

Justin Case

Amigos, boa noite.

http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-04-24/boeing-ja-gastou-mais-de-us-5-mi-para-vender-caca-para-o-brasil.html

“A transferência dos códigos fontes do caça norte-americano é outro ponto de discussão. Principal secretário assistente do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Kelly afirma que nenhum aliado norte-americano recebe códigos fonte de aeronaves produzidas pelo País. “NÃO PODEMOS DAR CÓDIGO FONTE PARA NENHUM PAÍS”, afirma.
O jornalista viaja a convite da Boeing”

Será que o jornalista “viajou” ou o Sr, Kelly afirmou isso mesmo?

Cada coisa que se vê nesse F-X2…

Abraços,

Justin