O F-5E Tiger II é um dos caças mais bem projetados já produzidos. Pequeno, simples, de fácil manutenção, continua em operação em diversas forças aéreas e ainda deve ficar por mais 15 ou 20 anos.

Se o F-5 tem um defeito, esse é a sua motorização de pouca potência, um par de turbinas J85 (veja opinião de piloto da USN no primeiro link da lista abaixo). Curiosamente, foram as leves e pequenas J85 que permitiram que o projeto da família F-5 se concretizasse com suas diversas qualidades, pelo “pacote” de duas turbinas do tipo oferecerem uma relação potência x tamanho x peso difícil de se superar por outras alternativas, pensando num caça supersônico do seu porte. Mas, décadas mais tarde, novos motores permitiram pensar mais longe a categoria de caça leve.

Assim, o F-20 Tigershark, que é um reprojeto do F-5 dos anos 1980 e que começou com a designação F-5G, corrigiu o problema da falta de potência trocando os dois motores J85 por um GE F-404.

Com a adição do motor F-404, que tem 60% de empuxo a mais do que os dois J85 do F-5, o F-20 se transformou num caça Mach 2, com relação peso/potência de 1.06 (no F-5 é de 0.75). Isto significou um aumento de performance estupendo, colocando o F-20 no mesmo nível do F-16.

Com outras melhorias aerodinâmicas e de controle de voo, a taxa de giro instantâneo aumentou em 7%, indo a 20°/seg. A taxa de giro sustentado a Mach 0.8 e 15.000 pés (4.572m) subiu para 11.5°/seg, bem próxima dos 12.8°/seg do F-16. As taxas de curva do F-20 eram 47% maiores que as do F-5E em voo supersônico.

Observar abaixo o gráfico de desempenho que mostra o aumento do envelope de voo suportado pelo F-20, em comparação com o F-5E.

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Fernando "Nunão" De Martini

E algo mais interessante: já li em algumas fontes que o raio de combate e o alcance não foram piorados com o aumento da potência. Diminuiu um pouco o tempo de voo só com combustível interno, se não me engano. Isso porque o consumo específico do F-404 é bem menor do que o do J-85. Este último sempre ofereceu a vantagem de uma excelente relação potência x peso e tamanho, mas era consideravelmente “gastão” em relação à potência que desenvolvia. Com o aumento da velocidade de cruzeiro e de combate, aliado ao consumo específico menor, os raios para interceptação e… Read more »

Alexandre Galante

Nunão, o consumo menor do motor F-404 aumentou o raio de ação do F-20 em 10%.
O problema da perna curta poderia ser resolvido com tanques conformais.

O F-20 morreu sobretudo por causa da Política (leia-se Ronald Reagan). Mercado havia, mas faltou aquela primeira venda que nunca se concretizou.

A Northrop arriscou US$ 1 bilhão no projeto contando com o apoio do governo.

Nick

Neste reprojeto do F-5E, poderiam ter colocado asas maiores : P

Não sou especialista, nem nada, mas uma superfície maior, não ajudaria em uma carga paga maior? E mais espaço para combustível. 😛

[]’s

Rogério

Fizeram isso depois Nick, e pasou a se chamar F-17.

[]s

Fernando "Nunão" De Martini

De fato, Galante, creio que estamos complementando os dados com os dois comentários. Tanques conformais para o F-20 eu já penso ser algo mais distante, mas só a capacidade de empregar os tanques externos com melhor desenvoltura (inclusive três tanques ao mesmo tempo) já conferia uma flexibilidade muito maior para missões diversas. Mas haviam outros pontos fortes para o contexto da época, que a propaganda do caça explorava (para quem acredita é claro – como publicitário por formação, eu estou acostumado a fazer os outros acreditarem…). Essa “citação” de um general da USAF (sem dar o nome) é o ponto… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Nick, a área alar foi aumentada ligeiramente com o aumento das extensões do bordo de ataque junto à raiz das asas, comparadas às extensões do F-5E, melhorando a manobrabilidade em altos ângulos. Aumentar a envergadura ou a corda talvez deixasse o projeto caro demais e piorasse a excelente rolagem do caça, ponto alto da manobrabilidade desde o primeiro F-5. Quanto a espaço para combustível, o F-5 não tem tanques nas asas. Colocar também seria algo complicado. A própria remotorização já implicou em mudar os dutos de ar, que antes corriam nas laterais da fuselagem e passaram para o meio, levando… Read more »

Edgar

Aos entendidos: A Northrop e o Congresso Americano por acaso num venderiam para nós o projeto do F-20? Acho que seria a única solução plausível para a nossa FAB, uma vez que seria uma decisão que não demandaria as canetas corruptas de Brasília.

Fernando "Nunão" De Martini

Edgar,

Mais fácil e barato do que ressucitar o F-20 é simplesmente comprar o JF-17 Thunder, do Paquistão/China.

Na minha opinião, é o caça leve atual que mais se assemelha ao F-20 em características e configuração “clássica”, inclusive com uso limitado de fly-by-wire (ao invés de integral) para baratear os custos e diminuir os riscos do projeto. Acabou de sair matéria sobre ele, logo abaixo desta, com o interesse do Azerbaijão pelo caça.

Já pensou no JF-17 na FAB? No final da década de 1980, chegamos a testar um caça de origem chinesa, não seria a primeira vez…
http://www.aereo.jor.br/2010/07/28/quando-o-mig-21-quase-voou-com-as-cores-da-fab/

Edgar

É Nunão, acho melhor comprarmos na prateleira Gripens C/D da Suécia, que já vai vir com o mesmo GE-F404.

Se for pra vir da China, que seja o J-20 🙂

Edgar

Minha ideia inicial seria de que, como já temos um know-how nos F-5, talvez, do verbo não-tenho-certeza-de-nada, teríamos uma facilidade de desenvolver um novo projeto baseado no projeto do F-20, mesmo este se tratando de uma aeronave antiga. Talvez seria um pontapé que a FAB daria de forma autônoma, sem depender de decisões por parte da banda podre de nosso país.

Fernando "Nunão" De Martini

Entendi perfeitamente, Edgar. Acho que esta seria uma ótima discussão para a nova matéria “O F-5 nunca morre”, que saiu agora há pouco. Temos um bom know-how de F-5, mas não somos os únicos: a Suíça e a Coreia do Sul, por exemplo, não só têm esse know how como ainda fabricaram o caça sob licença. A primeira também se destaca bastante pela sua capacidade de manter o caça e a segunda, hoje, fabrica um treinador a jato (T-50) com desempenho superior ao F-5F (nem estou falando do T-38) e que já tem suas primeiras encomendas da versão de caça… Read more »

Ivan

Nunão, Será que precisamos de JF17 Thunder, FA-50 ou mesmo o F-20 Tigershark remasterizado com tanques conformais e uma nova turbina GE F-414? O Gripen NG que a Suécia nos ofereceu participação (copropriedade) e instalação da única linha de montagem no Brasil já vem com a excelente turbina GE F-414, capacidade interna de combustível aumentada para cerca de 3.300 kg, previsão para tanques conformais, supercruise, capacidade de operar em pistas curtas (800metros) e o melhor turnaround do mundo. A solução existe, foi formalmente apresentada no F-X2, um caça ½ indígena leve moderno, com capacidade de fazer quase tudo que um… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Ivan, Estava apenas respondendo ao Edgar. Longe de mim defender o JF-17 na FAB, com todo o respeito que ele merece, assim como os responsáveis por seu desenvolvimento. Mas, como você tocou no assunto… A princípio, acho que não precisaríamos, pois, como você, também vejo com bons olhos o Gripen para o F-X2, desde o F-X1 (quando na ocasião ele vinha, na minha ordem de preferência, logo atrás do F-16, quase parelho). Um caça monomotor com custos aceitáveis de operação e capacidades bem superiores a JF-17, FA-50, Tejas ou de uma improbabilíssima ressurreição do F-20. Reforço que isso é apenas… Read more »