FIDAE 2012: poucas novidades (e algumas, brasileiras…)

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Por Javier Bonilla

Com a habitual expectativa às vezes maior, às vezes menor, dependendo do cenário regional aeroespacial – encerrou-se mais uma edição (a 17a.) da maior amostra aeroespacial latina.

Talvez, a modesta perspectiva de grandes compras, comerciais ou militares, nos próximos dois anos, na região – fora a decisão ou não acerca do FX-2 ainda este ano, anunciada tantas vezes, sempre em dúvida -, fizeram desta FIDAE, uma feira bastante austera em relação às novidades apresentadas. Ou seja, não houve muitas. Na parte militar, praticamente só o KT-50 – um ágil e muito mais barulhento irmão menor do F-16, originalmente treinador e hoje virando caça de ataque leve -, o A-400 (até que enfim…!), o C-27 J, o Embraer R-99, e o EC-725 do 1o./8o. GAV da FAB, chegando em Santiago depois de 25 horas de voo desde Belém, cujas últimas escalas argentinas foram Resistencia, Córdoba e Santa Rosa, para atravessar a Cordilheira pela aerovia Malargüe-Curicó.

No que diz respeito à aviação de combate, outro concurso está começando a interessar a Boeing, Lockheed, Eurofighter, Dassault e Saab, tanto ou mais que o FX2, e é a substituição dos F-5 Tiger III da Fach, prevista para 2015, e, quem sabe, possa coincidir com o modelo que for escolhido – esperando que o seja…  pelo Brasil.

Pavilhão brasileiro

A presença brasileira, no setor H, foi, pela primeira vez concentrada num pavilhão exclusivo, iniciativa coordenada pela Apex, reunindo as 37 empresas do setor, fora a Helibras, integrada ao grupo Eads/Eurocopter: TAM Linhas Aéreas, presentes em outros stands, e a Alcântara Cyclone Space, no Pavilhão A, aonde, além da Antonov e o US Dept of Commerce.

Ali também se concentravam os stands da Argentina, encabeçados por FADEA, Turquia, com grande destaque para a Aselsan – habitual fornecedora dos exércitos do Chile e Uruguai – do Peru (demagogicamente fechados, horas antes de começar a FIDAE, pelo folclórico presidente peruano Ollanta Humala, depois de gastos quase 50.000 dólares, além das reservas de hotéis e passagens, canceladas, segundo disse “porque o Chile nos traz problemas”), e, por primeira vez, em ação promovida pelo Ministério das Indústrias daquele país, o Uruguai apresentou um completo stand institucional, das suas ofertas privadas e públicas em materia aeronáutica.

 

Israel

Enorme, como já é habitual, considerando o Chile um país amigo e sócio estratégico na região – hoje incrivelmente “bolivarianizada” diplomaticamente – foi a presença de Israel, com as suas opções mais representativas representadas, como a Rafael, IAI (que levou inclusive o Heron), Elbit, IMI, IWI, Elbit e o SIBAT, cujo vice-diretor, Itamar Graff, mencionou como clientes e parceiros latinoamericanos ao “Brasil, Colômbia, Chile e México”, sendo enfático em destacar que “Israel só vende material de Defesa a países amigos”, excluindo dessa lista o errático regime de Hugo Chávez, porém afirmando manter boas relações comerciais com quase todo o continente.

Alguns dos mais importantes aviões apresentados, deixaram a Fidae no dia 29, como foi o caso do A-400M, que devia continuar a sua programação de testes “Hot and High” no Peru e na Bolívia, ficando só duas novas estrelas de transporte militar: o C-27 J, que demonstrou várias atitudes acrobáticas sobre os céus de Santiago, inéditas neste tipo de aeronave, e, o digitalizado Twin Otter Viking 400, cujo primeiro lote de 12, foi adquirido pela Força Aérea Peruana em 2011. A FACH, apresentando o seu C-130H completamente digitalizado, anunciou a chegada de outros dois exemplares, ainda este ano.

A respeito do Brasil, além da FAB ter levado Mirage 2000, EC-725 e R-99, a Esquadrilha da Fumaça, da habitual visita de público ao stand da Imbel, e da Condor, o simulador para aeronaves de combate da AEL foi outra das vedetes do pavilhão, inaugurado pelo ministro Celso Amorim.

A AEL apresentou na FIDAE o “All -In-One Display” para a futura geração de aeronaves de combate, que reúne, numa única tela de cristal, com capacidade touch screen, todas as imagens, dados de navegação, mapas digitais, informações de missão, voo, e o resto da suíte informativa obtida pelos diversos sensores. Através da compilação dos dados fornecidos utilizando um dispositivo IRST, fornece ao piloto a busca e o rastreio de alvos passivos a 360 graus e também monitora alvos em movimento no solo.

A Embraer, tendo feito uma ótima divulgação do seu futuro KC-390 (frente ao qual a Lockheed anunciou uma versão mais barata do C-130J, o XJ), e confirmando as opções pelo ST da Angola, Mauritânia e Burkina Fasso, presente com chalé próprio, e a sua nova vertente, EDS, no pavilhão brasileiro, também estreava novo representante para a sua linha Phenom no Chile (levando o Phenom 300, juntamente ao 100, este já apresentado na FIDAE 2010). Trata-se da firma Aerocardal, representando a Cirrus, dedicada à atividades de táxi aéreo, voos sanitários, e, um dos poucos – e satisfeitos – usuários sulamericanos do Dornier 328, também exibido na placa  o qual junto a outros dois Dornier 228, formam a principal coluna da empresa, agora regional, que une Santiago com a localidade mineira de Vallenar, 650 Km ao norte.

Horas antes do começo da FIDAE, precisamente o FBO da Aerocardal recebia na pré-estréia dos voos Sidney-Santiago, ao ator e piloto John Travolta, que, como parte da campanha publicitária da Qantas, chegou pilotando o seu 707-120 “Ella” ao Aeroporto Arturo Merino Benitez, e foi embora no começo da feira.

Eurocopter

Entre as aeronaves executivas apresentadas destacavam, também os Beechcraft 250 e 350 ER, o Hawker Beechcraft 4000, e o Pilatus PC-12 NG, o primeiro avião a confirmar, meses atrás, a sua presença na feira. Outros aviões executivos foram o Cessna Citation Excel, o Gulfstream V-10, o Socata Daher TBM 850, e o “mini-caravan” australiano Airvan GA-8, o avião insignia das Civil Air Patrol estadounidenses.

Entre os helicópteros, além da completa linha Bell, com destaque especial para os novo Bell 429, Agusta, com o A-109 Grand e o A-109 clássico (dos quais ,vendeu o quinto exemplar aos Carabineros do Chile), os Puma modernizados na IAR pelo Exército do Chile, a presença da Eurocopter foi destaque, não só pela chegada do EC-725 da FAB, mas pelas exibições do Esquilo da Polícia de Investigações(PDI), o EC-135 e o EC-130B4, já com alguns clientes no Cone Sul, inclusive a PM do Paraná, e a decana figura do EC-365 da Aviação Naval chilena.

Embora impressionante nas suas demonstrações, o A-380 era mesmo exemplar de pré-série que já esteve na FIDAE 2010, e também no Brasil e Bolívia nessas datas, sem acabamento interno, e ainda com sensores e outro de tipo de equipamentos a bordo. Sendo assim, o 787 apresentando parte do seu interior padronizado, foi outra das estrelas da feira, um evento que, embora foi mais curto e com menos vedetes que outros anteriores, foi um sucesso, comercial, acadêmico e de público.

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Mauricio R.

“…seu futuro KC-390 (frente ao qual a Lockheed anunciou uma versão mais barata do C-130J, o XJ), e…”

Deixa ver se eu entendí:
A Lockheed, aka “Lockmart”, aka “LM”, apresentou uma versão mais barata de uma aeronave existente, vendendo, em produção seriada, pois a concorrente local fez divulgação bem sucedida, de uma aeronave que existe somente em mock-up???
E parcial, pois o mock-up é só do compartimento de carga.
Ou será pq os tempos andam bicudos, há uma restrição generalizada a novas despesas, os orçamento militares tb foram afetados por cortes efetuados nos EUA e Europa???

Marcelo

pois é Mauricio R. querendo vosmecê ou não, foi isso que aconteceu. Só não entende quem não quer.

Baschera

Ou seja….. raspando o tacho…. só sobrou a visita do John “Me Revolta” e seu muito bem cuidado B-707 !!

De resto….. tudo igual como dantes do país de abrantes.

Até que o C-390 (repito….”K” é de reabastecedor) esteja operante, o maior concorrente do C-130 vai ser o próprio C-130…. que existe em profussão no mercado de usados e que no final das contas, em tempos de orçamentos magros, já começa a fazer seu “mercado”.

Exemplo: O Japão anunciou que vai comprar 6 KC-130R por US$ 170 milhões ou menos de Us$ 30 milhões por unidade.

Sds.

Marcelo

e o EC-725 voou de Belem para Santiago? ué, segundo os experts da internet, não é o helicóptero que sofre de desempenho sofrível? uau.
Atravessou a Cordilheira dos Andes, mas nao tem bom desempenho em alta altitudes? hehehehehehehe

Mauricio R.

Nossa que tão grande altitude essa, nem de oxigênio precisa…

“Another crossing from Curicó over the 2502m Paso Vergara is being developed but is still hard to access.”

(Read more: http://www.lonelyplanet.com/chile/transport/getting-there-away#ixzz1rB6YSFth)

No mais as deficiências do design deste helicóptero, são amplamente documentadas no mercado.

Fernando "Nunão" De Martini

Senhores, Não vamos começar uma discussão em “loop”, por favor, tratando um assunto sob um ponto de vista errado, ou incompleto. Sim, o teto de voo operacional é um dado importante para atravessar os Andes e outras cordilheiras por entre as montanhas, sobrevoando os altiplanos etc. Mas isso é apenas parte da questão quando comumente se fala em operar helicópteros a altitudes elevadas – o EC-725, faz isso, e outro helicóptero em uso na FAB também faz: http://www.aereo.jor.br/2010/03/09/dois-black-hawk-sobre-os-andes/ http://www.aereo.jor.br/2010/10/13/cooperacion-i-fotos-das-aeronaves-da-fab/ O ponto principal em questão, quando se fala no assunto, não é só o voo: é a capacidade para decolar e… Read more »