Os Teóricos do Poder Aéreo: Giulio Douhet (1869-1930)

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“Só há uma maneira prática de impedir o inimigo de atacar-nos com suas forças aéreas: destruir suas forças aéreas” – Douhet

O general italiano Giulio Douhet é considerado um pioneiro do Poder Aéreo. Ele advogava que a potência que conseguisse dominar o ar, dominaria o mundo.

Concluiu com brilhantismo o curso de Artilharia e publicou no ano de 1921 a
obra “O Domínio do Ar”.

Teoria

O avião veio dar maior profundidade ao teatro de Operações, pois consegue levar os efeitos para além dos que eram alcançados pela artilharia. O avião leva o combate às retaguardas e assim vem alterar os conceitos de frente e de retaguarda e reduzir a distinção entre combatentes e não combatentes.

A necessidade do Domínio Aéreo

Para Douhet, é necessário que o inimigo seja impedido de voar. Neste quadro, a prioridade tem que ser dada à destruição de aeródromos e às fábricas de produção aeronáutica. Ele não atribuía qualquer relevância aos meios de Artilharia Antiaérea.

Ele defendia que se atacasse os meios aéreos do inimigo ainda no solo (interdição), no local e no momento escolhido e de forma eficaz.

O meio aéreo como ofensiva

Segundo Douhet, a utilização dos meios aéreos materializa o princípio da ofensiva. Permite a iniciativa e a sua conservação. A aviação garante poder de concentração sobre o objetivo, sem perder a surpresa.

A “Armada Aérea”

A “Armada Aérea” de Douhet seria constituída por aviões de bombardeio. Seria uma força independente e o seu potencial não apresentava limites. A “Armada Aérea” deveria estar pronta a entrar em ação desde o início das hostilidades.

O primeiro objetivo da Armada Aérea seria a obtenção do domínio do ar e por consequência a destruição dos “ninhos” inimigos. As aeronaves de combate eram relegadas ao segundo plano. Para Douhet, o avião não se prestava a ações defensivas.

Comando Unificado e Supremacia do Vetor Aéreo

Douhet sustentava a existência de um Comando Único das Forças Armadas, com capacidade de operar em terra, no mar e no ar. O General italiano era de opinião que o poder aéreo devia ter primazia quanto aos recursos a serem gastos. Para ele, no ar é que teria lugar a decisão de um conflito futuro.

O futuro dos conflitos

Segundo o general, fenômeno bélico tenderia a hipotecar ou a exigir a disponibilidade de número crescente de recursos das Nações, podendo acontecer que os absorveria integralmente. Isto faria com que a totalidade do país inimigo se transformasse em Teatro de Guerra.

As próximas guerras apresentariam as mesmas características terrestres e navais, mas com diferentes características aéreas.
O combate terrestre continuaria a configurar-se como estático e com grandes
frentes contínuas. As variações que se produziriam na guerra de superfície seriam, de qualquer forma, sempre resultantes das modificações que lhe fossem imprimidas pelo progresso da aviação.

Reflexões sobre o pensamento de Douhet

Destaca-se o elemento “castrador” que o General italiano introduziu no seu quadro teórico e que restringiu a evolução tecnológica da aviação. A importância atribuída à surpresa e à integração das Forças numa força conjunta.

A arma aérea significou o fim do mundo de duas dimensões. Os grandes teorizadores que se debruçaram sobre as doutrinas aéreas, eram todos militares e na esmagadora maioria do ramo aéreo.

Sobre a questão da ocupação do terreno, o vetor aéreo é hoje extremamente importante para a obtenção de sucesso na maioria das operações militares.

Obras de Douhet

  • 1921 – O domínio do ar
  • 1927 – A Armada Aérea
  • 1928 – A conquista do domínio do ar
  • 1928 – Prováveis aspectos da guerra futura
  • 1928 – Domínio em vez de superioridade aérea temporária e localizada
  • 1928 – Contraofensiva
  • 1929 – Resistir na superfície e formar massa no ar
  • 1931 – Profecias de Casandra

FONTE: Os Teóricos do Poder Aéreo – Douhet e Seversky – Aula 28 de Teoria da Estratégia, Dr. Pedro Ferreira da Silva – Univerdade Independente, Portugal

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Soldier

Excelete matéria.

Parabéns!

Max

Matéria incrivel,mais uma vez poder aéreo se superando!

Giordani RS

Exemplo da aplicabilidade da teoria: Guerra dos Seis Dias…

Mais uma vez o PA nos brinda com uma exelente matéria!

Gbeck

Parabéns aos editores por nos brindar com matérias desse calibre. Ótimo pra refrescar a mente e pensar a aviação de combate nos seus fundamentos. Abraços.

Imperador

Estou a ler o Livro “O Primeiro e o Ultimo” de Adolf Galland. O Livro é excelente e o Às Alemão cita por várias vezes a grande influencia que general italiano Giulio Douhet teve sobre a Arma Aérea Alemã nascida na decada de 30 e que combateu na Espanha (Legião Condor) e na II Guerra Mundial. Pelo que posso entender o trabalho so Sr. Douhet é bastante válido mas pecava no que diz respeito a utilização e importancia das forças de caças como elementos integrados de ataque (caça livre em busca da superioridade aérea) e defesa (caça livre em busca… Read more »

Otus scops

ao Poder Aéreo

quem será este meu conterrâneo, professor de uma universidade medíocre que foi compulsivamente encerrada por ordem ministerial em 2007???

Capitein Kirk

Baseado nas teorias de Douhet, alguem se habilita listar em ordem crescente, as cinco principais fôrças aéreas da América do Sul???

Junior (SC)

Cheguei em casa agora a pouco e cansado, pensei, hoje não dever ter matéria relevante no PA, mordi a lingua.
Parabéns Galante e PA, superasse de novo.