AF 447: Air France elogia atuação da tripulação

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A Air France defendeu nesta sexta-feira a atuação dos pilotos do voo AF 447, após a divulgação pelos investigadores de uma nota sobre as circunstâncias do acidente, ocorrido no final de maio de 2009 e que matou 228 pessoas.

“A tripulação, reunindo as competências dos três pilotos, demonstrou profissionalismo”,
diz um comunicado da companhia.

No documento, a Air France isenta os pilotos e insiste no fato de que a pane nos sensores de velocidade do Airbus é o fator inicial que desencadeou a desconexão do piloto automático, elemento que precedeu a perda de sustentação do avião.

Pela primeira vez, o Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), que apura as causas do acidente, confirmou oficialmente que a pane nos sensores de velocidade do Airbus, os chamados tubos Pitot, é o ponto de partida de uma série de eventos que conduziram à catástrofe.

“O relatório do BEA mostra que a tripulação mudou a rota para desviar de fenômenos meteorológicos“, afirmou Eric Schramm, diretor de operações aéreas da Air France, em uma coletiva nesta sexta-feira.

Houve o congelamento dos tubos Pitot, que resultou na perda dos dados de velocidade do avião”, disse Schramm.

Ele acrescenta que o desligamento do piloto automático, causado pela perda dos dados de velocidade, suprime as proteções associadas a esse modo de pilotagem.

“O incidente com os tubos Pitot resultou na perda dos dados de velocidade, relativamente momentânea, que durou cerca de 50 segundos. Mas a consequência disso foi a desconexão do piloto automático”, diz o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec.

Os pilotos não enfrentavam fortes turbulências no momento em que os tubos Pitot deixaram de funcionar, disse Troadec à BBC Brasil.

Os investigadores franceses vão agora analisar em detalhes as reações dos pilotos para enfrentar os problemas indicados nos alarmes do avião.

A aeronave perdeu a sustentação e despencou a uma velocidade de 200 Km/h. A queda durou três minutos e meio.

O BEA também tentará descobrir por que o controle do avião não pôde ser recuperado depois que os dados de velocidade voltaram a ser indicados. Isso ocorreu um minuto após a perda dessas informações nos computadores de bordo.

“Precisamos entender as ações dos pilotos. Nós escutamos as conversas (gravadas na caixa-preta), mas não sabemos ainda porque eles adotaram essas ou aquelas medidas. Vamos cruzar as informações disponíveis para entender as razões disso”, afirma Troadec.

“Vamos investigar qual foi o treinamento individual dos pilotos e quais procedimentos de emergência foram aplicados”, afirma Troadec.

Durante os quatro minutos em que lutaram para recuperar o controle do avião, os pilotos mantiveram a ordem para que o nariz da aeronave fosse levantado.

FONTE: BBC Brasil, via UOL

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Tadeu Mendes

Sera que o FADEC se desligou, e depois disso os pilotos nao puderam recuperar o controle da aeronave porque o computador de bordo nao aceitava os inputs no Throttle Quadrant feitos pelo capitao ?????

Justin Case

Amigos, Tradução do relatório do BEA, by Justin Case: ACIDENTE OCORRIDO COM O AIRBUS A330 203 VOO AF 447 DE 1º JUNHO DE 2009 ATUALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO 27 de maio de 2011 HISTÓRICO DO VÔO No domingo, 31 de maio de 2009, o Airbus A330-203 de matrícula F-GZCP, operado pela companhia Air France, estava programado para realizar o voo AF447 do Rio de Janeiro – Galeão para Paris – Charles de Gaulle. Doze tripulantes (três tripulantes de voo e nove de cabine) e 216 passageiros estavam a bordo. A partida estava marcada para as 22:00. Às 22:10, a tripulação recebeu… Read more »

Ivan

Valeu Justin.

DrCockroach

Um amigo piloto disse o que a maioria da imprensa escreve, uma sucessao de erros. Segundo ele os pilotos poderiam ter controlado a situacao. Mas enfim, foi uma tragedia, todos perdem. Tenho impressao que haverah transparencia na investigacao, e isto eh um ponto positivo. Nao eh favor, eh obrigacao, mas poderia haver alguma tentativa de desinformacao. Veremos. Lembro do NJ, que falava dos “tubaroes de Recife” e, falando p/ imprensa e familiares das vitimas disse que o Brasil estava empenhado em “buscar sobreviventes, ou melhor, restos”. []s off-topic: mais uma perola da coisa: Perguntou-se ao ministro, ex-presidente do STF, o… Read more »

Tadeu Mendes

Momentos aterradores… Os pilotos atuaram bravamente para tentar ganhar controle da aeronave e evitar o Stall. Parece que o que temos aqui e uma conbinacao de fatores (turbulencia + Stall + uma aeronave que nao respondeu aos inputs dos pilotos). Estou vendo falha tecnica (mecanica) aqui. Essa aeronave usava FBW (Fly by Wire) ???? O que pensam os experts??? Para mim o acidente foi o resultado de um Stall, induzido em sua fase final pela perda de controle sobre o estabilizador horizontal. Entendo que o Pilot in Control desligou o piloto automatico e tambem desenganjou o FADEC. Mas o N1… Read more »

Vader

Confesso que li, li e reli esse negócio e não entendi nada. Qualquer piloto de final de semana sabe que para sair do estol há que se aumentar a velocidade para que o fluxo de ar nos aerofólios torne a gerar sustentação, e para fazer isso, ainda mais a 35.000 pés de altitude (uma altitude “segura” – ainda mais no mar), há que se PICAR a aeronave, e não cabrá-la. Segundo o relatório os caras, ouvindo o alarme de estol, insistiam em cabrar a aeronave. Ora, pra que o desespero em cabrar uma aeronave que está estolando, a ponto de… Read more »

Mauricio R.

Parece que além dos pitots, a tripulação tb perdeu a consciência situacional, daí insistirem em cabrar a aeronave.
Sem referências visuais, estariam como que cegos.

Tadeu Mendes

Vader,

Tem coelho atras dessa moita.

Justin Case

Amigos,

O link que segue apresenta uma informação simplificada da Airbus aos operadores, que parece ser decorrente dos primeiros resultados da análise do “flight data recorder” e do “cockpit voice recorder”.

Não pude confirmar a origem, mas concordo plenamente com o que está apresentado.

http://xa.yimg.com/kq/groups/19746431/1152768730/name/Updated%20Stall%20recovery%20Procedure.pdf

Abraços,

Justin