Fim de uma era parte 3: último disparo de S530D por Mirage francês

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Nesta terça-feira, 6 de março, a Força Aérea Francesa (Armée de l’air) informou que foi realizado o último disparo de um míssil ar-ar S530D pela Força. O disparo foi feito em 1º de março, durante a campanha de tiro ar-ar organizada pelo centro de especialização de armamento embarcado (centre d’expertise de l’armement embarqué  – CEAE), da base aérea 120, de Cazaux. A campanha ocorreu entre 27 de fevereiro e 2 de março.

O disparo do míssil  foi realizado por um Mirage 2000 RDI (denominação que também é usada na França para caças Mirage 2000 C/B equipados com radar RDI – radar Doppler à impulsion) do Esquadrão de Caça 1/12 “Cambrésis”, baseado em Cambrai.  Essa versão S530D do míssil ar-ar, quando entrou em serviço em 1989, introduziu na Força Aérea Francesa a capacidade de interceptar alvols tanto a altitudes muito baixas quanto muito altas. O S530D equipou, por muitos anos, os caças de defesa aérea baseados em Cambrai, Orange e Dijon, assim como os que realizaram operações de defesa aérea no exterior.

Na Força Aérea Francesa, o míssil está sendo substituído pelo MICA (missile d’interception de combat aérien – míssil de interceptação de combate aéreo), nas versões com guiagem eletromagnética (EM) ou infravermelho (IR).

FONTE / FOTO: Força Aérea Francesa (Armée de l’air)

NOTA DO EDITOR: apesar da nota acima dizer que o S530D (também designado Matra Super R-530D) está sendo substituído pelo MICA, deve-se entendir isso mais no sentido do tipo de  armamento principal para combate BVR (além do alcance visual) utilizado na Força Aéra Francesa (onde é empregado pelo Rafale e pelo Mirage 2000-5) e não no sentido do armamento usado no Mirage 2000C, cujo radar RDI não é necessariamente compatível com o MICA (para isso, foi desenvolvido o RDY que equipa o Mirage 2000-5, versão extensivamente modernizada em sistemas em relação ao Mirage 2000C).

O título da matéria faz referência a outras duas, uma publicada em 2009, quando se anunciou que os Mirage 2000 estavam fazendo suas últimas grandes revisões (nível parque) em instalações da Força Aérea Francesa, serviço que passaria a ser realizado pelo fabricante. A outra, de 2010, foi a da despedida dos Mirage F1 de missões no Chade. As duas estão no topo da lista de links a seguir. O esquadrão “Cambrésis”, cujo caça Mirage 2000 realizou o disparo citado na matéria, será desativado em breve, como mostra outro link da lista abaixo. Frequentemente também trazemos aqui matérias a respeito de esquadrões franceses que vêm sendo desativados (principalmente de aeronaves Mirage F1, Mirage 2000C/B e Mirage 2000N) dentro do programa de racionalização da Força Aérea Francesa que visa, no médio prazo, uma força composta apenas por aeronaves Rafale e Mirage 2000D.

Aproveite a lista de links a seguir para ler mais sobre o tema e debater a respeito – outra discussão interessante é que os caças F-2000 da FAB utilizam justamente esse modelo de míssil para combate BVR (além do alcance visual), cujo último disparo acaba de ser realizado pela Força Aérea Francesa.

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Mauricio R.

Pena que míssil não caturra, igual torpedo…

joseboscojr

As informações são desencontradas, mas basicamente os mísseis ar-ar guiados por radar podem ser separados em grupos (gerações??):
1º – mísseis guiados por radar semiativo Ex: R-530D
2º – mísseis guiados por radar ativo. Ex: R-Darter
3º – mísseis guiados por radar ativo com data-link de via única (up-link). Ex: Mica EM
4º – mísseis guiados por radar ativo com data-link de via dupla (up-link/down-link) e com GPS. Ex: Amraam D

Ivan

Bosco, Pelo que tenho lido, o Meteor seria um míssil ar-ar de longo alcance guiado por radar ativo com dalalink de 2 (duas) vias. Entretanto os franceses não pretendem, ao menos até a puplicação do texto que encontrei, usar o recurso de dupla via (up-link e down-link). A pretenção era usar o link do MICA de via única, ou seja, apenas fazer up-link do caça para o míssil. Os sistemas previstos para os outros 2 (dois) eurocanards, o Typhoon e o Gripen, estão previstos para o data-link de via dupla, até porque existe previsão do Meteor fazer parte da NCW… Read more »

joseboscojr

Ivan, Muitos ficaram de fora da “minha” classificação. rsrsr. Coloquei só um exemplo de cada grupo, só pra ilustrar. Mas eu não sabia da capacidade do Meteor de “duas vias”. Pelo que me lembrava ele só tinha o up-link. Por isso exitei em chamar de “gerações”, e apenas “agrupei” em relação ao sistema de orientação, não tem lógica deixar o Meteor de fora da “última geração”, seja ela qual for, mesmo porque, se ele perde num quesito, recupera no quesito propulsão. Sem falar que toda classificação é falha e geralmente, injusta. A maior vantagem de empregar um data-link de duas… Read more »

joseboscojr

Ivan,
Você está certo. O Meteor tem mesmo o data link de duas vias (TWDL)
Engraçado é que parece não ter o GPS.
Deve usar apenas o sistema inercial para informar sua posição e correlacionar a sua posição com a do alvo.
Mas as vezes tem e eu não vi.
Vou procurar mais que estou sem sono e acabei de tomar um copo de café. rsrsrs

joseboscojr

A atualização por data-link de via única (up-link), diferente do “comando por rádio” (usado em alguns mísseis sup-ar), independe que o lançador (no caso, o caça) saiba onde se encontra o míssil que ele lançou. A informação da posição atualizada do alvo é passada continuamente até que o míssil se encontre na janela de varredura e ative seu sensor próprio. É um sistema excelente contra alvos distantes, manobráveis e velozes, mas tem a limitação de que o caça fica sem saber se o míssil está funcionando à contendo, se dirigindo mesmo ao alvo ou mesmo se o radar do míssil… Read more »

Ivan

Valeu Bosco.

Mais uma questão:
Como anda a idéia de colocar o míssil tipo LRAAM dentro de uma NCW?
Pelo que entendo seria disparar o míssil a partir de um caça e controlar, acompanhar e atualizar seus dados a partir de outro(s) caça(s) e/ou aeronave AEW.

O Meteor, pelo que havia lido, teria esta previsão, mas precisa de uma rede com links de dupla via.

Sds,
Ivan.

joseboscojr

Ivan, Também entendo dessa forma. O míssil poderá receber atualizações de outro caça que não o que o lançou, podendo inclusive atingir alvos no hemisfério traseiro, aparecendo na tela das aeronaves com uma designação específica devido a um tipo de transponder. É sabido que o Amraam D tem inclusive uma antena de data-link adicional no nariz, para que possa receber os sinais do caça/AEW estando de frente para eles. Interessante que o Meteor tem sua antena de data-link no meio da célula, já que seu motor “ramjet” tem grande impulso específico e os gases do mesmo interfeririam na recepção/transmissão. Diferente… Read more »

joseboscojr

Um míssil autoguiado (fire and forget) dotado de um link com o lançador (up-link ou two way) funciona mais como um UAV do que como um míssil teleguiado por comando (de rádio ou por fio), como por exemplo o Patriot ou o Roland. No final, os dois funcionam, mas com uma sutil diferença. O míssil autoguiado recebe os dados atualizados da posição do alvo via data-link mas a implementação das correções não são impostas e ele as faz de forma autônoma, quando e se necessário, baseado nos seus próprios algorítimos de navegação. Essa característica impõe ao míssil uma maior capacidade… Read more »

joseboscojr

Tá! Eu continuo.
Mas você tem que jurar que vai me visitar no manicômio.
Rsrsrsss

Um abraço Nunão.

joseboscojr

Apesar de ter agrupados os mísseis guiados por radar, não acho que as características de cada grupo sejam suficientes para que formem “gerações”. Embora não tenha encontrado nada sobre gerações de mísseis BVR, fica a sugestão: 1ª G: mísseis de médio alcance (MRAAM) guiados por radar semi-ativo. Ex: Sparrow, R-27, R-530D, Sky Flash, Aspide, etc 2ª G: mísseis de médio alcance guiados por radar ativo: Derby, Amraam, Mica EM, R-Darter, R-77, etc 3ª G: mísseis de grande alcance (LRAAM – acima de 80 km de alcance) guiados por radar ativo. Ex: Amraam C, D, Meteor, R77M (???), etc. 4ª G:… Read more »

joseboscojr

Um caça a 55.000 pés a Mach 1.7 pode incrementar muito o alcance do seu míssil BVR. Dizem que nessas condições, um Amraam teria um alcance incrementado em 50% do nominal.
(Será que o AIM-120D chegaria a 240/270 km ou o AIM-120C7 chegaria a 165/180 km????)
O F-22 é que geralmente faz isso de forma regular.
Outros caças também aceleram para a velocidade supersônica e sobem para lançarem mísseis BVR de modo a ganhar o máximo de eficiência cinemática, mas com menor eficiência (velocidade menor) que o Raptor.

G-LOC,
Desconsidere o que eu escrevi para você não se irritar. rsrsrsrs