A Força Aérea Francesa divulgou nota na última sexta-feira, 23 de setembro, sobre o exercício anual “Circaete”, que envolveu um avião de transporte Casa CN 235 e dois caças Mirage 2000 franceses, dois F-18 Hornet espanhóis, dois Su-30 e dois MiG-29 argelinos e um F-5 Tiger da Tunísia.

O exercício faz parte da cooperação 5+5, que desde 2004 envolve cinco países da parte sul do Mediterrâneo (Argélia, Líbia, Marrocos, Mauritânia e Tunícia) e cinco países da parte norte (França, Espanha, Itália, Malta e Portugal), visa adestrar os meios dessas nações na interceptação de trafego aéreo potencialmente hostil.

Neste ano, a principal novidade foi a comunicação entre os centros de comando e controle dos países, feita por um sistema de “chat” seguro, ao invés de telefone. Esse tipo de mensagem instantânea oferece um ganho de tempo considerável e deverá, após uma fase de experiências como foi o caso do exercício, entrar em operação no policiamento do espaço aéreo europeu.

Abaixo, uma breve narrativa dos exercícios realizados na quarta-feira, 21 de setembro:

6h45 – um CN 235  do esquadrão de transporte francês “Vecors” decola da Base Aérea de Creil, simulando logo depois um desvio na rota por motivo de sequestro. Aciona-se o dispositivo interaliado de procedimentos de troca de informações, identificação e interceptação da aeronave.

8h00 – o centro de detecção e de controle francês de Lyon capta a aeronave suspeita e dá o alerta ao centro nacional de operações aéreas. Alertam-se aeronaves de interceptação disponíveis em quatro bases – Orange, Creil, Mont-de-Marsan, e na base aeronaval de Lorient.

8h11 – Um Mirage 2000 decola de Orange e, oito minutos depois, entra em contato visual com a aeronave suspeita. São tiradas fotos da matrícula da aeronave e do comportamento de sua tripulação, transmitindo-se as informações aos centros de controle.

8h45 – O Mirage 2000 se aproxima mais do avião suspeito e balança as asas, para deixar claro que foi interceptado. Enquanto isso, outro Mirage 2000 decola de Mont-de-Marsan e se junta ao dispositivo militar.

9h20 – O Casa C-235 entra no espaço aéreo espanhol e é interceptado por dois F-18, assumindo a missão no lugar dos Mirage 2000, que dão meia-volta. Novamente se aplicam os procedimentos de identificação da aeronave suspeita. O avião de transporte é escoltado até entrar no espaço aéreo da Argélia.

10h30 – Dois Su-30 argelinos assumem a missão, sendo depois rendidos por um par de MiG 29 do mesmo país.

12h30 – Na última parte do exercício, o CN 235 entra no espaço aéreo tunisiano, sendo interceptado por um F-5 Tiger da Tunísia, que o escolta até sair do espaço aéreo do país

14h00 – o CN 235 pousa na Base Aérea de Solenzara, na Córsega, e é reabastecido para voltar a Creil.

FONTE / FOTOS: Força Aérea Francesa (Armée de l’air)

NOTA DO EDITOR: mesmo se tratando de um exercício, reparar no código de listras do míssil ar-ar carregado pelo Mirage francês, que denota ser um modelo para uso real (motor, ogiva e cabeça de busca ativas). Para mísseis de treinamento, normalmente uma ou mais dessas listras têm a cor azul. Para mísseis de emprego real, as cores costumam ser amarelo e marrom, como as das fotos.

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Observador

Ângulo de voo mais feio este do Mirage 2000.

Que falta faz um par de canards, não?

Justin Case

Observador, boa tarde.

Para voar nivelado com baixa velocidade, uma aeronave com asa em delta sempre estará com grande angulo de ataque.
Os canards tipo “closed coupled”, como do Gripen e Rafale (e os antigos Mirage III, Kfir) permitem voar em ângulos de ataque ainda mais altos. Mas canards não servem para fazer baixar a incidência, pois não proporcionam sustentação, pelo menos de maneira direta.
Mas não se assuste. Essas aeronaves modernas podem voar e manobrar com 100Kt de velocidade indicada sem problemas.
Abraço.

Justin

Observador

Caro Justin,

Obrigado pela explicação.

Mas que o voo continua feio, continua…