‘Lobby’ pode atrapalhar vendas do Super Tucano para a USAF

AT-6B_Concept_Desert

vinheta-clippingAtribulada pela forte queda das vendas de jatos para empresas e pequenos aviões, a fabricante americana de aeronaves Hawker Beechcraft Corp. está tentando ir atrás do único consumidor que ainda está gastando: o governo dos Estados Unidos.

A Hawker, uma das mais antigas empresas de aviação dos EUA, embarcou num agressivo esforço para expandir seus negócios de aviões militares na esperança de aumentar seus contratos com as forças armadas americanas e de outros países. Numa feira da Associação Nacional da Aviação Empresarial dos EUA em Orlando no mês passado, o presidente da Hawker, Bill Boisture, chegou a vestir um uniforme militar para falar sobre os programas militares da companhia.

“Estamos planejando aguentar uma fase difícil no lado de novos jatinhos corporativos até 2012”, disse Boisture numa recente entrevista ao Wall Street Journal nesta cidade no centro dos EUA, “de modo que temos a sorte de ter o reforço propiciado pelos contratos” militares.

No trimestre encerrado em 27 de setembro, a Hawker, controlada em sociedade pelo banco Goldman Sachs Group Inc. e uma afiliada da firma de private-equity Onex Corp., divulgou prejuízo de US$ 684 milhões com faturamento de US$ 758 milhões. Seu negócio principal, a venda de jatos corporativos e aviões para uso geral, caiu para US$ 504 milhões depois de chegar a US$ 604 milhões um ano antes. O único ponto positivo foi o faturamento na divisão de aviões de treinamento para uso militar, que subiu de US$ 77 milhões para US$ 170 milhões em um ano.

A Hawker está convencida de que suas vendas militares pode subir ainda mais. Ela forneceu ao Pentágono um modelo para treinamento básico de pilotos nos últimos oito anos e já exportou seus aviões para forças armadas em todo o mundo. Agora, está tentando expandir seus negócios militares com uma nova versão de um monomotor turboélice de alto desempenho, de dois lugares. A Hawker afirma que ele pode ser usado como avião de treinamento avançado ou ser armado como um avião de ataque para combater forças no solo.

Com a gigante do setor de defesa Lockheed Martin Corp., a Hawker Beechcraft planeja formalizar uma oferta para um contrato de fornecimento de 100 desses aviões para a Força Aérea, assim como um contrato para fornecer até 20 para a divisão de aeronáutica do exército afegão.

A Força Aérea só deve concluir a licitação no ano que vem. A Empresa Brasileira de Aeronáutica SA, de São José dos Campos, SP, também poderia fazer uma oferta.

Em novembro de 2008, a Hawker, trabalhando com a L-3 Communications Holdings Inc., conseguiu um contrato para vender 29 de seus turboélices King Air configurados como aviões de vigilância para fins militares.

A estratégia da companhia coincide com o interesse do Pentágono em adquirir sistemas bélicos mais baratos para as guerras modernas. A sede das forças armadas americanas está evitando programas caros como aviões de caça e sistemas de mísseis de efesa em favor de alternativas mais baratas que pode ser usadas rapidamente em lugares como o Afeganistão.

Essa estratégia abriu oportunidades para outras empresas industriais que querem usar vendas para o Pentágono para compensar o enfraquecimento dos negócios comerciais.

Mas é improvável que contratos militares compensem a queda nos negócios de aviação geral da Hawker. Concorrentes dela como a Cessna Aircraft Co., da Textron Inc., e a Learjet, da Bombardier Inc., também foram assoladas pela queda do mercado e demitiram milhares de empregados e reduziram a produção.

A própria Hawker já anunciou 2.800 demissões e o fechamento de uma fábrica nos EUA. Em suas vastas instalações aqui, algumas das linhas de montagem de jatinhos estão ociosas, enquanto a produção de seus modelos turboélice Baron e Bonanza foi cortada pela metade, segundo uma pessoa a par dos detalhes.

Mas pelo menos um prédio está em plena atividade, com trabalhadores construindo variações do avião de treinamento militar básico T-6. A Hawker já fez quase 570 deles desde que as Forças Aéreas o escolheram como seu novo avião de treinamento básico de pilotos em 2001. Desde então, a Marinha dos EUA e forças armadas em Israel, Grécia, Marrocos e Iraque já compraram variações do avião.

Se vencer a licitação da Força Aérea, a companhia vai usar o contrato como um colchão para o que especialistas do setor acreditam que será uma lenta recuperação da indústria de aviação geral que só ganhará tração a partir de 2012.

FONTE: The Wallstreet Journal, via Notimp

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ferreiraely

No caso da Força Aérea dos EUA, há dificuldade de entrada de empresas estrangeiras no mercado militar no país. No ano passado, a europeia EADS venceu a Boeing em disputa para fornecer aviões-tanque à Aeronáutica. Mas a concorrência foi cancelada após protestos de congressistas.

não acredito nessa possibilidade de vendermos super tucanos para os yankes ,,so se fosse venda casada com o vespão ..

RodrigoMF

A EMBRAER possui fábrica nos EUA, se for o caso eles serão montados lá.

motta_eiras

O beech ainda está no papel. E os EUA estão perdendo espaço com o Brasil a compra dos ST melhoraria as relações comerciais já q o Brasil tá indo as compras.

Sds

Francisco AMX

Repararam na ilustração? ele carrega 2 helfires… poderia carregar 4… já pensaram numa versão anti-tanque do A-29 com um pod designador laser e 8 Helfires? que show!

casag

Francisco AMX,

Além dos Hellfires, um lançador de foguetes, duas bombas guiadas e tanques externos.
Dá prá saber que bombas são?
Será que o avião leva tudo isto mesmo?

Hornet

Embora eu torça para que a Embraer consiga vender os 100 Super Tucanos para os EUA, creio ser uma missão bem difícil. Os jornais publicaram uma tal reunião de emergência que o Brasil (MRE) estaria fazendo com os EUA para tentar facilitar esse negócio, já faz mais de meses, mas depois não houve mais nenhuma informação e a “emergência”, pelo visto, não era tão emergencial assim…hehehe Já sobre a relação que essa suposta venda de Super Tucanos pudesse ter com o FX2 (Super Hornet), agora me parece claro que não existe relação nenhuma. A notícia do hiper-mega-super-ultra off-set da Boeing,… Read more »

Hornet

Em tempo: ainda sobre a relação da venda dos Super Tucanos com o FX2, na época o Jobim disse que não havia relação alguma.

Houve quem não acreditasse no Jobim, e jurasse de pé junto na frente do altar que o Super Tucano era moeda de troca para o Super Hornet no FX2, mas segundo as notícias posteriores, o Jobim estava certo e os demais estavam errados.

abraços a todos

Ivan

Francisco AMX em 30 nov, 2009 às 12:53 “Repararam na ilustração? ele carrega 2 helfires… poderia carregar 4…já pensaram numa versão anti-tanque do A-29 com um pod designador laser e 8 Helfires? que show!” Chicão, Seria um casulo desinador Litening no pilone central, dois tanques de combustível nos pilones internos das asas e 2 + 2 mísseis tipo Hellfire nos pilones externos. Pode ainda, para surtidas curtas, usar configuração full de 8 mísseis. Quanto aos mísseis eu gostaria muito que pudéssemos ‘adotar’ o projeto do MOKOPA da África do Sul, guiado a laser, 10 km de alcance e com possibilidade… Read more »

Ivan

“Beechcraft joga duro…” Joga duro mesmo, tão duro que ‘viaja na maionese’. TRÊS pilones sob cada asa, todos com armamentos, inclusive diferentes, só com combustível interno e nenhum designador laser ou FLIR para identificar alvos ou feixe laser para lançar seus mísseis… Uma viajem para enganar congressista. As asas deste avião, que não é tão ‘parrudo’ quanto o SuperTucano dificilmente aguentaria três pilones tão pesados, a não ser que usassem pilones leves, para um míssel Hellfire cada. Combustível, aonde ele vai levar combustível para ficar no ar tempo suficiente para despejar toda a bagagem? Designadores? O avião está cego… Eles… Read more »

Ivan

Vender Super Tucano para ÚSA? No Way. Sem chance. Quanto à uma permuta de Super Tucano por Super Hornet seria um negócio muito interessante para os dois lados, estreitanto os laços de suas forças armadas, permitindo ao Brasil aprender com quem tem mais experiência operacional com alta tecnologia no mundo, além de criar um canal de vendas para o maior mercado militar do planeta, sem risco de ter seus produtos copiados. Mas não me iludo, isto não vai acontecer agora. A linha da nossa atual administração é mostrar que é durona, não precisa dos ‘gringos’ e deixa o Marco Aurélio… Read more »

Bosco

Ivan,
mas nos pilones subalares mais internos parece ter um par de tanques.
E o designador de alvos está integrado à fuselagem na forma daquela cúpula no ventre do avião logo abaixo do piso do cockpit.
Essa carga constituída de 2 GBU-12, 2 Hellfires (?), 1 lançador LAU-59 (ou equivalente) para 7 foguetes de 70mm e 2 tanques de combustível não pesa muito, provavelmente menos de 3000 libras.
Um abraço meu caro.

Bosco

Eu particularmente não acho muito interessante esse tipo de avião para um país que tem vastos recursos como os EUA. Penso eu que helicópteros e UAVs armados (Predator, Reaper, etc) dão conta do recado, somado aos aviões artilhados como os AC130, bombardeiros pesados e a aviões de apoio tático como os A-10/OA-10. Na verdade esses aviões só serão interessantes tendo em vista a possível retirada de serviço dos A-10 e o não interesse por parte da USAF em ter um substituto específico para apoio tático/anti-tanque já que ela julga o F-35 apto a cumprir a missão no futuro. Um abraço… Read more »

RodrigoMF

Com a Boeing não existe Off-set para o ST, até porque ela tem um modelo concorrente para a concorrência da USAF. Se o Governo americano tem um off-set de ST ai já é outra coisa, mas é tão especulação quanto falar que não tem.

Bosco

Ivan,
também nesse esboço pode-se notar o sistema de alerta de aproximação de mísseis e o que parece ser as antenas receptoras do RWR.
Só não é visível nenhuma metralhadora ou canhão integrado às asas.
Ponto pro A-29.

Ivan

He he he, Bosco, vc tem razão.

É que para mim avião do concorrente é ‘inimigo’…
Boto defeito até onde não têm. Ka ka ka ka.

Mas que aquela asinha não aguenta 3 (três) pilones, aah não aguenta não…

Robson Br

A FAB sempre acertou em suas especificações. Seu pessoal da área tecnológica está de parabéns. Tem que ser sempre consultados.