Mauritânia treina com Tucano e pensa no Super Tucano

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Treinamento é realizado por instrutores franceses, e reforço aéreo leva em conta necessidades de combater a al-Qaeda, que incorporou armamento proveniente da Líbia

O site que promove o Super Tucano nos EUA, “builtforthemission.com”, trouxe notícia recente sobre o treinamento de piltos da Mauritânia em turboélices Tucano que pertenceram à Força Aérea Francesa. O site traz link para matéria originariamente publicada no site Magharebia (ligado ao United States Africa Command) e trata dos esforços da Mauritânia para fortalecer suas capacidades militares, por meio da aquisição de equipamentos modernos e de treinamento por parte de estrangeiros.

Segundo o Magharebia, baseado em informações publicadas em 9 de julho pelo  jornal espanhol Atenea Digital, pilotos franceses estão treinando as Forças Armadas da Mauritânia “no uso do Embraer Tucano EMB 312-F, um avião brasileiro de relativa alta performance. Como parte do treinamento, voos entre a França e a Mauritânia estão sendo arranjados, com paradas para reabastecimento tanto no aeroporto militar espanhol de Torréjon de Ardoz, nas cercanias de Madri, quanto no Marrocos.” Para isso, a França forneceu quatro aviões Tucano à Mauritânia, no ano passado.

Ainda segundo o jornal espanhol, trata-se de um “prelúdio para a aquisição de aviões Embraer EMB-314 Super Tucano pela Força Aérea da Mauritânia, que são os modelos de melhor desempenho em sua categoria.”

O Magharebia traz a opinião de um especialista em terrorismo, Mohamed Lemine, de que “este é um importante passo. O Exército Mauritano tem atualmente apenas três ou quatro aeronaves, e isso não basta.” E também a opinião do editor chefe do “Quotidien de Nouakchott”,  Jedna Deida, de que “entre as ameaças para a integridade territorial do país, o exército nacional está tentando melhorar suas capacidades de ataque aéreo. Os recentes ataques que ocorreram em Wagadou (Mali) e Bassiknou (Leste da Mauritânia) sugerem que veremos constante mobilizações de forças armadas”.

Deida acrescentou que as autoridades do país “contam com a cooperação internacional, especialmente da França, para ajudá-las a proteger o país dos mortais ataques surpresas da AQIM (al-Qaeda  in the Islamic Maghreb – al-Qaqeda do Magreb Islâmico)”. Também disse que a luta contra o terrorismo é “uma opção estratégica” para a Mauritânia.

Já para o especialista em assuntos militares Ely Ould Maghlah, a geografia da Mauritânia explica a necessidade de aviões modernos: “O país é vasto e 80% de seu território é formado por desertos. Para controlá-lo, é necessário ter vigilância aérea, que o exército da Mauritânia nunca teve. Desde 2010, os aviões que adquiriu tem demonstrado sua efetividade. Eles dão uma grande vantagem às tropas de terra no que se refere a informação e habilidade para atingir tropas inimigas no solo. É por isso que a Mauritânia está adquirindo um esquadrão de caça, treinando pilotos e pessoal técnico.”

O analista Mahmoud Abou Maali, especialista em grupos armados Islâmicos, diz que “a guerra contra a AQIM pode ser comparada a uma guerra de guerrilhas, e o avião que a Mauritânia vai adquirir já provou sua efetividade na Colômbia. Além disso, a experiência recente mostra que aviões são decisivos. Mesmo assim, novas circunstâncias devem ser levadas em conta, porque mísseis e outras armas poderosas da Líbia caíram nas mãos da al-Qaeda.”

A reportagem do Atenea Digital, de 9 de julho, acrescenta alguns detalhes das aeronaves e do treinamento no Tucano

Foi no ano passado que o Governo da França entregou à Força Aérea da Mauritânia quatro desses aviões de treinamento básico que acabavam de dar baixa, antecipadamente, na sua Força Aérea (Armée de l’Air), mas que ainda tinham um bom potencial de uso. Na mesma linha está a integração de alferes alunos mauritanos na ‘Academia General del Aire’ (San Javier, Murcia). Recentemente, eles terminaram sua formação na referida academia.

Os aviões foram revisados e acondicionados nas instalações do aeroporto francês de Merignac-Marsella, e entregues no final do ano passado à Força Aérea do país africano. Atualmente, instrutores do Armée de l’Air estão formando seus colegas mauritanos nos Tucanos, que já foram fotografados várias vezes durante escalas de treinamento de voos de trânsito, na Base Aérea de Torrejón de Ardoz (Madri).

As Forças Armadas da Mauritânia estão se convertendo em um dos pilares da ação contra terroristas da Al Qaeda no Magreb. Foi no final de junho que tropas mauritanas, em conjunto com soldados do país vizinho, Mali, destruíram uma base do movimento terrorista em Mali.  No combate, foi utilizado o apoio aéreo de aviões de ataque leve SIAI Marchetti/Aermacchi SF-260E armados. Ao menos no papel, a Mauritânia tem quatro dessas aeronaves, cujas capacidades de ataque são muito limitados. A chegada de aviões de ataque mais potentes, como o Super Tucano, seria muito útil para esse tipo de luta.

FONTES E FOTO DE BAIXO: Builtforthemission.com, Magharebia e Atenea digital

FOTO DO ALTO: L. Lehman via Jetphotos.net

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Almeida

Linda pintura!

Aliás, hoje tive a felicidade de ver sobre os céus do Rio de Janeiro a “nova” pintura da EDA! Eu devia ter imaginado que eles iriam se apresentar na abertura dos jogos militares, mas foi uma grata surpresa ouvir o barulho dos motores, olhar pela janela e ver 7 tucanos em formação sobre o céu limpo! Ainda não os tinha visto com o esquema de pintura azul e ficaram muito bonitos!

rodrigo ds

Parecem que estão zero bala estes tucaninhos!!!!

Sopa

E pq. o Brasil nas faz o que a França fez ?

“Deitado em berço esplendido “

MOsilva

Ué?!?!? A França agora faz promoção internacional dos aviões da Embraer??? Coisa estranha… Será uma iniciativa para parecer “parceiro confiável” perante o Brasil? Com a recessão avançando na Zona do Euro, melhor ter “amigos” do BRIC…
SDS.

Klesson

Já algum tempo foi publicado aqui mesmo, que a França estaria desativando seu Tucanos, até aí tudo bem, mas pergunto: 1) Algum orgão do governo brasileiro foi contactado e emitiu algum parecer? 2) Já não estaria mais que na hora de uma nova versão so ST 314, implementando melhorias e corrigindo deficiências verificadas neste anos de aplicações. 3) Existe alguma política de venda e repasse de material de defesa brasileiro a qualquer país? Hoje temos vários concorrentes com nossos produtos e aliados com nossa “inécia” de desenvolvimentos de novos produtos e mercados, nos levam para novas necessidades “queimar etapas”. O… Read more »