A missão de Juppé: consertar a venda do Rafale para os Emirados…

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…e acertar a revenda dos Mirage 2000-9 para a Líbia

Nesta quinta-feira, 17 de novembro, o jornal francês Le Point trouxe matéria sobre as negociações para venda do caça Rafale, da francesa Dassault, aos Emirados Árabes Unidos (EAU), na qual se destaca essa suposta “triangulação” França – Emirados – Líbia para viabilizar o negócio.

As informações do jornal surgem logo após as duras declarações do príncipe herdeiro Cheikh Mohamed ben Zayed no Dubai Airshow 2011, e que ontem tiveram grande impacto na mídia geral e especializada (sobre a proposta do Rafale ser impraticável, apesar dos esforços do governo francês em contribuir politicamente para a venda).

Como a reportagem é razoavelmente extensa e o texto não prima pela organização, vamos apenas resumir os pontos principais, alguns relativos às exigências dos Emirados e outros à visita que o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, deverá fazer ao país. A versão original em francês está disponível no link ao final.

1 – O custo dos sessenta caças Rafale para os EAU estaria estimado entre 6 e 8 bilhões de euros, e os Emirados estariam insatisfeitos com as condições comerciais, considerando-as irrealizáveis.

2 – Os representantes dos Emirados são negociadores duros: a venda dos carros de combate Leclerc para os EAU, no passado, foi considerada um desastre financeiro (para a França). A declaração oficial dos EAU sobre as condições financeiras impraticáveis do Rafale seriam apenas o último capítulo de um longo processo, cuja exigência técnica principal estaria num novo radar, destinado à versão F4 do Rafale. Os Emirados impõem que a França o desenvolva com seus próprios recursos, além de também exigirem o míssil Meteor.

3 – A exigência do aumento da potência dos motores M-88 de 7,5 toneladas de empuxo para 9 toneladas (e muito agradaria à fabricante Snecma ter alguém que financiasse esse trabalho) deixou de ser prioritária, e os EAU estariam aceitando a mesma motorização da versão francesa.

4 – O ministro das Relações Exteriores, Allain Juppé, que tem visitas agendadas ao Oriente Médio e deverá passar pelos Emirados, tem uma dupla missão: uma delas, obviamente, é prosseguir na negociação para a venda do Rafale aos EAU. A outra é acertar a revenda dos 63 caças Mirage 2000-9 dos Emirados (como condição destes para comprar o Rafale) para o novo governo da Líbia. Esta informação, segundo o jornal, vem de uma fonte confiável em Paris e foi divulgada em novembro pelo boletim libanês (não líbio) Tactical Report, que é bem conceituado em assuntos militares árabes e do Oriente Médio.

FONTE: Le Point

NOTA DO EDITOR: o Poder Aéreo já havia aventado essa possibilidade na matéria “E se… os Mirage 2000-9 dos Emirados fossem para a Líbia?” (clique no link para acessar)

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Vader

Engraçado que se isso acontecer a Líbia, um país recentemente destruído pela guerra (especialmente pela França, aliás), terá uma Força Aérea mais bem equipada de caças – de longe aliás – que a nossa. Que coisa não? A propósito, como é belo esse Mirage-2000-9 não? Uma aeronave de linhas simples. Um perfeito espécime da família Mirage. Bem armado, deve ser uma máquina mortífera. Pergunto: alguém tem algum dado sobre o rcs do Mirage 2000-9? Pergunto porque me parece que deve ser bastante baixo, dado seu tamanho, simplicidade de linhas e o fato de ser monomotor, tendo portanto seu compressor ocultado… Read more »

edcreek

Olá,

Como eu tinha dito os Franceses nãoo vão deixar a venda sair pelas portas dos fundos, o Sheike já provou que muda de opinião rapidamente.

Os rebeldes Libios devem muito a França, e só juntar o util ao agradavel, os rebeldes, acertão a divida os Franceses finalizam a venda os EAU ficam com um otimo caça, todos felizes, hehehehe.

Abraços,

Clésio Luiz

Dizem que o RCS do Mirage 2000 é um pouco menor que o do F-16, provavelmente por ter um formato mais limpo que o Viper.

asbueno

Só para jogar mais álcool na fogueira (e não lenha), os 2000-9 poderiam vir para cá com preço beeem camarada. Esqueceríamos o FX-2 e entraríamos num projeto de algo de 5a geração. Simples, não?! Rsss…

Clésio Luiz

Para quem quer dar uma olhada em valores de RCS e alcance de radares, o pessoal desse fórum aqui:

http://www.defence.pk/forums/military-forum/20908-rcs-different-fighters.html

Postou alguns valores interessantes. É para os etendidos na lígua de Shakspeare. Como todo material encontrado na internet, deve-se ter cautela com os dados, pois sem fontes confiáveis, tudo pode ser mentira.

Roberto F Santana

Mirage 2000,
Um belo avião para republiquetas fazerem barulho em paradas militares.
Aliás,como todo Mirage que se preze.
Esse é o tipo de avião que dá aquelas duas famosas alegrias, uma quando compra e a outra quando vende.
Todo o país que comprou isso, já não o que fazer com ele.
Nem mesmo o Peru vai usa-lo até o fim de sua vida.

DrCockroach

Quantas as chances do Rafale nos EAU e do Mirage na Libia, o androide ash, do alien o oitavo passageiro, mais uma vez tem um recado, desta vez p/ Juppe:

“Eu não posso mentir sobre suas chances, …mas você tem minha simpatia”

[]s!

Nick

Caro Vader,

O rcs de um M-2k é estimado entre 2,5 e 3,3m2.

Sobre a nota, é simples: peçam para o Sheik colocar o valor que ele quer pagar pelos Rafales e façam a Dassault engulir 🙂

[]’s

Ivan

Acredito que sou o unico ‘Gripeiro’ no mundo que acredita em uma venda do Rafale para os Emirados Árabes Unidos. Mas ainda acredito. Não é uma questão de necessidade operacional, pois a força aérea daquele país árabe está muito bem equipada com Desert Falcon e Mirage 2000-9. O passo “natural” seria uma aeronave de 5ª geração. Não é uma questão de ameaça de países vizinhos, notadamente o Iran, pois 10 (dez) dúzias de caças de 4ª geração é suficiente. Pelo que ‘ouvi falar’ o que falta são pilotos de 1ª linha treinados. A questão está na política de defesa dos… Read more »

Mauricio R.

“…o Sheike já provou que muda de opinião rapidamente.”

Me parece que os franceses, ainda não aprenderem nada a respeito e insistem em falar pelo cliente.
Aí qndo isto acontece:

“Regrettably Dassault seems unaware that all the diplomatic and political will in the World cannot overcome uncompetitive and unworkable commercial terms.””

(http://www.flightglobal.com/blogs/the-dewline/2011/11/the-uae-speaks—-and-slaps-da.html)

Tdos ficam surpresos, qndo não deveriam, absolutamente.

No mais:

“…cuja exigência técnica principal estaria num novo radar, destinado à versão F4 do Rafale.”

Já resolveram a pendenga da geração de energia elétrica insuficiente, conforme a entrevista do general da AdA???

Corsario137

Eu concordo parcialmente com o Ivan, só acrescentaria que vai depender no que vai dar no MMRCA da Índia. Se o Rafale perder lá (to apostando nisso), vai ficar ainda pior pro Sheik pagar o mico sozinho.

De forma que, conforme publicado pelo PA hoje, a Dassault teria menos de 4 semanas pra resolver essa parada, acho difícil.

Enfim, minha crença ainda é que o Rafale jamais conseguirá ser exportado. Seus concorrentes são sempre melhores ou mais baratos, ficando ele no meio do caminho.

Baschera

Hahahaha….. entubaram os líbios !!!!

Se forem mesmo 63 traço nove (os EAU aduiriram um total de 68 M-2000-9 em 5 variantes)…. e estimando-se o valor intermediário anunciado acima (Eur$ 7 bi) …os líbios vão pagar a BAGATELA de mais de Eur$ 111 milhões por cada aparelho ou Us$ 150 milhões.

Colonialismo pouco é bobagem…..

Sds.

Baschera

Outra coisinha sem importância….. claro, além do elevado custo de manutenção destas máquinas francesas….. alguém sabe responder se os líbios tem expertise e pessoal qualificado para manutenir e operar estas aviões ???

PS: Notícias da Reuters dizem que o preço da vaselina triplicou na manhã de hoje na capital líbia, Trípoli…… 🙂 🙂

Sds.

Ivan

Baschera, Com vc bem sabe, os líbios operaram caças franceses Mirage V e Mirage F1, sendo que estes últimos ainda estavam ativos em plena crise, antes da Otan pulverizar a força aérea no chão, dentro dos hangares ‘blindados’. Se sobrou alguém vivo da antiga aeronautica, é possível reconstruir uma força com relativa rapidez. Outra questão é a influência que Paris e Dubai devem ter sobre o novo governo da Líbia. Convencer os mesmos a operar aeronaves semelhantes aos seus “aliados” franceses e árabes não deve ser difícil. Finalmente se houver uma triangulação de venda de caças acredito que seria gradual,… Read more »

Grifo

Hahahaha….. entubaram os líbios !!!!

Caro Baschera, pensei aqui a mesma coisa. A Líbia nem tem força aérea para operar estes aviões. Já não tinha antes, quando dependia de pilotos e técnicos paquistaneses. Agora então…

Vendo no entanto pelo lado positivo, antes os líbios do que nós! Se o Jobim ainda estivesse na ativa certamente ele fecharia um excelente negócio – para os franceses.

DrCockroach

Meus filhos :), A parte “facil” na Libia foi derrubar o Gadhafi; formar um novo governo, coeso militarmente, irah levar anos sendo otimista. Embora as eleicoes estejam, em tese, marcada p/ 8 meses, haverah ainda muitas discussoes sobre a nova Constituicao. Qual seria a possibilidade de fazer um timing entre uma decisao dos EAU pelo Rafale (o que nao irah acontencer) e, entao, triangular os Mirages p/ a Libia e tudo misturado as disputas politicas na Libia? Na minha opiniao: 0.01%… mas o Juppe tem as minhas simpatias… A possibilidade dos Mirages acabarem na Libia existe se for diretamente uma… Read more »

DrCockroach

F-17 = F-16 Tb achava que as chances do Rafale eram boas nos EAU, pelas razoes citadas pelo Ivan e demais colegas, e pela busca de off-sets p/ o novo parque aeroespacial sendo construido (partes da Airbus jah estam sendo feitos lah). Minha duvida estava pelo custo dos upgrades solicitados (prontos em outros jets) e porque a Forca Aerea dos Emirados estah, atualmente, muito bem equipada e podem aguardar um de quinta geracao que dizem querer fazem anos. A Franca tb tem uma Base Naval em Abu Dhabi, acho que deverao receber algum tipo de compra de consolacao. Mas as… Read more »

Observador

Senhores:

O Alain Juppé teria vida mais fácil se assumisse como técnico do Avaí e tivesse como missão impedir o rebaixamento.

Não sei o que é pior, vender o Rafale ou encontrar um destinatário para os “traço nove”.

Graças a crise econômica internacional há muito material militar de segunda mão a disposição a preços módicos, incluindo dezenas de F-16.

Assim, para que comprar o Rafale ou mesmo o Mirage 2000-9?

Mauricio R.

Não sobrou nenhum Galeb, Jestreb, Albatros???
Que traço 9 que nada, os líbios não precisam, é somente o Egito liberar o monte de Mirage V, que eles ainda operam e tá de bom tamanho.

ricardo_recife

“Hahahaha….. entubaram os líbios !!!!” Baschera, se os libios em vez reconstruírem o país comprarem os Mirage está sua frase diz tudo. Primeiro os líbios tem de colocar o país em ordem, reconstruir a infra-estrutura, botar a economia para funcionar e rezar para não haver uma crise política pesada na hora da divisão interna do butim. No Iraque demorou pelo menos oito anos para a coisa começar a dar ares de normalidade. Muito da crise política que se abate no Oriente Médio e tem derrubado governos autoritários tem sido conseqüência das dificuldades econômicas que atingiram os países na esteira da… Read more »

Ivan

Ricardo, Mas eu acredito que se os EAU comprarem caças Rafale será para 2 (dois) ou 3 (três) esquadrões, apenas para atender o aliado militar. A questão é que os Emirados NÃO precisam de outro caça de 4ª geração (ou 4,5; ou 4,5+++). Os 80 (oitenta) Desert Falcon com radar AESA APG-80 e 60 (sessenta) Mirage 2000-9 com mísseis MICA são suficientes para impor respeito e deter a força aérea do Iran. O que falta para eles é piloto… portanto uma compra de bons LIFT com um competente programa de treinamento é até mais urgente. Mas ainda creio que uma… Read more »

Ivan

Ricardo,

Em tempo, a integração entre os aliados árabes ligados ao ocidente será empreendida pelos americanos, como também é na OTAN.

C4ISTAR é a praia dos yankees…
… mas sobre vc conhece bem melhor este assunto.

Sds,
Ivan.

Vader

ricardo_recife disse:
19 de novembro de 2011 às 17:12

Valeu Ricardo.

ricardo_recife

Ivan,

Parabéns rubro negras ao grande alvi-rubro. Nos encontraremos na Série A.

C4ISTAR. Command, Control, Communications, Computers, Intelligence, Surveillance, Target Acqusition & Reconnaissance. Grande, caro e eficientíssimo. http://www.japcc.de/c4istar.html.