Nacionalização do trem de pouso do T-27 Tucano rende royalties para a FAB

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O Centro Logístico da Aeronáutica (CELOG) recebeu (7/03) da empresa GEOMETRA um cheque referente aos royalties do desenvolvimento do trem de pouso da aeronave T-27 TUCANO. A peça, desenvolvida pela unidade da Força Aérea Brasileira (FAB), foi objeto de estudos e pesquisas por dois anos e hoje é produzida em larga escala para manutenção das aeronaves de todo o mundo.

A nacionalização de peças aeronáuticas é uma importante atividade desenvolvida pelo CELOG e consiste no desenvolvimento de peças já existentes e que são importadas para a manutenção de aeronaves no Brasil. No caso do trem de pouso do T-27, entretanto, o CELOG desenvolveu uma peça diferenciada, mais resistente e moderna. De acordo com o Diretor Presidente da GEOMETRA, Graciliano Campos, este processo foi inédito no país. “Este projeto foi uma decisão ousada do CELOG de fazer o desenvolvimento completamente novo do equipamento e não apenas sua substituição” afirma.

Atualmente a Força Aérea utiliza as aeronaves T-27 Tucano para treinamento de instrução avançada dos cadetes e demonstração aérea da Esquadrilha da Fumaça. A demanda da nacionalização do trem de pouso surgiu porque o mercado já não oferecia mais esta peça para manutenção, o que impediria, a médio prazo, o emprego destas aeronaves.

O engenheiro da subdivisão de certificação do CELOG, Eduardo Baliulevicius, participou das etapas de idealização, elaboração de protótipos e testes, esclarece a importância estratégica da nacionalização de peças aeronáuticas e do CELOG. “O CELOG propicia que as aeronaves continuem voando em condição segura”, enfatiza ao citar como exemplo a aeronave T-26 XAVANTE que teve seu tempo de vida útil estendido devido à nacionalização de peças.

O Coronel Aviador Roland Leonard Avramesco, da 4ª Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), acompanhou todo o trâmite de nacionalização no CELOG, quando pertencia à unidade, e destaca os benefícios do projeto.”O ganho financeiro foi bem expressivo, na ordem de oito milhões de dólares para toda a frota de T-27 e em termos tecnológicos foram ganhos incomensuráveis” aponta.

Estiveram presentes na solenidade diversas autoridades da Força Aérea Brasileira além de representantes da GEOMETRA e do Departamento da Indústria e Defesa da FIESP (COMDEFESA). Os royalties equivalem a até 5% das vendas realizadas pela empresa e serão recolhidos ao tesouro para posteriormente serem orçamentados em favor do CELOG, como investimento em novas pesquisas.

FONTE / FOTO DE BAIXO: FAB (Agência Força Aérea)

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Marcelo

grande notícia! Parabéns ao CELOG e à Geometra! Aos poucos o Brasil está evoluindo, mesmo que algumas pessoas pessimistas teimem em dizer que não.

martins

Qual foi o valor?

Mauricio R.

Tá aí um bom servicinho p/ o Comdefesa da FIESP fazer, ao invés de procurar facilidades (regime tributário diferenciado, mp) p/ as empresas nacionais se encostarem, que tal procurar as ffaa e tratar de saber de suas reais necessidades.
O mercado nacional é daquele tamainho mesmo, a saída é capacitação, investimento, tecnologia, preço e qualidade, p/ se inserir lá fora.

Roberto F Santana

O conjunto de trem de pouso do Tucano é mesmo do Piper Navajo.
Foi desenvolvido a partir dele.
Em qualquer parte do mundo se você precisar de uma perna de trem de pouso do Tucano até um de-ice boot de DC-3, com um cartão de crédito e um telefone, a peça estará em suas mãos em sete dias.

DrCockroach

Normalmente nao posto p/ dizer que outros comentarios sao bons ou ruins (por diversos motivos que nao irei elaborar ou acabaria me contradizendo ao julgar) mas o comentario do Mauricio R. merece uma excecao, foi realmente muito bom! Acredito que esta seja a visao apropriada.

[]s!

asbueno

Mauricio R. (12:52)

Os benefícios tarifários não são ruins, desde que utilizados para a indústria “ganhar” massa. Mas não podem ser sua única “dieta”.

Roberto F Santana (13:28)

Eu já havia lido sobre o trem de pouso do Tucano ser o mesmo do Navajo. Creio que foi em um artigo do Fernando de Almeida em uma Motor Três (número oito, creio). Longínquo início da década de 80…

Prezados, este é o tipo de coisa que deve ser feita: desenvolve-se tecnologia, aumentando conhecimento e, de quebra, “ganha-se uns trocados”.

Roberto F Santana

Prezado asbueno,

Dê uma boa olhada na asa de um Navajo e depois veja a de um Tucano.
Você terá uma surpresa.

Quanto à Fernanndo de Almeida,foi um gentleman, umas das melhores inteligências da aviação brasileira, que faz muita falta hoje.

asbueno

Roberto F Santana:

Teria o acordo Embraer-Piper permitido essa “apropriação” da primeira para a produção do EMB312?

Roberto F Santana

Prezado asbueno, Não sei. No caso do trem de pouso, provavelmente eram produtos da Goodyear ou da Cleveland e eram produtos disponíveis no mercado e que se pode produzir até mesmo sem licença creio eu, se se fazer uma boa “maquiagem”, em outras palavras, uma cópia. Ou seja, negócio direto com o fornecedor, tome por exemplo o trem de pouso do Xingu, que era, se não me engano, da Messier-Bugati, ora, a bequilha, basicamente é a mesma do Mirage e do Falcon 10/100, e outros. Quanto a asa, creio que não precise de acordo, o fator determinante foi o perfil… Read more »

asbueno

Valeu pela aula Roberto!

Roberto F Santana

Não me fale em aula!

Isso só foi um pate-papo.